A franquia Transformers é uma famosa linha de brinquedos, desenhos animados e de filmes com cinco capítulos já lançados. Todos, exceto o último, tiveram resultados surpreendentes nas bilheterias. Nunca foram bem sucedidos nas críticas, mas enquanto o dinheiro estiver entrando, os produtores não irão ligar para isso. E agora chegamos à era dos filmes solo, e o primeiro a ganhar um para chamar de seu, foi o carismático Bumblebee, o autobot amarelo.

A trama, que é um prelúdio de todos os filmes Transformers, começa na importante guerra no planeta dos robôs. Os autobots, liderados por Otimus Prime, foram derrotados e precisam de um novo planeta para escapar da morte e uma futura base para uma resistência. Bumblebee é escolhido para ir ao planeta Terra e preparar tudo para a chegada do resto de seus companheiros. Mas ao chegar na Terra, ele logo é perseguido pelos humanos, que anseiam por sua tecnologia, e por dois robôs que seguiram Bumblebee. Machucado e sem reforços, logo ele acaba se disfarçando em um antigo Fusca num ferro velho. O que ele não esperava, era que ele iria parar nas mãos de uma jovem, e que uma amizade iria nascer entre esses dois desajustados.

Na base, esse novo filme pode ser conferido por qualquer um e não é necessário ter conhecimento prévio dos outros filmes da franquia. Todos os últimos cinco filmes foram dirigidos por Michael Bay, famoso diretor e terrorista que ama colocar inúmeras explosões em seus filmes, e na franquia dos robôs, isso era sua marca registrada. O nível das explosões e dos efeitos visuais exagerados só aumentavam de filme para filme, sendo uma autentica poluição visual e sonora, graças também aos efeitos de áudio horríveis.  Em Bumblebee não teremos nada disso, já que um novo diretor assumiu a função e seu trabalho consiste numa obra mais concisa e limpa. É possível entender visualmente tudo o que está acontecendo, o espectador não se sente violado/cansado, porque os efeitos visuais são honestos e usados somente quando é necessário. O filme também tem uma duração mais agradável, a experiência não é maçante, diferente dos capítulos anteriores que beiravam as três horas de duração.

A trama é aquela velha cartilha da menina desajustada que tem problemas com a família e vive em seu mundinho próprio até conhecer outra pessoa/criatura desajustada que muda o rumo de sua vida. Esse esquema já foi usado diversas vezes e aqui é empregado quase que no automático. São clichês gigantes, sem um pingo de novidade, casados com diálogos fracos e personagens desinteressantes. Um dos maiores problemas do roteiro é que ele não justifica o porquê desse filme ser importante, ele não prova para o espectador que essa trama é necessária. Ela engloba quase nada no universo do Tranformers e traz apenas algumas respostas para dúvidas triviais sobre o porquê do personagem Bumblebee ser mudo e amoroso.

A jovem Hailee Steinfeld, atriz e cantora, estrela a produção e a mesma apresenta muita dificuldade em se achar dentro do filme. Sozinha em cena, ela não consegue imprimir muita emoção à sua personagem, e todas as situações onde está envolvida, são bem triviais. Só quando interage com o robô que a coisa começa a melhorar. Os diálogos continuam horríveis, mas as situações nem tanto. Destaque para a melhor cena da produção, que envolve uma vingança com a jovem e o robô Bumblebee na casa de uma garota, com papel higiênico e ovos podres, de longe o momento mais engraçado da projeção. Sua interação com o personagem do ator Jorge Lendeborg também é bastante natural e palpável. Eles não são um casal clichê, e ele não está aí apenas para salvar a moça. O “antagonista” do filme, se é que pode chamar ele disso, é vivido pelo ator e lutador profissional John Cena, e, para resumir, sua presença é uma das mais inúteis e desinteressantes da produção.

É um filme inútil e desnecessário, um filme que ninguém pediu, mas se é para fazer algo que ninguém quer, que pelo menos seja feito por alguém capaz, e nisso eles acertaram. A ausência do horrendo Michael Bay é um frescor sem igual para essa franquia e dá esperança para o futuro dos autobots. O novo diretor, Travis Knight, prova ser uma boa escolha para o comando. Se tivesse um roteiro melhor e uma trama mais forte, poderia facilmente ser um dos filmes mais legais do ano, mas o que temos é uma tentativa, o primeiro passo para algo além. Foi feito só para pegar dinheiro do espectador? Foi! Tem conteúdo? Não! Diverte? Um pouquinho. Quem for fã da franquia, vai gostar; e o espectador normal, vai precisar ter bastante paciência para conseguir digerir essa produção, que precisa urgente de uma dose de criatividade.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Travis KNIGHT
DISTRIBUIÇÃO: Paramount
DURAÇÃO: 1 hora e 54 minutos
ELENCO: Hailee STEINFELD, John CENA