Demorou, mas finalmente temos um filme da Marvel com uma heroína como protagonista. E ela chegou com o posto do ser mais poderoso do universo Marvel nos cinemas e promete comandar tudo o que for acontecer nos próximos filmes do estúdio. Mas aqui, no seu filme solo, temos a sua origem, bora conhecer essa mulher extraordinária?

Vers é uma mulher muito poderosa, membro de uma equipe de elite no estranho e belo planeta Hala. Em uma determinada missão, Vers acaba sendo capturada, e seus captores, em busca de informação, vasculham o cérebro da moça atrás de respostas sobre o paradeiro de um motor de nave ultra potente. Ao vasculharem, memorias estranhas sobre uma vida na Terra começam a vir à tona na cabeça de Vers. Confusa e assustada, ela luta para fugir de seus captores e, ao entrar num modulo de fuga descontrolado, ela acaba caindo no planeta de suas memorias estranhas, a Terra. Em solo terrestre, ela recebe ajuda de um agente local chamado Nick Fury, e agora sua jornada consiste em caçar seus captores que a seguiram, descobrir o que eles querem e, acima de tudo, descobrir quem ela realmente é, entender quem é essa tal de Carol Danvers que se parece com ela, mas que não é ela, pelo menos é o que nossa heroína acha.

A trama nos apresenta uma história de origem e, logo nas primeiras cenas, é perceptível que a estrutura foge bastante da famosa fórmula Marvel. Os fatos são destrinchados de maneira não cronológica, na forma como o cérebro confuso processa novos e estranhos fatos. Nossa personagem fica assustada e confusa nesse processo, e o espectador segue ela nessas reações. O roteiro estabelece de maneira convincente a personagem, apresentando suas limitações e inseguranças durante sua vida nesse estranho planeta intergaláctico. E quando a moça é capturada e tem seu cérebro vasculhado, tudo vira de cabeça para baixo. Na linha do tempo, Capitã Marvel se passa em meados dos anos 90 e, basicamente, pode ser conferido como uma aventura solo. Só é necessário assistir aos filmes anteriores do estúdio, se você quiser captar todas as referências e surpresas que a produção preparou para nós.

Ao chegar na Terra, perdida e confusa, nossa heroína se esbarra no clássico Nick Fury, um jovem agente de uma tal organização chamada Shield e, juntos, eles partem em busca de respostas. A interação dessa improvável dupla é uma das melhores coisas do filme, com um ajudando o outro e entregando momentos bem engraçados. O roteiro é simples, porém sua execução traz força para o material, que nunca cansa de injetar adrenalina na trama. Ela precisa descobrir quem ela é e o segredo está em seu passado, essa busca responde muitas questões e nos mostra quem é o verdadeiro inimigo da Capitã Marvel. Os antagonistas do filme reservam várias reviravoltas interessantes e nada soa forçado. O roteiro até traz uma interessante mensagem subliminar sobre a crise de refugiados que afeta nos dias de hoje a vida de muitas pessoas em várias partes do mundo.

Brie Larson é a estrela o filme, faz jus ao posto de protagonista, e ela chegou para ficar. A atriz que já ganhou um Oscar graças a seu desempenho fenomenal no filme O QUARTO DE JACK. Apresenta muito controle e domina com perfeição todos os aspectos de uma personagem. Ela é confusa, desconfiada, destemida, engraça e determinada. Sua personalidade vai se abrindo como uma flor e é impossível não morrer de encantos por ela. Some tudo isso ao fato de ela ser empoderada e de nunca deixar homens lhe rebaixar. Uma grande mulher representada com perfeição e que não foi sexualizada na produção a fim de agradar tarados. Samuel L. Jackson na vida real, ele é o próprio Nick Fury, todo mundo já sabe disso, e o ator ama esse fato. Aqui ele está mais confortável do que nunca na pele de um Fury jovem e carismático. Ele ainda não chegou naquela pompa de líder intimidador que conhecêssemos e é maravilhoso saber mais desse personagem tão querido. Sua química com Brie é sensacional e, juntos, eles nunca decepcionam. O resto do elenco é competente, porém acabam sendo bastante ofuscados.

A Capitã Marvel é muito, muito poderosa, e o público sente isso e nunca põe em cheque essa questão. Quando ela está em ação, seus poderes vão para todos os lados, e a produção faz isso muito bem, graças aos competentes efeitos visuais que impressionam bastante na telona do cinema. O belíssimo figurino da Capitã é um daqueles que todos vão querer usar depois de assistir ao filme, e o trabalho de maquiagem para rejuvelhecer Samuel L. Jackson e inserir um Fury jovem na trama é sensacional. Também temos uma maravilhosa participação do jovem agente Phil Coulson e uma bonita homenagem para o lendário Stan Lee.

A Marvel está há mais de dez anos nos presenteando com filmes incríveis, divertidos e alguns já lendários, e CAPITÃ MARVEL é mais uma prova de que eles são perfeitos no que fazem. Uma aventura impressionante, uma personagem extraordinária e portas para todos os lados. A Capitã é o futuro dos próximos filmes Marvel e seu filme de origem a estabeleceu com perfeição. Conferido como uma experiência solo, ele diverte; conferido numa experiência completa, com todos os filmes da Marvel incluso, fica melhor ainda. É aquele programa que é um chute certeiro. Divertido do início ao fim.

A produção conta com duas ótimas cenas pós-créditos, então nada de sair correndo da sessão, hein!


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Anna BODEN e Ryan FLECK
DISTRIBUIÇÃO: Disney
DURAÇÃO: 2 horas e 5 minutos
ELENCO: Brie LARSON, Samuel L. JACKSON, Jude LAW, Annette BENING e Lashana LYNCH