Bem estranho lembrar que antigamente os filmes infantis eram meio assustadores. Quem aí nunca teve medo de GREMLINS, CONVENÇÃO DAS BRUXAS ou dos Oompa-Loompas do clássico A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE? Todos ótimos filmes que marcaram época, traziam uma pitada de horror para os pequenos, e nunca ninguém morreu com isso né? E O MISTÉRIO DO RELÓGIO NA PAREDE vem com essa ideia e muitas outras, já dá para adiantar que a farofa tá bem gostosa, vamos lá!

Baseado no best-seller do mesmo título, a trama acompanha um menino chamado Lewis que acaba de perder seus pais num acidente de carro. Logo é acolhido por um tio extremamente alegre e muito misterioso. O tio tem uma amiga também misteriosa e, juntos, moram numa casa também bastante misteriosa. O mistério chega ao fim quando Lewis descobre que seu tio e a amiga são feiticeiros e que toda a casa é encantada. Querendo ser descolado, fazer amigos e ser importante, Lewis logo começa seu treinamento para também ser um feiticeiro na versão mini ao mesmo tempo em que seu tio e a amiga esperam uma grande maldição que está para chegar.

A trama é bem simples e amigável: um menino triste, magia e maldição, seria Harry Potter? Hoje, não, mas o roteiro é competente na criação de seus personagens e nas respectivas personalidades. O tio é alegre e sempre quer ajudar, mesmo que com isso faça muitas besteiras. Ele e sua amiga ficam se insultando a todo o momento e parecem até irmãos que vivem com uma básica rivalidade em todos os quesitos. Aliás, a amiga do tio tem um segredo muito forte e chocante, chega a ser até bem triste quando o espectador entende o motivo da moça não conseguir mais fazer magia, essa referência fica mais para os adultos e faz alusão com um importante fato ocorrido na Segunda Guerra Mundial.

O menino fica vendo, às vezes, o espirito da mãe que o manda fazer algumas coisas, e nem preciso dizer que isso vai dar merda. Na escola, ele não é popular e, infelizmente, só faz amizade com um menino interesseiro. Ao tentar impressionar esse menino interesseiro, Lewis acaba despertando um grande mal, que tem o desejo de acabar com a vida de todos. Que tal duas crianças sozinhas num cemitério à noite, munidas com um livro esquisito de feitiços, receita para o sucesso com certeza. O grande ápice da trama é bem água com açúcar e não tem nada de novo, mas, graças ao elenco carismático, a produção consegue se manter nos trilhos.

O grande Jack Black vive o tio engraçado. O ator, como sempre, dispensa elogios e consegue se encaixar em qualquer personagem sem ser repetitivo. E quem diria que teríamos a duas vezes premiada com o Oscar, rainha da Austrália e deusa do talento, Cate Blanchett, num filme como esse? E isso não passa de um presente para o espectador, a atriz nunca vai saber o que é desempenho ruim, já que até aqui ela consegue injetar muita presença, carisma e emoção na sua personagem na pele da amiga do tio. Ela é poderosa, marca presença e ainda carrega um triste fardo bem pesado, só por isso o filme já merece a nossa atenção. E o mini protagonista também faz bonito e entrega um personagem muito bacana e inteligente. Owen Vaccano vive um menino amante das palavras e que só deseja um amigo, o jovem mostra muito potencial no carisma e manda muito bem na hora do drama, quando ele começa a chorar o público morre junto.

Os efeitos visuais não são nada impressionantes, mas não prejudicam a produção. Merecem palmas a excelente construção de época que nos leva diretamente para os Estados Unidos nos anos 60 e o bonito figurino de todo o elenco. A direção ficou a cargo do também ator Eli Roth, mais conhecido por comandar trabalhos com muita ação e horror, como O ALBERGUE e DESEJO DE MATAR, e o diretor traz um pouco disso para seu novo trabalho. É um filme para toda a família, com bastante humor e um toque de horror, cheio de atores excelentes e uma trama bacana, o resultado é bem agradável, vale uma conferida.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Eli ROTH
DISTRIBUIÇÃO: Universal
DURAÇÃO: 1 hora e 46 minutos
ELENCO: Jack BLACK, Cate BLANCHETT, Owen VACCANO, Kyle MACLACHLAN