Quando perdemos pessoas que não são tão próximas, sentimos um pouco a perda; quando um cantor, ator, que admiramos, falece, nós também sentimos a sua perda, pois sabemos que não vamos conseguir escutar algo novo ou assistir ao filme com aquele ator novamente. Agora, quando amigos próximos, ou melhores amigos, falecem, realmente sentimos uma dor inexplicável. Pode ficar ainda pior, quando a família de um desses amigos lhe acusa de ser o culpado pela morte de todos eles, e, ainda por cima, ter que ouvir a irmã gêmea de um deles, dizer que você jamais sentirá a mesma dor que ela. Como você se sentiria ao passar por tudo isso?

Carver Briggs passa, depois que seus quatro melhores amigos morreram em um terrível acidente de carro, e algumas pessoas o culpam, pois Mars, que estava dirigindo, respondia uma mensagem que Carver enviou antes do acidente acontecer, uma vez que encontraram o celular de Mars com uma resposta incompleta. Realmente ele é culpado por isso, sendo que ele não estava junto? Ele deveria ter pensando antes de enviar a mensagem? Essas são perguntas que passam por sua cabeça durante a investigação do caso.

Enquanto lia DIAS DE DESPEDIDA, percebi que ele se encaixa um pouco com a nossa realidade. Tecnologia. Carros. Trânsito. Direção. Velocidade. Falta de atenção. Somando todas essas palavras, temos a nossa vida atual, onde motoristas usam o celular enquanto dirigem e deixam de ter atenção na estrada, o que deveria ser o principal foco deles. Muitas pessoas, quando estão dirigindo, respondem mensagens ou gravam vídeos, seja indo em uma viagem, para o trabalho, para casa, para a faculdade… Muitos desses motoristas atrapalham o trânsito, ou pior, provocam graves acidentes por uma simples coisa: Internet.

Nesse meio em que pessoas julgam e culpam Carver, a vó de Blake faz um pedido: ela deseja passar um dia fazendo todas as coisas que ela fazia todos os sábados com seu neto, para se despedir da forma certa do seu menino. Carver, no início, não entende o porquê, mas depois de falar com seu psicólogo, acata ao pedido e passa um dia extraordinário com a senhora. Aí,  ele realmente compreende como ela se sente e como o neto faz falta. Mas ao contrário da avó de Blake, a família de Mars, não deixa que Carver se sinta tão acolhio e calmo para se despedir dos amigos.

A premissa se desenrola de maneira fácil, sem correrias, sobre os fatos e acontecimentos. Na verdade, no decorrer da história, eu realmente me senti dentro do livro, sabem? Tudo me envolveu tanto, que me vi participando da despedida de todos eles, em seus momentos. Quando se juntam famílias e amigos, sempre acabam descobrindo coisas que não sabiam sobre esses entes queridos que se foram. Muito choro, lamentações pela perda de pessoas tão jovens, que poderiam ter uma vida tão bela pela frente, e tudo isso, me fez refletir em como a nossa própria vida é frágil e rápida. As famílias se envolvem de uma maneira tão forte, que chorei em vários momentos.

A escrita do autor deixa tudo simples, mas, ao mesmo tempo, forte, com declarações inesperadas que possuem um alto teor emocional. Não esperem uma leitura engraçada, peguem esse livro para ler sabendo que fortes emoções virão. Vocês descobrirão que, para chegar na aceitação da perda, é um longo caminho a ser percorrido, mas que pode se tornar ainda pior quando existem pessoas que podem fazer de tudo para te colocar ainda mais para baixo, fazendo você se sentir tão mal, que não você precisará de muito mais força para viver com toda essa montanha-russa ao seu redor.

DIAS DE DESPEDIDA nos faz refletir em como a nossa vida pode ser facilmente tirada. Um dia estamos felizes e no outro podemos morrer em um trágico acidente, por culpa nossa ou por conta de um erro ou descuido de outra pessoa. O livro nos mostra que existem pessoas dispostas a te fazerem feliz e a te ajudarem em momentos ruins, e que também existem pessoas que fazem de tudo para te machucar, porque assim elas acham que poderão se sentir melhor. Mas, no fim, descobrem que nem assim elas conseguem a felicidade que tanto precisam para continuar vivendo.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Jeff ZENTNER começou escrevendo músicas. Cantor e guitarrista, já gravou com Iggy Pop, Nick Cave e Debbie Harry. Passou a se interessar pela literatura jovem adulta depois de trabalhar como voluntário em acampamentos de rock no Tennessee. Morou no Brasil por dois anos, na região da Amazônia, e hoje vive em Nashville com a esposa e o filho.
TRADUÇÃO: Guilherme MIRANDA
EDITORA: Seguinte
PUBLICAÇÃO: 2017
PÁGINAS: 392


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