O filme mais esperado do ano já está entre nós. VINGADORES – ULTIMATO vem com a carga de ser mais que apenas a nova aventura dos heróis mais poderosos da terra. Ele nos foi entregue como um encerramento de um arco, tal arco que começou lá em 2008, quando o Tony Stark saiu da caverna e o mundo nunca mais foi o mesmo. É a despedida de uns, apresentação de outros e um ponto final para a saga do maior vilão da Marvel nos cinemas, o Thanos.

Um filme como este, um evento como este, teria que ter duas críticas. Uma delas, sem spoilers. A outra, com. Aproveitem!

CRÍTICA SEM SPOILERS – RAFAEL

Depois que metade da população mundial foi dizimada, os Vingadores nunca antes estiveram tão derrotados. A esperança parece não existir e agora o que os mantém vivos é cumprir realmente aquilo que o nome da equipe promete, vingar aqueles que foram derrotados. Quando a Capitã Marvel e o Homem Formiga se juntam com os Vingadores originais, um leque de opções se abre e as possibilidades são infinitas. Vamos caçar o Thanos, vingar os derrotados ou seguir em frente? Qual caminho eu devo seguir? Eu posso seguir todos?

A trama vai trabalhar, na sua base, aquela questão que todos estão se fazendo depois de Guerra Infinita, como trazer os heróis de volta? O caminho que o roteiro segue é muito interessante e sem dúvidas um dos pontos altos do filme. Esse caminho consiste numa incrível homenagem a tudo que o universo Marvel construiu nos cinemas, com seus 21 filmes, ao mesmo tempo em que eles resolvem os problemas em questão. O destaque total está na equipe original e todos tem seu momento de brilhar. Hulk e Thor ficam mais para o lado cômico e garantem a dose de humor que nunca falta nos filmes da Marvel. Viúva Negra e Gavião Arqueiro ficam com grande parte da carga dramática. Ambos estão destruídos e buscam redenção nessa jornada incerta. Talvez o desfecho poderia ser mais dramático, porém no texto, fica tudo muito coeso, doloroso, mas coeso. Capitão América recebe todo o destaque que o herói poderia sonhar em receber. Ele realmente se firma como um líder e em nenhum momento ele decepciona, pelo contrário, suas sequências são uma mais surpreendente que a outra.

E a razão, o motivo de tudo isso existir, o Homem de Ferro, sempre teve destaque nos filmes, impossível não ter, graças a um sempre impecável desempenho do grande Robert Downey Jr. Mas em VINGADORES – ULTIMATO, ele faz tudo girar, faz tudo ter propósito e importância. A sua jornada é extremamente incerta e deixa o espectador arrepiado e emocionado em dois momentos específicos: o primeiro envolve um encontro com alguém especial, toda a sequência é de encher os olhos; e por último, claro, um grande embate que além de ser grandioso, é justo e muito reflexivo. Outros personagens que tem um destaque incrível é a Nebulosa, aquela moça azul, lembram dela, né? Do GUARDIÕES DA GALÁXIA, seu arco é de extrema importância para a trama e chega a ser extraordinário perceber o quanto essa personagem cresceu desde sua primeira aparição. Por último e extremamente importante, temos o Homem Formiga. Aquele personagem que era literalmente pequeno, porém aqui, sem ele, nada seria possível. Nem um filme nos iríamos ter. O elenco inteiro está impecável, a jornada que eles percorreram é notável pelos seus olhares, nós literalmente crescemos com esse pessoal e cada um deles mostrou isso de uma maneira muito particular em seus desempenhos.

VINGADORES – ULTIMATO é um daqueles filmes que você precisa refletir, não é tão fácil digerir a história. Mas as despedidas nunca foram fácies, né? Sempre fica algo, sempre impressiona e às vezes dói. Alguns detalhes da trama são subentendidos, é necessário pensar, rever e analisar, as respostas estão lá, porém pode ser confuso chegar nelas, falo por experiência própria. Tecnicamente o visual é menos impressionante do que aquele que tivemos em GUERRA INFINITA e suas batalhas na luz do dia. No grande embate, em determinados momentos, fica difícil entender o que está acontecendo e a direção não precisava ter apostado tanto num visual tão escuro. A duração não é um problema e o ritmo é muito bem dosado, você não vai se sentir entediado em momento algum.

As expectativas às vezes matam uma experiência, não é o filme que eu esperava, mas não é um filme ruim. É importante sempre entender qual é a proposta que o filme quer nos oferecer. O trabalho aqui é mais intimista e humano, estamos trabalhando com vidas e seus desfechos, um ponto final para uma vida de lutas. Os momentos para gritar não vão faltar, emoção também não, adrenalina tem pouca, não temos aqui batalhas em cada esquina, mas talvez realmente não era o momento de ter isso. Temos, sim, uma grande guerra, temos, sim, momentos de tirar o fôlego, mas com cautela. O ato final é extraordinário e com certeza vai marcar época. Uma experiência excelente para aqueles que acompanham há anos essa jornada e uma bonita mensagem sobre a importância de uma vida de luta. O que eu plantei? O que eu vou colher? Ainda é tarde demais? Só você pode saber.


AVALIAÇAO:


CRÍTICA COM SPOILERS – CARL

Eu aprendi a ler com quadrinhos. Não devia ter nem cinco anos e já ria com as HQs do Asterix, do Pato Donald, da Turma da Mônica e vivia dezenas de aventuras com os heróis da Marvel e da DC. Só muitos anos depois que comecei a ler livros. Hoje, eu consumo, em média, dez livros por mês, mas quadrinhos, são vinte ou mais. Eu consigo ficar dias, semanas sem pegar em um livro, caso não tenha dinheiro, mas não consigo fazer o mesmo com quadrinhos. Tenho que ler sempre, virou uma necessidade.

Quando saiu o primeiro filme dos X-Men, do Quarteto Fantástico e principalmente do Homem-Aranha, eu comecei a ter esperanças de que o cinema finalmente conseguiria chegar perto do que eram as aventuras dos quadrinhos. Isso se confirmou com o filme do Homem de Ferro. E surgiu a notícia de que a Marvel pretendia criar um universo unificado de filmes de heróis. Eu não acreditei muito. Aí veio Thor, Capitão América e anunciaram o primeiro Vingadores. Foi um sentimento incrível, um sonho realizado, quando vi os seis heróis reunidos em uma aventura bem feita, bem produzida, bem dirigida, praticamente iguais aos quadrinhos. Foi algo que alguns anos antes, eu jamais acreditaria ser possível.

Nos últimos onze anos, a Marvel conseguiu transportar para o cinema, heróis como Pantera Negra, Visão, Guardiões da Galáxia, Doutor Estranho, Capitã Marvel, Homem Formiga e tantos outros. Aquilo que eu lia nos quadrinhos, agora também via nas telonas, com atores de carne e osso. E a cena final deste capítulo que se fecha, com todos os heróis reunidos em tela em uma batalha épica contra o exército de Thanos, para um fã dos quadrinhos, é uma experiência única, é um sentimento de realização, é algo que poucos conseguem sentir e compreender.

VINGADORES ULTIMATO é o ponto de pausa de um sonho. E isso em diversos sentidos. Ele não é apenas a conclusão de VINGADORES GUERRA INFINITA, ele é um presente para os fãs e um presente para quem representou esses heróis saídos do papel. Ele é um prêmio para quem viu todos os filmes, é uma mensagem de amor, uma mensagem de família, uma mensagem de dever cumprido.

Thor não conseguiu se recompor da derrota para Thanos. Ele sempre foi o personagem mais fraco psicologicamente, e isso se reflete no que ele se transformou. Ele perdeu a confiança em si e a esperança. O encontro dele com sua mãe, a única referência de família que lhe restou, é emocionante. A frase que ela diz para o filho, de que aceitou o seu destino, que sabe que vai morrer, e que Thor precisa seguir em frente, fazer a diferença, é o que ele precisa para se reerguer. Thor nunca aceitou a perda da mãe, e esse encontro tirou esse peso dele e o fortaleceu.

Gavião Arqueiro e a Viúva Negra eram os parceiros inseparáveis, com um passado sombrio e violento. Enquanto Clint tinha uma família, Natasha não tinha ninguém. A família dela virou os Vingadores. Eram seus amigos, seus companheiros, eram aqueles que davam sentido à vida que ela tinha. O sacrifício de Natasha foi necessário para ela, porque era o ato definitivo de amor para salvar aqueles que deram algum sentido aos seus dias.

O Hulk nunca funcionou sozinho. Com o primeiro Vingadores, ficou claro que ele precisa de um suporte para conseguir ser um sucesso. E isso se confirmou com THOR RAGNAROK. A Marvel, finalmente, conseguiu transformar o gigante verde em um personagem importante no cinema. Agora, em ULTIMATO, com Banner controlando o corpo e consciência, abre-se um enorme leque de possibilidades nunca vista para o personagem. O futuro dele é enorme.

Capitão América é o herói perfeito, imaculado, sem qualquer ponto de maldade. Ele é a representação fiel de tudo o que é justo. Mas ele é alguém do passado, que nunca conseguiu se localizar no futuro, no nosso presente. Ele nunca foi feliz desde que acordou do congelamento. Seu cérebro e seu coração estavam em outra época. Depois de tudo o que ele passou, seu final, voltando para o passado e ficando com seu amor, tendo a chance de construir uma família, foi a recompensa mais justa para o personagem. E foi a melhor decisão. Eu pensei que o fossem matar, que ele fosse se sacrificar em algum momento, mas isso seria injusto. Ele morreria sem encontrar sua felicidade. Não seria um herói, mas um mártir.

Homem de Ferro foi o carro chefe de todos os filmes. Robert Downey Jr. é Tony Stark. Não há ator mais perfeito para o papel. E o sucesso dos filmes e do personagem, sem qualquer dúvida, são fruto de seu carisma, de sua competência na atuação. A evolução de sua personalidade é perceptível. Do egoísta egocêntrico do primeiro filme, ele se tornou um herói preocupado com os outros, com o mundo. Sua fixação em proteger a todos vem desde HOMEM DE FERRO 3 e ERA DE ULTRON. Ele falhou pela primeira vez em GUERRA INFINITA, perdeu amigos, ele perdeu, e isso mostrou que ele era falho, que por mais inteligente, por melhor armadura que construísse, não foi suficiente. Em ULTIMATO, ele desiste, constrói uma família, vira pai. E, mesmo assim, arrisca tudo para conseguir trazer todas as pessoas que morreram de volta. Ele abre mão do que ele tem de mais precioso em prol dos outros. E seu último sacrifício, quando ele estala os dedos, é seu ato mais generoso e mais heróico. E os diretores ainda o presentearam com a chance de encontrar seu pai no passado e o abraçar.

VINGADORES ULTIMATO não é um filme de batalhas, mas um filme de família, de redenção e de agradecimento. Isso fica óbvio nas viagens temporais, quando os heróis voltam em alguns dos principais pontos dos filmes anteriores para recuperar as joias do infinito. A batalha final, com o Capitão América dizendo Avante Vingadores, é um presente para nós. Ver todos aqueles personagens lutando lado a lado, todos eles, sem faltar um sequer, é algo único no cinema. É um evento e uma marca que irá demorar para ser batida. O maior desafio da Marvel não é mais a concorrência, mas superar a própria Marvel. É criar uma nova geração de heróis que sejam tão marcantes quanto foram o Capitão América e o Homem de Ferro. E nós, fãs, agradecemos por esses onze anos de sonhos realizados. Obrigado!

Ah, e para quem não entendeu, sim, o Loki e a Gamora do passado agora estão no presente, em substituição às duas versões que morreram, e vão aparecer nos futuros filmes. Os dois viraram personagens importantes demais para não serem aproveitados. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer da Natasha. Ela, infelizmente, não volta. Mas, aparentemente, irá ter um filme solo sobre seu passado como espiã. Viva!


AVALIAÇAO:


DIREÇAO: Anthony RUSSO e Joe RUSSO
DISTRIBUIÇAO: Disney
DURAÇAO: 3 horas e 1 minuto
ELENCO: Chris EVANS, Robert DOWNEY JR., Scarlett JOHANSSON, Chris HEMSWORTH, Mark RUFFALO e Jeremy RENNER