Já conhecendo SONATA EM PUNK ROCK (resenha aqui), da Babi Dewet, consegui matar a saudade que estava dessa lindeza de escrita em ALLEGRO EM HIP-HOP. Eu, definitivamente, achei algo bem mais impressionante que o primeiro livro. Não sei se foi porque me identifiquei bastante com a Camila, personagem principal, mas achei que a Babi deu uma evolução na escrita. E com essa evolução, ela trouxe algo que muita, mas muita, gente tem: ansiedade.

Na história, Camila Takahashi é uma bailarina, mas não uma qualquer, ela é a melhor do Margareth Vilela, e isso faz com que ela tenha muita pressão sobre si. Uma garota que nunca aproveitou muito sua adolescência, por sempre ter que ser a melhor em tudo. Mila sempre conseguiu aguentar toda essa pressão, até que os sintomas de que seu corpo não está bem, começam a aparecer.

Lembrando que, se você percebe que tem algo de errado com seu corpo, procure ajuda, não tente achar que vai passar sozinho, não vai. Alguns sintomas da Mila, são: insegurança, angustia, preocupação exagerada, dificuldade para dormir, sensação de que algo ruim vai acontecer constantemente, tonturas, desmaio e queimação no estomago.

Mila é tão forte que, se fosse eu no lugar dela, já teria desistido e me escondido debaixo das cobertas, mesmo no começo, quando ela é mais ingênua. A nossa garota evolui bastante quando ela começa a ver que não deve mais aturar certas brincadeiras sobre seu perfil físico. Outro ponto que a autora acertou.

Voltando, isso que a nossa protagonista sente, não acontece muito quando ela está com Vitor, que, gente, é um amor de garoto, sério, onde vende?

Okay, acredito que a proposta do livro não era essa, de você, para melhorar, precisar de um namorado/homem para conseguir melhorar, mas, sim, de alguém que se preocupe com você. Acho até que foi por isso que a Babi não explorou o lado romântico logo de início, o que foi realmente ótimo, deu pra se apaixonar pelo personagem sem que ficasse algo fixo naquilo.

O romance entre a bailarina japonesa e o violinista ruivo é bem Young Adult, não é muito explorado esse lado sexual no livro, é uma leitura bem leve, algo que não vai te deixar de ressaca, mas provavelmente vai te tirar dela.

A Babi realmente sabe fazer personagens cativantes, e um deles que me conquistou, foi a Clara. Nunca vi uma personagem secundária mais maravilhosa. Sério, imaginem uma garota com a cabeça raspada, feminista, livre, que adora sair, beijar, curtir, filha de duas mulheres, e que, simplesmente, fala as verdades na cara de quem quer que seja. Gente, eu não sabia lidar com essa garota, realmente foi um dos presentes desse livro.

Acredito que o foco da história é fazer que o leitor se identifique, que tenha empatia, que veja que o mundo não gira em torno de si mesmo, que saiba respeitar as diversidades, e que nunca julgue o próximo por supostamente ser perfeito o tempo todo, ninguém é.

Foi uma leitura emocionante, e eu me vi como a Mila, eu senti essa pressão pela qual ela passou, eu tive que lidar com isso, então acredito que a forma como você pensa sobre si mesmo, também ajuda. Nunca pense que você é menos do que você se vê, e você não vai ser sempre o melhor em tudo, mas isso não importa de verdade, porque você vai ser o seu melhor.

Obs: dá para matar saudade do meu Kim e da minha Tim!!!


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Babi DEWET nasceu dia 30 de dezembro de 1986, no Rio de janeiro. No início da adolescência, morou em Alto Paraíso (GO). É formada em Cinema e dona de uma escola com o projeto de reeducação para jovens. Se considera uma eterna adolescente, sempre em busca da Terra do Nunca. Leitora assídua, é apaixonada por cultura pop, literatura fantástica e bandas britânicas. Fã de carteirinha de fenômenos como Harry Potter e Crepúsculo, também adora os clássicos de Jane Austen e espera um dia conseguir criar personagens tão fortes como os do André Vianco.
Seu maior sonho era ser uma estrela do Rock, mas sem talento musical, encontrou nos livros sua verdadeira vocação.
EDITORA: Gutenberg
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 334


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