Atualmente está na moda adaptar para o cinema alguma obra da escritora Thalita Rebouças. O pavoroso É FADA, com a youtuber Kéfera, foi o primeiro, e ano passado tivemos o fraquíssimo FALA SÉRIO, MÃE, que mesmo com qualidade duvidosa, tinha um elenco talentoso. E agora temos TUDO POR UM POPSTAR, que comete um pecado, sacrilégio e blasfêmia ao colocar a própria autora como roteirista do filme.

A trama acompanha um trio de jovens estudantes que amam, com todas as suas forças, uma boy band americana de meninos, que tem em um dos seus integrantes, um membro brasileiro. E pela primeira vez, o grupo vai se apresentar no Brasil.  O problema começa aí, já que as jovens são de São Paulo e o show será no Rio de Janeiro. Depois de muita insistência, elas conseguem a autorização dos pais para ir ao Rio, mas acompanhadas com uma adulta, prima de uma das jovens, que é uma mulher bem peculiar e excêntrica. Entre um pedido aqui e uma discussão ali, os ingressos esgotam e agora só resta para as meninas participar de um concurso on line que promete dar três entradas VIP para quem criar o melhor vídeo de homenagem à banda.

O roteiro é aquele típico onde você tenta fazer uma coisa e tudo dá errado nas formas mais improváveis possíveis. Baseado num livro do mesmo título, como dito acima, o filme se destrói ao escalar a própria autora como roteirista da produção. A mesma deixa claro que não tem talento para a função e muito menos noção do que está fazendo. A intenção era abordar o amor por bandas jovens e o que ele significa para as meninas, porém a própria banda não é desenvolvida no filme e dos três integrantes, apenas um tem pelo menos seu nome citado de forma convincente. Não sabemos nada sobre a origem do grupo, nada sobre quem esses meninos são e, ainda por cima, o filme não consegue transformar os mesmo em estrelas, já que eles só cantam umas três músicas, que ainda por cima são covers de outros artistas famosos que eles tiveram a capacidade de destruir. A única coisa que eles têm é beleza, e o roteiro se anula na hora de explicar porque os adolescentes gostam dessa bomba de banda. Talento eles não têm, zero presença de palco e suas vozes são de pilha fraca, nem fingir serem celebridades eles conseguem.

Voltando a falar mal do roteiro, ele nem consegue criar diálogos engraçados. Na base, é uma comédia, porém parece um enterro, porque fica difícil rir das piadas apresentadas, pois, claramente, foram desenvolvidas por alguém que não tem um pingo de senso de humor. Os diálogos são engessados e forçados ao extremo, você consegue sentir que quase todas as conversas são manipuladas e irreais. Faltou naturalidade, faltou um pouco de improvisação e, nisso tudo, as três meninas são soterradas em situações bizarras. Falando no trio protagonista, apenas uma tem um pequeno desenvolvimento, e as outras estão mais perdidas que cego em tiroteio. Elas conseguem passar um ar de amizade e companheirismo, porém só quando estão caladas, porque quando estão conversando, não convencem nem uma mosca. Aliás, a produção é praticamente uma cópia do filme CONFISSÕES DE UMA ADOLESCENTE EM CRISE, comédia de 2004, estrelada pela já não tão famosa Lindsay Lohan.

Fora o roteiro que tem a intenção de derrubar o filme, o elenco é muito fraco e a estrela da produção, Maisa Silva, famosa por sua carreira mirim como apresentadora, entrega um desempenho fajuto e forçado. Se não fosse o Felipe Neto, ela seria uma das personagens mais chatas da produção, mas falamos sobre esse “ator” daqui a pouco. A protagonista número dois é Klara Castanho, a mesma que estrelou É FADA, e sua personagem é fraca, porém a jovem consegue passar preocupação e um pouco de impulsividade para o espectador. A número três é Mel Maia, que esteve recentemente na bomba CRÔ 2. E por incrível que pareça, essa menina tem muito talento, além de ser a única que tem um desenvolvimento de roteiro e uma história triste. Ela convence ao viver a medrosa e triste do grupo, e todo esse medo é muito bem justificado no filme.

Completando o elenco, temos Giovanna Lancellotti, que vive uma das personagens mais irritantes da produção. Cheia de um humor forçado, a atriz está perdida na sua loucura e todo o arco que vive é patético. E também temos o youtuber Felipe Neto, que vive no filme um youtuber, quem diria, né? O Oscar nunca esteve tão perto do Brasil. Constrói seu personagem com um grande apanhado de clichês e toda a hora que abre a boca é para soltar algum diálogo forçado ou sem graça.

E a produção tem uma canção tema que parece ter sido a única coisa original que eles criaram. A música dá bastante vergonha alheia, mas dá para engolir. O desfecho disso tudo é uma tragédia. Não dá para sentir dedicação nesse projeto, que parece não estar interessado em trazer entretenimento de qualidade para o espectador. O público alvo é jovem, e eles merecem qualidade também. Tudo o que eu disse acima dava para ser relevado se o roteiro fosse 5% mais caprichado. Já mudaria tudo se ele fosse entregue para alguém competente. Não é qualquer pessoa que pode escrever um filme, essa tarefa exige uma gota de talento e dedicação. O resultado final é uma chacota, faz FALA SÉRIO, MÃE parecer uma obra prima, e por que isso? Lá eles tiveram pelo menos um roteirista propriamente dito. Não é algo para se orgulhar e vai testar a sua paciência, fuja, corra o mais rápido que puder!


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Bruno GAROTTI
DISTRIBUIÇÃO: Downtown Filmes
DURAÇÃO: 1 hora e 55 minutos
ELENCO: Maisa SILVA, Klara CASTANHO, Mel MAIA, João GUILHERME e Felipe NETO