A Abadia Vermelha é um refúgio, teoricamente seguro, para qualquer mulher, de qualquer idade, que tenha sofrido, ou que possa sofrer, qualquer tipo de violência, abandono ou perseguição, e fica situada em uma ilha distante e de difícil acesso, chamada de Menos. O local foi erguido por um grupo chamado de as Primeiras Irmãs, que fugiram de uma terra do oriente dominada por um homem cruel e onde as mulheres não podiam estudar ou ler. Já na Abadia, elas têm a liberdade de aprender e de trabalhar. E possuem sua própria religião, erguida sobre a história da Primeira Madre, entidade que tornou o solo da ilha sagrada e protegido de todos os homens. Dependendo da mulher, a Primeira Madre pode assumir três aspectos diferentes: alguns a vêem como a Donzela; outros, como a Mãe; e outros ainda, como a Velha. Mas ela é as três juntas. Essa é a base do mundo criado por Maria Turtschaninoff, e nota-se que existem várias alegorias e críticas à sociedade e à religião como um todo, principalmente ao papel da mulher e à forma como ela é tratada.

Maresi é uma das noviças da Abadia e a narradora da história. Ela chegou a Menos quando tinha 13 anos de idade, época que ainda não compreendia totalmente a maldade no mundo, apenas temia. Agora, aos 17 anos, ela começa contando sobre a chegada de uma outra garota, uma menina de 14 ou 15 anos, chamada Jai, de cabelos tão loiros que são quase brancos, que chega à ilha cheia de marcas e de traumas sofridos nas mãos do pai. Através do relacionamento de Maresi e Jai, o leitor descobre como aquela sociedade isolada se formou, como sobrevive e qual o fundamento de sua religião.

Toda a apresentação e construção da personagem de Maresi reflete, acredito que propositalmente, muitas garotas da mesma idade, com suas dúvidas sobre o mundo, sobre as autoridades, na figura das Madres e Irmãs, sobre sua posição na sociedade, sobre o significado de sua religião, sobre seu futuro e sua missão no mundo. Ela é curiosa, inquisidora sobre as regras e os motivos de existirem, sedenta de conhecimento e ansiosa por ser útil, mas não apenas em tarefas cotidianas, mas de uma forma mais ampla, de uma forma que possa realmente fazer a diferença para suas iguais.

E o papel de Jai é extremamente importante no amadurecimento de Maresi, porque Maresi só conhece a bondade que existe na Abadia, e Jai é a personagem que mostra para Maresi a realidade maligna que reside no mundo fora da Abadia. Através do conhecimento sobre o passado de Jai, e de porquê ela foi mandada para a ilha, Maresi consegue descobrir sua essência, qual sua representação dentro da trintade de sua religião, encontrar seu papel e seu destino. Esse é o crescimento natural que todos passam durante a puberdade, quando se chega na fase adulta e se tem o choque de realidade de que não se vive sobre as asas dos pais, que o mundo não é uma aventura, que todos possuem um papel e um objetivo, porque sem isso, não se vive, apenas se sobrevive.

Quando comecei a leitura, e pelo gênero ser anunciado como Young Adult, achei que seria uma leitura leve, mas me enganei totalmente. Pouco depois das primeiras 60 páginas, quando o passado de Jai começa a ser revelado, o tom muda para algo dramático, pesado, com trechos cheios de simbolismo e de horror, pela forma como as mulheres são tratadas naquele mundo. E também uma necessidade urgente de finalizar a leitura, uma vez que se descobre o perigo que ameaça a Abadia, e todas que nela vivem, com a chegada de Jai. Tanto que após essas 60 páginas, eu li todo o resto de uma só vez.

MARESI segue a mesma premissa de obras como O CONTO DA AIA e TERRA DE MULHERES, mas a autora utiliza uma linguagem mais fácil e constrói uma narrativa mais rápida, mais fluida, mais direta, que torna a leitura deliciosa. Além disso, vários trechos são impregnados de muita tensão, que realmente beiram o horror, principalmente na parte final, o que torna a leitura mais emocionante e não apenas educativa ou representativa. E embora existam esses trechos mais pesados, todos eles são apenas induzidos e não explícitos, e por isso a obra pode ser lida, tranquilamente, por pré-adolescentes. Aliás, deve ser lida principalmente por eles.

MARESI é uma obra de união e aliança entre mulheres que são ameaçadas em um mundo dominado pelo machismo e pela crueldade. Cheia de representatividade, não se perde em mensagens óbvias, mas em ensinamentos sobre igualdade e respeito, tudo misturado com situações de conflito e perigo, além de magia e mistério. Da mesma forma que o caramujo-de-sangue, um molusco que só existe na ilha de Menos e cuja tinta concede um vermelho único e brilhante aos tecidos, MARESI é uma obra que se tornará única e brilhante na sua estante.

MARESI já teve seus direitos vendidos para o cinema e, em breve, estará nas telonas. Ah, e a Morro Branco lançou este mês, maio, o segundo volume da trilogia da Abadia Vermelha, chamada de NAONDEL, que é o nome do navio que levou as Primeiras Irmãs para a ilha de Menos. Esse segundo volume entra em outro gênero, o Adulto, ese tornou a melhor leitura do ano. Você pode lera resenha aqui.

Óbvio que esses dois livros precisam ser lidos por todos, então se você quiser ter a chance de ganhar um exemplar de MARESI e um de NAONDEL, siga as regras abaixo. E se não ganhar, faça uma economia e compre os dois livros. A leitura vale muito!

REGRAS

UM: Preencher o formulário de participaçăo, sendo que existem entradas obrigatórias, que valem um ponto cada uma, entradas opcionais, que valem cinco pontos cada uma, e uma entrada diária opcional, que vale cinco pontos a cada dia que vocę a fizer. Quantos mais pontos vocę somar, mais chances tem de ser sorteado;

DOIS: Deixar um comentário neste post;

TRĘS: O ganhador precisa ter endereço no Brasil para receber o pręmio;

QUATRO: Após 30/06/2019, será feito o sorteio pelo formulário de participaçăo;

CINCO: O pręmio será enviado em até 30 dias úteis, após divulgado o resultado. O blog năo se responsabiliza por extravios, danos ou roubos do pręmio enviado;

SEIS: O ganhador(a) terá 48 horas para responder ao e-mail de solicitaçăo do endereço. Caso năo responda nesse prazo, será desclassificado(a) e um novo nome será sorteado;

SETE: O blog GRAMATURA ALTA se reserva o direito de dirimir questőes năo previstas nestas regras.

GANHADORA

Nicole Longhi (@webookaholic)


AVALIAÇAO:


AUTORA: Maria TURTSCHANINOFF nasceu em 1977 e escreve contos de fadas desde os cinco anos de idade. Suas histórias têm sempre uma reviravolta: o fazendeiro pobre e a princesa que ele acabou de salvar não se casam, porque eles “não estavam a fim”. Seu maior desapontamento na infância era que nenhum armário levava a Nárnia. Após trabalhar como jornalista por alguns anos, Maria lançou seu primeiro livro infantil em 2007, em um portal de fantasia. Desde então, publicou mais cinco títulos, todos voltados ao público jovem adulto. Ela recebeu o Finlandia Junior Prize por Maresi e o Swedish YLE Literature Prize. Também ganhou duas vezes o Society of Swedish Literature Prize e foi indicada ao Astrid Lindgren Memorial Award 2017 e à CILIP Carnegie Medal 2017.
TRADUÇAO: Lilia LOMAN e Pasi LOMAN
EDITORA: Morro Branco
PUBLICAÇAO: 2018
PÁGINAS: 200


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