Clay Riddell está voltando para casa após finalmente conseguir vender seus desenhos. Para comemorar a conquista, decide tomar um sorvete e, na fila, ele presencia a cidade virar de ponta cabeça. Cenas perturbadoras surgem à sua volta: um homem morde a orelha de um cachorro, pessoas se atacam até se matarem, carros se chocam, pessoas se jogam de prédios, além de explosões e mais explosões que tomam conta e destroem a cidade de Boston.

Confuso e aterrorizado, ele sai em busca de proteção e, nessa fuga, se depara com Tom, um homem prestes a ser morto. Clay consegue salvá-lo e, assim, os dois decidem seguir juntos. Logo em seguida, encontram Alice, uma adolescente, de apenas 15 anos, que quase foi morta pela própria mãe. Os três chegam à conclusão de que todo o horror na cidade foi gerado a partir do sinal dos celulares. Quem atende fica maluco, uma parte se mata e a outra tenta matar os outros. Os três tentam descobrir o que está acontecendo, enquanto lutam para sobreviver. Além disso, Clay deseja saber se seu filho e sua ex-esposa estão bem, mas sem os celulares é difícil saber. Com isso, ele terá que encontrá-los em meio a todo o cenário de pânico.

Nessa obra, Stephen King nos mostra mais um belo lado de sua escrita. Como em outros livros, ele mostra que é capaz de explorar qualquer coisa e transformar em terror. Neste caso, foram os celulares. Num mundo de tecnologia, grande parte da população tem acesso a eles e nada melhor para causar um pânico geral. Na história, quem atende o celular tem a mente apagada, e o que vem no lugar é o comportamento mais violento e inconsequente possível. Contudo, o livro não é tão assustador, mas, sim, muito sangrento, e a dúvida sobre o que aconteceu e o que pode acontecer, prende o leitor até o final.

O final é imprevisível, sempre fico com um pé atrás, pois sei que o autor não tem dó de matar personagens e inovar em seus desfechos.

Os personagens principais são bem delineados, então logo criamos empatia por eles. São pessoas determinadas que, obviamente, estão com medo do que o mundo se tornou, mas, ainda assim, a esperança de sobreviver é maior. Alice é o maior exemplo disso, uma garota de apenas 15 anos, vivendo nessa maluquice onde não tem expectativa de encontrar seu pai e já sabe que sua mãe está morta. Ainda quer ajudar o grupo a tentar descobrir o que aconteceu e, quem sabe, poder reverter a situação. Ao contrário de Alice, Clay ainda tem esperança de encontrar a família e, por mais que a chance de que isso aconteça seja minúscula, ele vai tentar até o final, mesmo que tenha que fazer isso sozinho. Ao longo do caminho, eles se deparam com outros personagens muito interessantes: Jordan é um deles. Ele é um garoto muito inteligente e corajoso, que entende bastante de computadores e que ajudará muito o grupo em sua jornada.

Os “zumbis” retratados no livro são diferentes dos convencionais, então receberam outro nome: fonáticos. Eles são rápidos, não comem cérebros e conforme “evoluem”, começam a pensar e agir de forma diferente, sem aquela agressividade do começo de tudo. Portanto, todo aquele caos do primeiro momento, cessa ao decorrer dos dias e outras coisas estranhas começam a acontecer. King conseguiu fazer uma releitura de um ser muito conhecido da ficção e tornou a leitura bem dinâmica, visto que os fonáticos, a cada momento, mudam de atitude. Isso os torna imprevisíveis, fazendo com que as pessoas normais tenham dificuldades em traçar planos que realmente funcionem e, enfim, consigam se salvar.

O final é imprevisível, sempre fico com um pé atrás, pois sei que o autor não tem dó de matar personagens e inovar em seus desfechos. É sempre uma grande surpresa os encerramentos das obras de King, mas posso dizer que este me agradou e terminou no momento certo. Se você é daqueles que costumam ler a última página antes de iniciar a leitura, recomendo que não faça isso, pois pode pegar um spoiler dos grandes! Indico principalmente para quem gosta de ficção fantástica e ainda não leu nada do autor.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Stephen KING é autor de mais de cinquenta livros best-sellers no mundo inteiro. Os mais recentes incluem Revival, Mr. Mercedes, Escuridão total sem estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy), Doutor Sono, Joyland, Sob a redoma (que virou uma série de sucesso na TV ) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 na lista do New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da Organização International Thriller Writers). Em 2003, King recebeu a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation e, em 2007, foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos.
TRADUÇÃO: Fabiano MORAIS
EDITORA: Suma
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 384


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