Quem aí gostaria de receber um dinheiro agora para poder realizar seus sonhos ou pagar umas dividas? Toparia participar de uma série de desafios perigosos, para, no final, caso seja o vencedor, levar para casa dez mil dólares? Espero que você tenha respondido não para essas duas perguntas, você não pode ser tão tonto como os personagens de ESCAPE ROOM, novo filme de terror/suspense da Sony que promete tapear muita gente, vamos lá.

Seis indivíduos que não se conhecem, são convidados a participar do Escape Room, uma série de desafios em um prédio enorme, onde cada sala é uma fase diferente. Cada fase tem suas próprias dicas que precisam ser achadas rapidamente para que os participantes consigam seguir em frente. Porém, os desafios não são de brincadeira, a parada é realmente séria, e a cada fase, o jogo vai ficando mais perigoso, com salas literalmente assando, congelando e envenenando seus participantes. Agora, para esses seis indivíduos, só resta seguir em frente, lutando e sobrevivendo ao máximo para fugir desse inferno que eles mesmo entraram de bom agrado, graças a uma ingenuidade colossal.

É um filme vendido como terror, mas pende mais para o lado do suspense. A trama é basicamente uma mistura de JOGOS VORAZES + JOGOS MORTAIS e com uma pitada de A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE, já que temos vários participantes lutando por um prêmio, e cada desafio tem um participante como foco e pelo menos um é chutado a cada nova fase. O roteiro tenta desenvolver cada um dos participantes, uns antes dos desafios começarem, e outros bem no meio das provas, porém, dos seis, apenas dois conseguem se destacar, injetando importância na trama. E o filme fica só nisso mesmo, uma fase diferente da outra, com um desafio mais cabuloso que o último. Eles até tentam dar sentido para o porquê dessas pessoas se sujeitarem a isso por dinheiro, mas, novamente, eles acertam só em alguns e para os outros nada é muito abordado. E o público fica perdido tentando entender o sentido desse jogo esquisito.

O filme tem um ótimo início que joga logo o espectador dentro de um dos desafios mais pesados, e depois, quando a ordem cronológica dos fatos começa, já ficamos animados com o que vem por aí. O ponto alto da produção são os desafios e nisso também eles acertam só algumas vezes. As provas são bem básicas, com dicas bobas e que sempre tem a ver com algum dos indivíduos, nada realmente impossível de ser decifrado. O destaque vai para o desafio que se passa num bar que está de cabeça para baixo. De longe a melhor e mais eletrizante cena do filme. Mas nem tudo são flores e dentre os personagens, temos um que é irritante e desnecessário, que só serve para fazer exposição barata, ele não deixa o espectador descobrir nada, tudo é jogado na nossa cara. Não é um filme que tenta explorar a inteligência do espectador, não tenta jogar o enigma para fora da telona.

No elenco temos atores bem básicos e nenhuma estrela. Alguns são esforçados e tentam entregar personagens intensos, mas outros parecem estar no piloto automático e vivem e respiram clichês. Deborah Ann Woll, conhecida pela série DEMOLIDOR, é um dos destaques da produção. A coitada aparece pouco, tem migalhas de desenvolvimento, mas é a melhor personagem do filme, graças a seu olhar cheio de aflição que nos faz acreditar que ela é realmente uma veterana de guerra lutando contra seus medos. Logan Miller participou ano passado de COM AMOR, SIMON, e seu personagem lá era um pé no saco, porém, aqui, ele é outro que se destaca demais na produção. Na pele de um viciado em álcool, porém sonhador, ele se sai muito bem na hora de botar a mão na massa e resolver os problemas, também é o personagem que mais se ferra, mas no meio disso, o ator mostra bastante controle emocional e carisma.

É um projeto bem ambicioso e que espera iniciar uma franquia. O seu desfecho deixa muito em aberto e quase nada é explicado sobre essa “empresa” que organiza o desafio. Tomara que realmente essas continuações saiam do papel, porque ESCAPE ROOM é aquele tipo de filme legal para passar o tempo e assistir com amigos. Não tem um roteiro grandioso e nem um elenco de peso, mas promete e cumpre quando o assunto é ser um entretenimento despretensioso.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Adam ROBITEL
DISTRIBUIÇÃO: Sony
DURAÇÃO: 1 hora e 39 minutos
ELENCO: Deborah Ann WOLL, Logan MILLER, Taylor RUSSELL e Jay ELLIS