A morte de um adolescente, chamado Craig Ellison, da cidade de Battle Creek, abalou a região. O garoto jogava basquete e namorava Nikki, a garota mais popular da escola, e por isso eram bem conhecidos. No local onde foi encontrado, havia indícios de que ele cometeu suicídio, suspeita que se sustentou ainda mais por haver boatos de que adolescentes estavam realizando cultos satânicos na cidade. Então, a suspeita é de os dois fatos poderiam ter relação.

Hannah Dexter era uma garota tímida e bem comum que estudava na mesma escola de Craig. Ela seguia com sua vida normalmente, até que dias após a morte do garoto, Lacey, uma outra adolescente da escola, começou a se aproximar dela. Então, as duas desenvolvem uma amizade um tanto perturbadora. Lacey é rebelde e independente, está à procura de alguém a quem moldar e tomar para si, até que enconta Hannah, que cumpe esse papel facilmente, aceitando até mesmo o apelido que a outra lhe dá; então, passa a ser chamada de “Dex”. Lacey e Nikki têm um passado em comum, que Dex desconhecia, e mal sabe ela que isso mudará seu futuro para sempre.

A amizade das garotas era bem tóxica, Lacey fazia o que queria com Dex, a tratava como um ser inferior e que deveria agradecer por ter sua amizade. Isso me irritou profundamente, pois Dex parecia não conseguir pensar por si própria, não conseguia existir sem Lacey ao seu lado. À medida que conhecemos as garotas, é possível entender um pouco sobre seu comportamento, principalmente o de Lacey, que tem muitos problemas com sua mãe irresponsável, seu padrasto extremamente controlador e um irmãozinho que ela desejava nunca ter nascido. Então, mesmo não sendo uma justificativa, é uma explicação por ela agir de tal forma. Mas Nikki não, não existe nada no mundo que pode explicar seu comportamento. Ela, com certeza, foi a personagem que mais me irritou. Ela era extremamente cruel, só por diversão, fazia fofocas que iam muito além de maldosas, só para ver o quanto a pessoa conseguia aguentar até chegar ao fundo do poço. São três pessoas completamente diferentes, que juntas, criaram uma “amizade” obsessiva, onde uma queria possuir a outra, enganando e fazendo mal mutuamente.

Os capítulos são, na maioria, intercalados entre as narrativas de Lacey e Dex. Nos capítulos narrados por Dex, ela está falando com o leitor. Já nos capítulos narrados por Lacey, ela está falando para Dex, confessando seus segredos, tentando se justificar à sua maneira. Também existem alguns capítulos narrados em terceira pessoa, então o livro é bem completo em questão de narrativa, cheio de pontos de vista e explicações. Só que em certo momento, isso acaba se tornando cansativo, existe muita informação e pouca ação durante a leitura, o que tornou o livro maçante em algumas passagens.

Outro problema que tive não foi exatamente com livro, mas, sim, com o que está escrito na contracapa. Lá, é informado que três garotas vão para o bosque, mas apenas duas saem. Ao ler isso, imaginei uma coisa totalmente diferente: deduzi que logo no começo da história, isso iria acontecer e a leitura seria em torno disso, juntamente com a morte de Craig. Achei que haveriam investigações e questionamentos sobre o que houve no bosque, mas não é o que ocorre. Na verdade, esse momento do bosque só ocorre no final do livro. Acaba que o foco não é esse, e, sim, detalhes sobre as vidas das adolescentes. Com isso, não houve um clímax, só a forma como elas se conheceram e chegaram nesse ponto. Acho que se essa informação não estivesse ali, o livro ganharia muito no quesito emoção.

Durante a leitura, é fácil descobrir quem foi a garota que não voltou do bosque, então não há nenhuma surpresa no livro, o que me deixou frustrada, pois estava esperando algo além do que estava escrito na contracapa. Então, se você tiver o interesse em ler, vá ciente do que te espera, uma boa história, mas sem surpresas.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Robin WASSERMAN cresceu na Filadélfia, mas hoje vive no Brooklyn. É autora best-seller de mais de dez romances para jovens adultos e dá aulas na Universidade de Southern New Hampshire. Seus textos já apareceram no The New York Times, Tin House, The Los Angeles Review of Books e diversas antologias de contos.
TRADUÇÃO: Elisa NAZARIAN
EDITORA: Fábrica 231
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 336


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