Esta é a primeira produção totalmente brasileira da Netflix. Teve um episódio piloto gravado em 2011 e lançado no YouTube em três partes, mas foi rejeitado por algumas emissoras, até que em 2016, enfim, foi lançada uma temporada completa pela Netflix. É uma série de ficção-científica, e sem surpresa, é bem fácil reconhecer elementos semelhantes a outras histórias com uma pegada de distopia: faces diferentes em uma mesma sociedade, uma com muita desigualdade e outra que promete uma vida perfeita.

A história vai se passar em um futuro, onde o planeta é um lugar devastado e em um lugar do Brasil. A população é dividida territorialmente e socialmente. O Continente é onde a maioria da população vive de uma maneira muito precária, com poucos recursos e infraestrutura, em meio à sujeira e violência; já o Maralto, é uma região bastante próspera, segura e onde se concentram as tecnologias e o poder.

A porta de entrada para o Maralto é uma seleção entre jovens, onde somente 3% deles é considerado apto a usufruir do lugar. Processo é o nome dado a essa seleção. Cada cidadão tem uma única chance de passar, aos 20 anos de idade, submetendo-se a diversas provas, físicas e de raciocínio, individuais ou em grupo.

Ezequiel (João Miguel) é o rosto por trás do Processo, e junto a alguns outros colaboradores, o primeiro contato dos participantes – excluindo os guardas que mantêm a “ordem” no Continente – com a população do Maralto. Aline (Viviane Porto) é outra personagem bastante importante, deixando bem clara a briga por poder existente entre a chefia.

Há uma grande quantidade de jovens que, cada qual com um objetivo diferente, tentam de todas as formas passar pelas provas e conseguir algo a mais. Porém os mais relevantes na história são: Michele (Bianca Comparato), a princípio querendo somente melhorar de vida, mas motivada por algo não muito claro, é uma das peças principais no desenrolar da história; Rafael (Rodolfo Valente), é um participante, digamos que um pouco suspeito, utilizando-se de métodos não muito justos para se dar bem; Fernando (Michel Gomes), é deficiente físico, tenta a todo momento mostrar que pode tanto quanto os outros, além de sonhar com uma possível cura pela medicina avançada do Maralto; Joana (Vaneza Oliveira), não muito sociável, mas bastante inteligente, vê na competição uma forma de fugir do passado.

Por mais que preguem um discurso de merecimento – bem convincente para alguns – e que o reconhecimento dado aos aprovados é o suficiente para ser feliz, a verdade não é feita só de flores. No Maralto também há renúncias, e a pressão para ser melhor, traz graves consequências e atitudes inesperadas de quem deveria dar o exemplo.

Embora haja representantes de ambos os lados, não há um aprofundamento no que é o Continente e suas misérias, nem na maravilha planejada do Maralto, eles estão em território neutro até seus destinos serem traçados para sempre de um lado ou de outro. Somente na segunda temporada, depois de diversos acontecimentos, é que se tem essas visões, bem como a origem dessa divisão.

Apesar de serem todos artistas brasileiros, nem todos os rostos são familiares. Teve, sim, uma sintonia entre os atores, mesmo interpretando personagens bem mais jovens. Talvez o sucesso inicial em outros países, tenha sido por causa de um certo receio dos próprios brasileiros, mas a popularidade acabou crescendo com o tempo. Atualmente com duas temporadas, foi renovada para a terceira em 2019.


AVALIAÇÃO:


CANAL: Netflix
TEMPORADAS: 2
EPISÓDIOS: 18
GÊNERO: Drama/Ação/Ficção-científica
DURAÇÃO: 49 minutos
ANO LANÇAMENTO: 2016