Certos tipos de vinhos, queijos, Tom Cruise e MISSÃO IMPOSSÍVEL são a prova viva de que, às vezes, o tempo melhora tudo. Estamos no sexto filme de uma das maiores franquias de ação do cinema, que ainda nem sentiu o cheiro do desgaste. Iniciada lá em 1996, já apresentou filmes divertidos, filmes ótimos e, agora, filmes sensacionais! Estamos na casa dos sensacionais para a nossa grande alegria!

Antes de começar, é importante avisar que é necessário ter assistido, no mínimo, o quinto filme da série: MISSÃO IMPOSSÍVEL: NAÇÃO SECRETA. Personagens e alguns ganchos desse capítulo serão necessários nesse novo filme, caso você não queria se perder em nenhum detalhe. Vamos lá!

Ethan Hunt está mais uma vez correndo contra o relógio. Depois de caçar e destruir a rede criminosa “O Sindicato”, Ethan e sua equipe precisam localizar uma maleta de plutônio que foi perdida num incidente na Europa. Uma seita de terroristas planeja uma série de ataques com esse material em cidades religiosas, principalmente de grande população. Precisando lidar com mafiosos, terroristas, burocratas e até com o governo britânico, o agente mais imprevisível do mundo vai precisar escolher entre completar a missão ou salvar sua equipe. Fazer o que é mandado ou o que é certo.

Christopher McQuarrie volta a assumir a direção e o roteiro, depois dos excelentes JACK REACHER e MISSÃO IMPOSSÍVEL 5. A expectativa era grande e, felizmente, foi superada. A trama é tudo, menos simples, mas é possível se manter dentro de todos os acontecimentos, desde que você preste total atenção. É um grande jogo de gato e rato, onde qualquer um pode ser um traidor e ter uma carta na manga. Quando você pensa que entendeu tudo, um novo acontecimento aparece e te dá uma rasteira. O roteiro trabalha muito bem a crise global envolvendo as democracias e, principalmente, a onda de terrorismo na Europa. Não é um vilão malvado querendo destruir o mundo, o plano faz sentido e, para o espectador, o infarto quase bate na porta quando somos jogados num labirinto de difícil conclusão. A beleza do texto está, sem dúvidas, naquele último segundo antes de tudo ir pelos ares, aquele gostinho de que foi por pouco. O caminho que nos entrega esse resultado não poderia ser mais excitante se não fosse por um roteiro poderosíssimo como este.

O que dizer da direção desse filme? Apenas que ela entrega uma das produções mais deslumbrantes que o cinema de ação já viu. Os efeitos visuais estão sensacionais e, em nenhum momento, você se questiona sobre a veracidade das lutas/destruições. A fotografia enaltece toda e qualquer paisagem aonde a ação vai. Destaque supremo para uma sequência onde dois helicópteros estão numa perseguição. As montanhas do norte da Índia enchem os olhos do espectador com uma beleza arrebatadora. A coreografia das lutas subiu de nível e, realmente, parece que todo mundo está caindo na porrada, em especial a sequência que se passa dentro de um banheiro. Vai fazer você pular da cadeira. A produção conta com mais de duas horas e vinte de duração, e a edição faz tudo isso passar voando pelos seus olhos. São tantas coisas acontecendo, tantas belezas e tanta perfeição, que poderíamos ficar no cinema pelo dobro do tempo sem nos cansarmos. A trilha sonora também merece destaque, comandada pela melodia clássica da franquia, já arrepia o público no primeiro acorde.

Mais à vontade que Tom Cruise, impossível. Ele está em casa e ama o que faz, seu personagem, ícone, emana energia e adrenalina. É sério, pensa rápido, carinhoso e, acima de tudo, conhece o peso dos seus atos. O ator é conhecido por sempre dispensar dublês e fazer ele mesmo as próprias cenas de ação, e agora, no auge dos seus 56 anos, ele parece não estar nem um pouco cansado. A produção até foi interrompida por semanas depois de um acidente com Tom em uma cena perigosa, mas nem isso o intimidou. Ele se recuperou e voltou com tudo para mais ação e correria. O brutamonte Henry Cavill é a nova inclusão do elenco. O nosso querido Superman, vive um agente que precisa ficar de olho em Ethan, recuperar o material radioativo e marcar presença. No final, ele acaba se saindo muito bem na ação e consegue construir um bom entrosamento com Tom. O atrito entre ambos é o deleite do espectador.

Rebecca Ferguson chegou arrasando na franquia no filme anterior e, nesse meio tempo, encantou com uma grande personagem no musical O REI DO SHOW. A atriz mostra mais uma vez que tem o seu espaço no roteiro e que não vai fazer feio. Sua mini trama acaba se misturando com Ethan e sua equipe, mas nada fica jogado ao relento. Misteriosa, poderosa e independente, grande atriz e personagem. Simon Pegg e Ving Rhames trazem a leveza que faltava no elenco; um na parte técnica e o outro na parte administrativa, respectivamente, da equipe. Sean Harris mal abre a boca e, mesmo assim, consegue ser intimidador na pele do líder dos terroristas; e Michelle Monaghan faz uma agradável e tocante participação no ato final da produção, vivendo a ex-esposa de Ethan.

De presente, ainda temos ótimas participações dos veteranos Alec Baldwin e Angela Bassett no comando de agências poderosas. Talvez a única coisa confusa do filme seja seu título em inglês, que para quem não sabe, remete a explosões radioativas. De resto, tudo vai se encaixar até os créditos subirem. Talvez o melhor filme de ação desde MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA, e um dos filmes mais bonitos do ano. Já estamos esperando recordes, prêmios e continuações. Uma franquia maravilhosa como essa não pode ter fim. Corra para o cinema!


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Christopher MCQUARRIE
DISTRIBUIÇÃO: Paramount Pictures
DURAÇÃO: 2 horas e 28 minutos
ELENCO: Tom CRUISE, Rebecca FERGUSON, Henry CAVILL, Simon PEGG, Ving RHAMES, Vanessa KIRBY, Angela BASSETT, Alec BALDWIN