A Terra é conquistada por uma raça alienígena conhecida como os Confederados. A população adulta da Terra desaparece de vista, sucumbida pela Estática – um poderoso sinal telepático irradiado pelos alienígenas, que reduz as pessoas a um estado de total servidão. Mas existe um grupo imune aos seus efeitos: as crianças e os adolescentes. Enquanto isso, Holt Hawkins, um caçador de recompensas, tem como alvo Mira Toombs, uma astuta caçadora de tesouros com a cabeça a prêmio. Não demora muito para Holt capturar sua presa, mas a forte atração que surge entre os dois não é algo com que ele contasse. A queda de uma nave dos Confederados nas proximidades do lugar onde Holt e Mira estão acampados revela uma surpresa – a única sobrevivente é uma garotinha que não se lembra de mais nada a não ser do próprio nome: Zoey. Logo eles descobrem que todo o exército alienígena está à procura de Zoey. O que ela tem de tão especial? Será que os poderes dessa garota, por mais improvável que isso possa parecer, são a chave para deter os Confederados de uma vez por todas?

Há muito tempo a Terra não é mais da raça humana, ela foi conquistada por alienígenas – sendo estes conhecidos por Confederados. Eles tomaram a Terra por meio de uma tecnologia jamais vista, onde agora eles ditam as regras e os seres humanos foram reduzidos, subjugados, quase extintos. Eles controlam a mente de todos através da estativa, com exceção as crianças – onde estas tem seu futuro todo planejado; os poucos que completam dezoito anos, acabam por se tornar escravos, sem escolhas, livre arbítrio e sem a vida que um dia todos tiveram e que parece ter se perdido há milhares de anos atrás.

Em um mundo onde os poucos sobreviventes desistiram de praticamente lutar para evitarem serem extintos, onde a maioria desistiu de tentar “tomar” o controle do que um dia de fato lhes pertenceu, vamos embarcar em uma jornada completamente fascinante, eletrizante. Os seres humanos lutam para se adaptar ao caos que o mundo sucumbiu, tentam manter-se no que um dia foi seu lar, afinal como lutar contra alguém infinitamente mais poderoso que você? Valeria a pena iniciar uma guerra onde o fim seria a extinção de tudo e todos?

E nesse cenário pós-apocalíptico onde se mescla a distopia, vamos acompanhar a jornada de quatro distintos personagens, cada qual com sua peculiaridade e motivação,  e percebemos que, no fim das contas, nem todos desistiram de lutar pelo certo, pela justiça, pela liberdade.

Holt Hawkins é um caçador de recompensas, onde logo de cara percebemos que ele luta para esconder seu passado – o que me levou imediatamente a desconfiar de suas intenções; afinal, ele é procurado por um grupo onde se objetiva sua morte, e ele, mesmo sendo procurado, se encontra atrás de Mira Toombs, uma esperta caçadora de artefatos e que esta em constante fuga. Com um passado marcado por dor e incertezas, às vezes sua esperteza não é o suficiente e suas escolhas acabam por coloca-lá em enrascadas, sendo a última delas ter sua cabeça a prêmio. Para viver e se safar, ela é capaz de mentir e machucar as pessoas, afinal a cada dia que passa, ela sente que esta sucumbindo cada vez mais à estática (o que controla a mente de todos), então o importante é viver um dia de cada vez.

Quando o caminho de Holt e Mira se cruza é perceptível o quão diferentes são. A diferença mais gritante? Bem, Holt é imune à estática, e Mira não. Mas por que se sentem bem quando estão juntos? E em meio ao nebuloso caminho que essa dupla se encontra, eles acabarão por conhecer Zoey, uma garotinha que se encontra sozinha – e o pior de tudo: ela não se recorda de praticamente nada. Mas por que todos os Confederados estão atrás dela? O que essa garotinha tem de tão especial? Seria ela uma arma capaz de combater a raça alienígena? Holt e Mira não têm respostas para essas perguntas, mas têm plena consciência de que suas vidas jamais será a mesma.

CIDADE DA MEIA-NOITE é uma história fascinante, eletrizante, intrigante, instigante, onde ficamos ansiosos por respostas. O início do livro foi meio confuso, onde logo nas primeiras páginas, já me encontrava repleta de perguntas e não confiava em ninguém. Por vezes, eu pensei em abandonar a leitura, mas ficção é o único gênero que causa certa fascinação e com isso decidi seguir em frente, e qual minha surpresa quando aos poucos as respostas foram surgindo; gradativamente a história foi tomando forma, foi crescendo e, quando menos esperava, estava devorando o livro.

Todo livro que trata de invasão alienígena tem como clássico mostrar a luta dos seres humanos contra os invasores, e eu de fato esperei por isso, estava já imaginando como seria feito para os poucos sobreviventes se unirem contra os Confederados e tomarem o que antes era seu por direito. Mas isso esta longe de ser o foco desse livro, Mitchell optou por inovar e mostrou que os poucos sobreviventes estavam tentando se adaptar ao que restou, ao caos que a Terra se tornou e confesso que isso me deixou imediatamente chocada e apreensiva. E no decorrer das 448 páginas, eu fui entendendo aos poucos o porquê todos preferiram se adaptar a lutar, afinal quando não se sabe nada de seu inimigo (somente o potencial de destruição que eles tem), o melhor seria aceitar sua atual condição e viver um dia após o outro.

Narrado em terceira pessoa, podemos acompanhar a história de Holt, Mira e a misteriosa Zoey, onde de maneira lenta e gradativa, vamos conhecendo o passado deles. Holt me despertou uma desconfiança forte de cara no inicio, afinal ele é um Imune (não sucumbirá jamais à estática), mas seu comportamento, atitudes e motivações estavam cobertos por uma densa névoa. Quase na metade do livro, vamos conhecer de fato seu passado, entender o porquê de ele estar sendo procurado e todo o mais. Já Mira me deixou boquiaberta com suas atitudes, ela não se importa com quem vai machucar no caminho, suas decisões, em sua maioria, são erradas e só servem para metê-la em problemas. Eu logo entendi a personagem e ouso dizer que senti pena; afinal, ela não é imune à estática e, por mais que ela tente esconder que não, isso não é nada demais, é perceptível nas entrelinhas que ela tem medo, ela não quer sucumbir, não quer ter sua mente controlada, e com isso comecei a ficar angustiada no decorrer da leitura, pois ela acabou se tornando de maneira imperceptível minha personagem favorita. Mas em contrapartida, o rumo que a história irá tomar é uma incógnita e não vejo a hora de entender e resolver todas questões que ficaram abertas.

Enfim, esse livro se tornou uma das melhores leituras do ano, não por amar ficção, mas pela originalidade em si, um livro diferente de tudo, diferente de todas as ficções que já li. E me resta dizer: leia essa obra prima, um livro que apesar de ser estranho e confuso no início, vai te ganhar e te deixar boquiaberto. E eu mal finalizei esse e sai correndo atrás do segundo livro, que já adianto: está sendo uma leitura eletrizante, não sei como, mas o autor conseguiu fazer da continuação algo ainda mais fascinante, eletrizante. J.J Barton Mitchell merece todos os elogios do mundo e acabou se tornando um dos meus autores favoritos, afinal não é todo dia que nos deparamos com uma ficção tão bem escrita como essa e que ainda consegue mesclar um quê de distopia.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: J. Barton MITCHELL é criador e escritor de ficção especulativa. Ele já vendeu roteiros para a Warner Bros. e 20th Century Fox e criou a série de graphic novels POE para a Boom! Studios. Mitchell mora em Los Angeles. Cidade da Meia-Noite é o seu primeiro romance
EDITORA: Jangada
PUBLICAÇÃO: 2014
PÁGINAS: 448


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