Os clássicos estão de volta! Depois de ressuscitarem, à força, as séries de filmes ALIEN e O PREDADOR, a bola da vez é RAMBO. A energética franquia de ação, que estava praticamente mumificada, retorna para uma despedida e também para passar a sacolinha e arrecadar mais uns milhões para o bolso do Stallone. Resta saber se presta. Queria dizer que sim, porém a resposta é: não. Vamos descobrir o porquê disso!

Depois de quatro aventuras matando muita gente e salvando milhares, Rambo agora está em casa e vive uma pacata vida ao lado de familiares. Ele tem uma bonita relação com Gabriele, sua sobrinha, que considera como sua própria filha. Gabriele é inteligente e se prepara para ir para a faculdade. Porém, antes ela tem o desejo de conhecer seu pai. Ele fugiu depois de abandonar Gabriele e sua mãe, a jovem quer saber os motivos desse abandono da própria boca dele. O problema é que seu pai é uma pessoa horrível e um abusador que transformou a vida da mãe de Gabriele num autêntico inferno. Tanto Rambo como a avô da jovem a aconselham a não procurar o pai, que além ser uma pessoa ruim, reside no México numa área perigosa. Para o desgosto de todos, a jovem vai sozinha procurá-lo, desaparece, e logo chega para Rambo a notícia de que a jovem foi sequestrada por bandidos para fins de exploração sexual. Resta a Rambo ir ao México, salvar sua sobrinha e matar a todos, porém o herói agora é um homem idoso e cansado, será que ele conseguirá cumprir essa última missão?

Esse é o quinto filme da franquia, que teve o seu último lançamento há onze anos. Não tinha motivo plausível para ressuscitar esse herói de guerra, já que o desfecho lá era satisfatório, mas aqui estamos com mais um filme desnecessário. Se você já leu a sinopse ou caso já tenha visto o trailer, saiba que você já assistiu a esse filme todinho. Isso porque RAMBO – ATÉ O FIM não tem trama, a história não se desenvolve, ela já nasceu estagnada.

Rambo agora é um homem do campo que só quer paz, porém sua sobrinha que pagava de boa moça, decide ir sozinha procurar o cafajeste que ela chama de pai. A moça logo precisa ser salva, isso abre dois panoramas: o primeiro consiste em um estereótipo porco que diz que se uma mulher tomar qualquer atitude errada, a vida dela vai se pôr em risco e ela precisará ser salva. Uma mulher não pode tomar uma escolha errada, se arrepender e viver com isso? Sério mesmo que o destino dela só terá sofrimento e dor? E em pleno 2019, nós precisamos mesmo de um homem fortão salvando a donzela em perigo? Não dava para ter desenvolvido nada novo?

O segundo panorama consiste no fato de que você já assistiu esse filme antes, a trama é uma cópia quase exata do filme BUSCA IMPLACÁVEL, de 2008, estrelado por Liam Neeson, onde ele precisa salvar sua filha que foi sequestrada na Europa e vendida no comercio sexual. Some a isso o fato que esse novo filme do Rambo copia novamente todo o conceito envolvendo o ato final do filme 007 – OPERAÇÃO SKYFALL, lembra desse? Aquele com a música clássica da Adele. Lá o agente James Bond está sendo caçado, ele acaba se escondendo em sua própria casa antiga, onde a equipa com várias armadilhas para os inimigos. E você consegue adivinhar o que Rambo fez nesse filme? Quem acertar, ganha um prêmio.

E essa cascata de clichês não para, as coisas simplesmente acontecem do nada, tudo no filme é muito difícil ou é muito fácil, simples assim. Se aparece algum problema, a solução cai do céu. O roteiro é preguiçoso e amador, porém seu pior defeito é bater na tecla do pensamento errado. Os vilões são os mexicanos maldosos, o justo é apenas o americano fortão e patriota que salva mulheres a todo o momento. Conveniência atrás de conveniência, xenofobia com uma pitada de machismo, isso é RAMBO – ATÉ O FIM.

Quem conhece essa série de filmes, sabe que uma trama bem construída nunca foi o forte, mas pelo menos, nós temos que concordar que até o quarto filme, tínhamos pelo menos uma variedade maior de personagens com motivações próprias. Aqui todos os personagens são mecânicos e apenas joguetes do Rambo, parece na verdade um vídeo-game onde a gente sai matando um monte de gente do nada. Ninguém do elenco entrega algo no mínimo parecido com um desempenho, atuação aqui não existe. A estrela do filme está praticamente morta, Sylvester Stallone parece quase um mendigo, implorando para o público o seu dinheiro. Não tem emoção, não tem carisma, não tem conexão, um desempenho desconfortável que para o ator parece um martírio, só não é maior do que o martírio do espectador que está sentado assistindo. E tudo consegue piorar quando, do nada, aparece uma narração podre sobre sentimentos, uma breguice sem fim.

No Brasil, o filme recebeu a classificação para maiores de 18 anos e ela se prova muito correta, já que o filme é muito violento e entrega cenas extremamente gráficas. Cenas até muito apelativas. A ação dos filmes do Rambo sempre foi insana, porém divertida, aqui é só tosca mesmo. Não leve crianças ou jovens para assistir esse filme, é realmente muito pesado.

E novamente temos uma continuação desnecessária que já estava fadada ao fracasso desde o momento em que foi anunciada. Eu não consigo entender como alguém pode ter lido esse roteiro e ter aprovado, uma tragédia colossal. Um filme burro e ignorante que perpetua preconceitos e machismos. Uma coisa era ter um filme antigo do Rambo com ideias erradas, lá dos anos 80, outra coisa é ter esse mesmo pensamento em 2019, cadê a evolução? Cadê o amadurecimento de ideias? O primeiro Rambo, lá de 1982, continua sendo o melhor da franquia, e suas continuações não eram de se jogar fora, mas esse novo é dispensável, qualquer coisa ou assistir nada é melhor do que assistir RAMBO – ATÉ O FIM.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Adrian GRUNBERG
DISTRIBUIÇÃO: Imagem Filmes
DURAÇÃO: 1 hora e 40 minutos
ELENCO: Sylvester Stallone




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