Você conhece alguém que cometeu suicídio? Ou que tem depressão? Síndrome do pânico? Ansiedade? Já ouviu alguém falar com frequência sobre se matar? O que você pensa quando ouve falar dessas pessoas? O que você diz para essas pessoas? O que você sente por elas? Depressão, assim como as outras patologias psicológicas, não é frescura.

Depressão é coisa séria!

Depressão não é sobre estar triste em alguns momentos. Depressão é sobre se sentir sozinho, mesmo quando estamos rodeados de amigos. É perder o gosto pelas coisas que tanto gostávamos. É sobre se manter isolado num quarto, sem vontade de levantar da cama. É sobre se sentir sempre vazio. E em alguns casos, é sobre pensar em desistir de lutar e cogitar acabar de vez com tudo isso.

Depressão não é bonito e não deve ser romantizado.

Tentar cometer suicídio (ou conseguir fazê-lo), não torna a pessoa fraca. Pessoas com pensamentos suicidas não precisam do teu julgamento. Elas precisam de ajuda dos familiares, amigos e de profissionais.

O suicídio normalmente pode ser evitado.

As pessoas ao meu redor demoraram muito tempo para perceber que eu precisava de ajuda. Elas percebiam, é claro, que eu passava o dia todo trancada no quarto. Eles percebiam que havia algo de errado comigo, mas nunca souberam o que era. Eu cortei meus pulsos por meses antes que alguém sequer notasse. Eu usava moletom no verão, assim ninguém percebia os cortes nos meus braços.

Eu precisava de ajuda, mas nunca pedi. Foi somente um ano depois de tudo começar, que eu aceitei ajuda. Eu nunca tentei de fato me matar, mas já havia pesquisado sobre o assunto. E às vezes cogitava a ideia.

Certo dia, um dos meus melhores amigos disse uma das piores frases que poderia me dizer naquela época. Ele disse: “Para de cortar os pulsos e enfia logo uma faca no pescoço. Você não quer morrer? Corta o pescoço de uma vez”. Em outra ocasião, uma amiga chegou a dizer para o meu ex-namorado o seguinte: “Você teria gostado muito mais dela um tempo atrás. Ela era mais feliz, mais divertida”.

Eu pensava no suicídio quando falavam coisas assim. Quando não levavam a sério o quanto aquilo tudo estava me matando lentamente.

Devo ter perdido a conta de quantas vezes me perguntaram o motivo dos cortes nos meus braços. Todas as vezes eu dizia a mesma coisa. Eu estava tão destruída mentalmente, que a dor física me fazia esquecer o quanto eu estava machucada por dentro. Acho que ninguém nunca conseguiu entender isso direito.

Precisei de tratamento psicológico e psiquiátrico para melhorar. Eu tinha quatorze anos quando isso começou. Iniciei meu tratamento com quinze anos. Esse ano faz três anos que eu superei a depressão.

Suicídios não ocorrem do dia pra noite. Eles podem ser evitados na maior parte das vezes. É preciso conversar e cuidar de pessoas com pensamentos que põem em risco suas vidas. É preciso se preocupar com elas e não tratá-las como loucas, fracas ou incapazes. Tudo o que precisamos é de apoio, cuidado e carinho. Tudo o que precisamos é de atenção e tratamento adequado.

Só não julgue essas pessoas.

Por favor, não nos julgue.

Ajude-nos.

SETEMBRO AMARELO é uma campanha de prevenção do suicídio, uma iniciativa do CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA (CVV), do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM) e da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA (ABP). Segundo a ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE PSIQUIATRIA, a cor da campanha foi adotada porque, em 1994, um jovem americano, de 17 anos de idade, tirou a própria vida dirigindo seu carro de cor amarela. Os familiares distribuíram, no funeral, cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero.

Se precisar, procure ajuda: setembroamarelo.org.br