O livro OS QUASE COMPLETOS conta três histórias: o Quase Doutor, que é um renomado cardiologista, mas que seu sonho na verdade sempre foi ser um artista; o Quase Repórter, que tem o sonho de ser colunista e poder expressar suas opiniões sem ser repreendido e que continua tentando entender o suicídio da esposa; e por fim, temos a Quase Viúva, que está de licença no trabalho para ficar no hospital com o noivo, em coma, depois de sofrer um grave acidente. Um dia, esperando para pegar o ônibus para ir ao hospital realizar uma cirurgia, o Quase Doutor encontra um senhor que o convence a entrar com ele em um ônibus desconhecido. Indo contra tudo o que sempre havia feito até ali, ele segue o senhor, sem saber qual seria seu destino. E sem imaginar o quanto aquela simples decisão mudaria o curso da sua vida.

O que o Quase Doutor encontra quando o ônibus para, parece surreal, afinal, no lugar onde ele está, tudo é lindo. A casa da sua avó se tornou o tão sonhado hotel, repleto de pinturas que ele fez quando ainda era menino. Seus pais se amam e todos as brigas que ele presenciou parecem nunca ter acontecido, e Cila é apenas uma grande amiga e não mais sua noiva. Nesse mundo, chamando O Oitavo Reino, ele vê sua vida da forma que ele sempre sonhou.

A Quase Viúva passa os dias no hospital acompanhando seu noivo e esperando que ele acorde do coma, causado por um grave acidente semanas antes de seu casamento. Verônica está sofrendo tanto com toda a situação de Otávio, que desconta toda a sua raiva em si mesma e nas pessoas a sua volta. Sem aviso prévio, Otávio passa a dividir o quarto do hospital com um senhor, que começa a dizer coisas estranhas para Verônica. Mesmo não sabendo nada de sua vida, ele começa a dar palpites sobre o que ela deve ou não fazer quando Otávio acordar.

Os três personagens enfrentam dilemas existenciais, o que nos permite ver inúmeras possibilidades e alternativas diante de cada um de nós.

O Quase Repórter, depois de escrever uma reportagem em que questiona os serviços da polícia, recebe em sua sala uma amiga policial e lhe conta o que aconteceu com o caso da sua esposa. Apesar de terem dito que foi suicídio, Victor nunca se convenceu disso e com ajuda dessa sua amiga, que lhe entregou fotos da perícia, tudo indica que o caso deveria ter sido tratado como um homicídio. Ele começa a tentar juntar as pontas soltas para conseguir descobrir a verdade sobre o caso da sua mulher.

Os três personagens enfrentam dilemas existenciais, o que nos permite ver inúmeras possibilidades e alternativas diante de cada um de nós. O foco principal é na jornada do Quase Doutor, uma vez que, dentre os três, ele é repleto de “quases”. Ele tem dúvidas sobre sua profissão, sobre seus amores. Sua vida inteira é um “quase”. Presenciar cada uma das suas dúvidas e inseguranças e ver como ele lida com isso, fez com que eu me pegasse pensando em quantos “quases” existem na minha vida.

É impossível terminar a leitura sem pensar em como estamos levando nossas vidas.

Dentre as três histórias, acabei me envolvendo mais com a do Quase Repórter e com a do o Quase Doutor. Quando chegavam os capítulos da Quase Viúva, a leitura se tornava arrastada e eu torcia para acabar logo. Verônica, pelo menos no início, não me cativou. Tudo o que ela fazia era se lamentar, ter crises de raiva e depois se repreender por isso. Apesar de não gostar da personagem, gostei do Doutor Carlos, médico de Otávio e personagem com quem Verônica acaba fazendo amizade. Em vários momentos, ele a conforta e tenta tornar a situação, como um todo, menos terrível.

O livro é muito bem desenvolvido, com personagens reais e cheios de questionamentos. É impossível terminar a leitura sem pensar em como estamos levando nossas vidas. Até que ponto estamos deixando nossos sonhos de lado e seguindo o que os outros querem ou apenas seguindo em frente?

A ideia desse livro é incrível, e é fascinante ver como Felippe conseguiu construir esses personagens e suas jornadas individuais. O unico ponto negativo é que, em alguns momentos, não havia necessidade de tanta descrição, ele poderia ter deixado a leitura mais dinâmica.

Para aqueles que decidirem ler o livro, tenham a mente aberta, preparem-se para uma jornada fantástica que pode não só te levar para uma boa leitura, mas também pode te ajudar a ter um auto-conhecimento maior.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Felippe BARBOSA foi vencedor do Prêmio Pólen de Literatura, nasceu em 1996 em Uberlândia, Minas Gerais, onde mora até hoje. Ele se formou em Direito em 2017, e desde 2016 integra o canal do YouTube Toga Voadora.
EDITORA: Arqueiro
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 384


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