Emocionante, tocante e belo. O que você faria se tivesse a chance de reviver o dia da sua morte? Samantha Kingston é uma adolescente bem à moda “Meninas Malvadas”, linda, popular, fútil e “uma vaca”. O dia 12 de fevereiro marca várias coisas: o Dia do Cúpido, em que as garotas medem a sua popularidade pelas rosas que recebem; o dia em que ela finalmente vai perder a virgindade com o seu namorado perfeito; e o dia da sua morte.

ANTES QUE EU VÁ, inicia pelo fim. Tá bom, então, começando de novo: se você tivesse a chance de reviver o dia da sua morte, o que faria de diferente? Teria dito um último eu te amo para os seus pais? Lidado melhor com a dor dos outros? Realizado pequenos sonhos? Ou, simplesmente, vivido cada momento como se fosse o último?

De início, para a protagonista, parecia apenas um pesadelo, até que tudo acontece de novo, de novo e de novo. E a cada “morte”, fica mais evidente que a sua vida perfeita, não é tão perfeita assim. Suas amigas são, sim, malvadas-cruéis, não em um bom sentido, e ela também não é diferente. Seu namorado é um babaca. Há um grande buraco por culpa dela no relacionamento com os pais e, para piorar, a mesma tem uma parcela de culpa no suicídio de uma colega. Em meio a tantos problemas, a mocinha começa a repensar suas ações e tentar ser/fazer diferente.

ANTES QUE EU VÁ tem muito drama – em um bom sentido – e mudanças. Vemos o amadurecimento da personagem diante de uma situação que exigia transformações. De início, somos apresentados a uma egoísta, fútil e imatura Samantha, daquele tipo de heroína que somos doutrinadas a odiar e julgar. Ao longo da história, tudo muda.

É impossível não terminar a obra se identificando com ela e desejando um final diferente. Todos nós, ao menos uma vez na vida, já fizemos coisas que não condizem com nossas crenças para sermos aceitos. Mas e se for tarde demais para fazer a diferença? E ainda reforço, e se tudo que você tem é o aqui e o agora para consertar todos os seus erros?

Mas antes que comece a me acusar, permita-me fazer uma pergunta: o que eu fiz foi realmente tão ruim? Tão ruim que eu merecia morrer por isso? Tão ruim que eu merecia morrer assim?
O que eu fiz foi realmente tão pior do que o que todo mundo faz?
É realmente muito pior do que o que você faz?
Pense a respeito.

A obra possui uma linguagem simples e uma narrativa envolvente. Lauren Oliver consegue perambular de maneira equilibrada em assuntos “tão simples”, como a virgindade, a outros tão complexos, como o “bullying”. E, em ambos os casos, a forma séria, mas ao mesmo tempo acessível com que foram tratados, fizeram com que as reflexões e questionamentos, que são possíveis de retirar, fossem absorvidos de maneira ainda mais eficiente.

Mesmo abordando temáticas “teens” (algumas delas) e em um universo também “teen“, não existe banalização ou superficialidade. A própria construção dos personagens é um reflexo disso. Samantha é uma personagem densa, repleta de camadas e vivências que fizeram dela o que é. E ela é gente como a gente, embora, às vezes, um pouco mais cruel que a maioria.

E eu me dou conta de que não estou cercada por escuridão, mas só havia estado com os olhos fechados o tempo todo.

É um livro tocante, com personagens cativantes, que te faz repensar sobre a sua vida e a forma com que trata o outro. Afinal, até quanto vale para ser aceito?


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Lauren OLIVER é uma escritora americana de livros juvenis, bestsellers do New York Times: Antes Que Eu Vá; Panic e a trilogia Delirium, que foi traduzida para mais de trinta idiomas pelo mundo
TRADUÇÃO: Rita SUSSEKIND
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2017
PÁGINAS: 384


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