Esta resenha foi escrita lá no fim de 2016, mas com a estréia do filme baseado no livro, resolvi recuperar o texto e republicar. Eu comecei a ler PARA TODOS OS GAROTOS QUE JÁ AMEI de forma despretenciosa, mais por curiosidade, uma vez que não é o meu gênero favorito, mas sei que é o de muitas das leitoras do blog. Não imaginei que fosse gostar tanto.

A primeira coisa que quero dizer, é que todos os personagens me cativaram: Lara Jean, a narradora da história, com a ingenuidade própria da idade e a insegurança pela falta de uma referência materna; Margot, a mais velha, que assume, naturalmente, o lugar da mãe perante as duas irmãs mais novas; Kitty, sempre provocativa, enfezada, carente; Josh, o menino da porta ao lado por quem todas são apaixonadas; e Peter, a surpresa do livro, o garoto que conquista aos poucos, sem deixar notar.

Lara escreveu cartas para ela mesma sobre cinco garotos por quem já se apaixonou, mas eles nunca souberam disso. Nessas cartas, ela colocou todos os sentimentos, o que achava de cada um deles, coisas pessoas e sem aquele medo de ser julgada ou rejeitada. Mas, um dia, essas cinco cartas são descobertas por alguém e enviadas. Então, a vida de Lara vira de cabeça para baixo. Antes de ler o livro, achei que a história iria girar em torno das confusões que as referidas cartas causariam na vida de Lara, mas, na verdade, apenas duas tem alguma importância. Entretanto, não fiquei desapontado, pelo contrário, uma vez que o relacionamento da personagem com os dois destinatários é mais explorado, sem pressa.

Uma coisa me irritou bastante: a constante referência à Margot. Ela viajou para a faculdade na Escócia, mas tudo o que Lara Jean fazia, ela descrevia o que Margot pensaria, faria ou diria. Isso é tão constante no livro, até pelo menos metade da história, que chegou a incomodar bastante. Mas exatamente por essa insistência da autora, fiquei na esperança de ser proposital. E, felizmente, realmente era. No fim do livro, é dada a explicação, que é perfeitamente convincente e até emocionante.

A história em si não tem nada de especial, e nem acontece algo que não seja a rotina de jovens nos dias escolares. Isso porque o livro é sobre os personagens, e a autora soube explorar as relações de forma sensível e interessante, prendendo a leitura o tempo todo. O centro da trama é entre Lara Jean, Josh e Peter. Principalmente com Peter. Pela primeira vez, li sobre um personagem estereotipado, o eterno atleta bonitão da escola, que é algo mais do que um convencido e boçal. A autora soube dar personalidade e sentimento a um gênero que é sempre igual. E é interessante acompanhar o sentimento surgir entre Lara Jean e Peter pelas pequenas atitudes de companheirismo e carinho.

Kitty e Margot têm a sua importância: a primeira, pela necessidade de atenção e de ser cuidada; a segunda, por ter sido a cabeça da família ao lado do pai e agora ter se afastado. Lara Jean e Kitty, cada uma à sua maneira, sofrem uma nova perda maternal, já que a mãe havia morrido anos atrás, e foi Margot quem ficou no seu lugar.

PARA TODOS OS GAROTOS QUE JÁ AMEI é um romance simples, jovem, sensível, sobre amadurecimento. É daqueles livros que deixam um suspiro após a leitura e um desejo de viver.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Jenny HAN nasceu na Virgínia, Estados Unidos, e cursou mestrado em escrita criativa pela New School. Sabe fazer um brownie perfeito, é ótima em inventar apelidos e tem paixão por livros de receitas. Sua série de TV preferida é Buffy – a caça-vampiros. Mora no Brooklyn, em Nova York.
TRADUÇÃO: Regiane WINARSKI
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2016
PÁGINAS: 320


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