Um garoto chamado Billy, que apresenta problemas psicológicos, procura Cormoran Strike para pedir ajuda. Ele jura que viu um menino, ou uma menina, ele não tem certeza, ser morto, ou morta, quando criança, anos atrás. Ele também diz que viu o corpo ser enterrado envolto por um cobertor cor de rosa. Apesar de não existir qualquer prova, e mesmo na condição mental de Billy, Strike tem o pressentimento de que ele pode estar sendo sincero. Mas quando começa a interrogar o garoto, ele se apavora, foge e desaparece. Strike e Robin começam então a investigar se a história realmente é verdadeira e, aos poucos, entram em uma rede de intrigas que envolve o Parlamento, ministros, chantagens e assassinato.

No primeiro livro da série, O CHAMADO DO CUCO, Rowling demonstrava alguma insegurança na narrativa policial e nos diálogos dos personagens, mas isso foi desaparecendo gradativamente nos dois livros seguintes, O BICHO-DA-SEDA e VOCAÇÃO PARA O MAL. Agora, em BRANCO LETAL, a autora está totalmente à vontade, em pleno domínio de sua escrita, e isso pode ser notado nos diálogos mais naturais e inteligentes, no comportamento de todos os personagens e até na quantidade destes. Sim, porque este quarto livro tem muitos personagens, e quase todos são suspeitos de alguma relação com o que Billy alega ter visto, além de outros mistérios, que envolvem uma chantagem e a produção de algo que eu não fazia ideia que ainda era feito.

Enquanto investiga Jimmy, o irmão de Billy, Cormoran descobre que ele está chantageando o Ministro Chiswell, por causa de uma dívida em dinheiro, ameaçando revelar algo à imprensa. Chiswell suspeita que uma outra ministra, Della, já tenha conhecimento dessa chantagem, e decide contratar Cormoran para confirmar essa suspeita. Para isso, Chiswell infiltra Robin como sua ajudante no Parlamento e diz que ela é sua afilhada, que está realizando um trabalho temporário. O plano é Robin colocar uma escuta no escritória da ministra Della para, assim, conhecerem o quanto ela sabe da chantagem e do segredo de Chiswell. Em paralelo, Cormoran tenta compreender qual a ligação de Jimmy e Chiswelle com o assassinato que Billy supostamente viu.

Nas mais de 650 páginas de BRANCO LETAL, somos apresentados a diversos personagens dentro do Parlamento, integrantes da família do ministro Chiswell, a roda de convívio da ministra Della, da família de Billy e Jimmy, e vamos descobrindo como todos eles têm alguma ligação entre si. Tudo é apresentado sem pressa, com detalhes, de uma forma tão bem construída, que não se fica perdido em tempo algum. E como Rowling faz isso? Da forma mais simples, ela não apresenta todos de uma vez, mas gradativamente, através do contato de Robin dentro do Parlamento, e através do contato de Cormoran do lado de fora. Assim, seguimos duas frentes de narrativa, onde cada grupo de personagens vai se conectando aos poucos, onde cada uma de suas histórias completa a outra.

Mas a história não se foca apenas nos integrantes do mistério. Pelo contrário. Seguimos a vida pessoal de Cormoran e seu relacionamento com Charlotte, a sua ex-namorada, e de como ela tem alguma psicopatia por manter uma fixação em Cormoran. Isso já vinha sendo sugerido nos livros anteriores, mas aqui, a coisa chega ao ponto de ameaça. Assim, fica mais claro porque ela teve um rompante de raiva no primeiro livro, e também explica o motivo de Cormoran não querer mais nenhum contato com ela.

E finalmente vemos Robin se libertar de Matthew. Ela descobre algo sobre ele que revela sua verdadeira índole, e ao contrário do livro anterior, ela não fica devastada, porque ela já sofreu o que tinha para sofrer, já se decepcionou com ele além do limite, então ela só sente um alívio. É muito bom acompanhar essa nova fase de Robin, sem o peso que Matthew colocava em seus ombros, sempre com acusações, sempre diminuindo sua capacidade e sempre realizando chantagens emocionais. É a etapa final de quando uma mulher consegue reconhecer que estava em um relacionamento abusivo, e a leveza de se sentir fora dele. Mas isso não evita que existam alguns trechos onde ficamos com mais raiva ainda de Matthew, das coisas que ele diz e faz.

Mas não pense que Robin vai correndo para Cormoran, felizmente. Rowling é experiente demais para fazer isso. Eles continuam com a relação de amizade, de um cuidar do outro, de um proteger o outro. E em BRANCO LETAL, eles verdadeiramente trabalham em equipe, realizando a investigação em paralelo, cada um deles em um local, para, no fim, chegarem à conclusão do que realmente está acontecendo entre o ministro, Jimmy e Billy.

Da mesma forma que os outros livros, mas principalmente neste último, a leitura não é para qualquer um. Não espere encontrar nas histórias de Cormoran e Robin a ação e a fantasia de Harry Potter, ou os mistérios intrincados de Agatha Christie, ou mesmo as reviravoltas de gênio de Sherlock Holmes. Em todos os quatro livros, os crimes são totalmente dentro da capacidade de qualquer pessoa desvendar, com exceção deste último, para o leitor fora da Inglaterra, porque exige que se tenha conhecimento das leis britânicas.

As histórias são propositadamente lentas, focadas mais nos relacionamentos dos personagens principais, e entre os personagens que vão aparecendo a cada livro. Esse é o foco da narrativa, e foi isso que me conquistou na série. Rowling pode não ser uma Agatha Christie, mas ela sabe criar personagens únicos e reais. Muitos livros policiais retratam a detetive ou policial mulher como durona, muitas vezes a um ponto que ela se torna antipática, mas Rowling não cede a esse clichê. Robin é inteligente, é sensível, é capaz de desvendar um crime, mas ela é extremamente humana, sofre com as fraquezas das armadilhas de relacionamentos abusivos, ela é alguém que você poderia ter como amiga, como vizinha, totalmente crível.

Da mesma forma é Cormoran, um homem que erra, que é inseguro quanto a seus relacionamentos, que não tem uma inteligência prodigiosa, que sabe reconhecer na companheira de trabalho suas qualidades e suas fraquezas, e a respeita por isso. Essa construção detalhista que conquista o leitor, se ele conseguir compreender o que está lendo. E se conseguir, verá que os livros da série são muito bons, que Cormoran e Robin são espetaculares!

Quanto ao mistério, ele é empurrado até as últimas páginas, e a surpresa não é necessariamente sobre o crime, mas sobre a descoberta, principalmente para quem não é inglês, do que se trata a tal chantagem. É incrível como algumas coisas no mundo ainda existem, coisas que deveriam ter sido abandonadas séculos atrás, mas que algumas sociedades insistem em manter. É algo tão pavoroso, que eu tive que pesquisar para ver se era verdade. Depois que você ler, venha aqui e deixe nos comentários o que achou dessa revelação.

BRANCO LETAL é o volume mais intimista do ponto de vista dos personagens, por isso mesmo, não deve ser lido antes dos outros três livros da série, porque o leitor não terá essa sensação de reconhecimento, não compreenderá a complexidade construída para Cormoran e Robin pela autora e perderá o que o livro tem de melhor, que é imergir o leitor na cumplicidade dos dois. Que venha o próximo!

Ah, este volume já está sendo adaptado para a série britânica, da qual eu escrevi ontem, C.B. STRIKE.

E agora vem a parte que prometi lá na primeira resenha: o sorteio dos quatro livros da série de Cormoran e Robin. Fala sério, tem blog melhor? Claro que não! Então, para você concorrer a um exemplar de O CHAMADO DO CUCO, O BICHO-DA-SEDA, VOCAÇÃO PARA O MAL e BRANCO LETAL, mais uma sacola temática, basta seguir as regras abaixo!

REGRAS

UM: Preencher o formulário de participação, sendo que existem entradas obrigatórias, que valem um ponto cada uma, entradas opcionais, que valem cinco pontos cada uma, e uma entrada diária opcional, que vale cinco pontos a cada dia que voce a fizer. Quantos mais pontos voce somar, mais chances tem de ser sorteado;

DOIS: Deixar um comentário neste post;

TRĘS: O ganhador precisa ter endereço no Brasil para receber o prêmio;

QUATRO: Após 25/06/2019, será feito o sorteio pelo formulário de participação;

CINCO: Os prêmios serão enviados em até 30 dias úteis após divulgado o resultado. O blog nao se responsabiliza por extravios, danos ou roubos dos prêmios enviados;

SEIS: O ganhador(a) terá 48 horas para responder ao e-mail de solicitação do endereço. Caso não responda nesse prazo, será desclassificado(a) e um novo nome será sorteado;

SETE: O blog GRAMATURA ALTA se reserva o direito de dirimir questões não previstas nestas regras.

GANHADOR

Raphael Fonseca (@rafah_gomes18)


AVALIAÇAO:


AUTORA: Robert GALBRAITH é o pseudônimo da escritora J.K. Rowling, autora de Morte súbita, O Chamado do Cuco e da série Harry Potter. A escritora britânica nasceu na cidade de Yate, nas proximidades de Bristol, na Inglaterra, em 31 de julho de 1965. Ela se tornaria célebre pela criação do bruxinho Harry Potter, que lhe renderia sete volumes de uma série premiada e aceita quase unanimemente pela crítica e pelo público.
TRADUÇAO: Ryta VINAGRE
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇAO: 2019
PÁGINAS: 656


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