A série de tv GAME OF THRONES é uma das maiores da história, e os livros que inspiraram a mesma, são ícones a parte. A lendária história dos Sete Reinos e suas disputas para ver quem vai ocupar o Trono de Ferro foi lançada originalmente em 1996, atualmente tem cinco volumes e muitas tramas para se resolver em livros futuros. O início veio com o lendário A GUERRA DOS TRONOS, agora relançado numa nova casa, oferece ao leitor uma experiência de imersão total num mundo novo e brutal, quer se maravilhar também? Vamos lá!

É um universo enorme, com vários personagens e narrativas, que acontecem em diferentes partes do mundo, mas aqui, no primeiro volume, os protagonistas são a família Stark. Os Starks são os Lordes do Norte, uma vasta terra, com descendência muito antiga, e seu povo é bastante castigado pelo frio extremo. Diferente dos povos sulistas, com seu clima agradável, os nortistas sobrevivem às adversidades de um clima que é pesado até mesmo durante o verão e o lema deles é: “O inverno está chegando”. Manter-se preparado e esperando o pior é essencial.

A trama se inicia com a comitiva do Rei dos Sete Reinos se dirigindo para uma visita a Winterfell, castelo da família Stark. O rei Robert foi um grande companheiro e amigo fiel de Ned Stark, Lorde de Winterfell. Eles derrubaram a dinastia dos reis dragões e iniciaram uma nova era. O segundo no comando, Mão do Rei, era Jon Arryn, homem que criou ambos, Ned e Robert, em seu castelo como protegidos. Agora, a antiga Mão do Rei está morta, Robert procura uma nova, e vai ao Norte oferecer o cargo ao único grande amigo de confiança que lhe restou. Porém, aceitar esse cargo é quase que um castigo para Ned Stark, que nunca se interessou pela rede de mentirosos e oportunistas que é a corte de Porto Real, lar do Rei Robert, ocupante atual do Trono de Ferro. Se Ned aceitar ir para a corte, significa se tornar o segundo homem mais poderoso dos sete reios e, com isso, vem a oportunidade de investigar a morte de Jon Arryn, que ocorreu em circunstâncias extremamente estranhas.

Na comitiva do Rei, vai junto grande parte da corte, inclusive sua esposa, a rainha Cersei Lannister, que vem de uma casa rica e orgulhosa que não esconde seu desgosto pelo Norte e principalmente pelos Starks. Junto com a rainha, estão seus irmãos, Jamie Lannister, gêmeo da rainha e conhecido como Regicida, e seu segundo irmão, Tyrion Lannister, um anão que tem uma língua e conhecimento enormes para uma pessoa tão pequena.

E a narrativa vai se destrinchando a partir dessa visita da corte real a Winterfell. Seis membros da família Stark tem capítulos com narrativas pessoais e é nelas que conhecemos esse universo em que habitam ao mesmo tempo em que somos apresentados a dezenas e dezenas de personagens diferentes. Ned Stark, o senhor de Winterfell, é sem dúvidas o protagonista, e boa parte da trama gira em torno dele e de sua família. Sua relação com o rei é interessante, porque faz um paralelo ao homem que Ned conheceu no passado e o homem que ele se tornou. A frase que sua esposa, Catelyn Stark, diz para seu marido em determinado momento da história, resume bem essa interação: “Você conhece o homem, o rei é um estranho para você“.

Seus três filhos legítimos, Sansa, Arya e Bran, também tem capítulos pessoais e com eles é possível notar o olhar das crianças para todas essas intrigas e pessoas estranhas que estão em sua casa. O autor é um mestre na escrita e cada capitulo é narrado por um personagem diferente, isso ficou claro, porém cada capitulo tem suas características próprias de personagem. Um é mais inocente, outro mais rebelde, um mais curioso, outro centrado e um mais sonhador. Todas essas diferenças se fazem presente na leitura que se torna mais envolvente a cada novo capitulo.

O segundo maior arco da narrativa é visto pelo ponto de vista de uma princesa exilada, no distante mundo para lá do Mar Estreito, Daenerys Targaryen. Filha do antigo rei dragão que sentava no Trono de Ferro, a jovem teve que fugir com seu irmão mais velho, ainda crianças, para o outro lado do mundo, fugindo da fúria de Robert e seus aliados quando entraram na guerra para destruir a dinastia dos Targaryen, que no passado foram os reis domadores de dragões, extremamente poderosos e temidos. Danny e seu irmão, Viserys, vivem de favor na casa de ricaços, sonhando com uma oportunidade de voltar para casa. Mas para voltar é necessário um exército, e Viserys vende Deanerys, em forma de esposa, para um grande guerreiro bárbaro que lhe promete em troca uma horda de guerreiros sanguinários, para que com eles, consiga de volta o trono que é seu por direito, à base da força. E em seus capítulos, Danny nos apresenta o rico e brutal modo de se viver no outro lado do mundo. As culturas são as mais variadas possível e a lei parece não existir. Forçada a se casar tendo menos de quinze anos, maltratada pelo irmão e vendida como mercadoria, seus capítulos vão do céu ao inferno, com tragédias, tristezas, vitorias e magia. Sem dúvidas uma das maiores maravilhas presentes no livro.

O que enriquece A GUERRA DOS TRONOS é a quantidade de detalhes presentes na narrativa. Cada membro vem de uma família grande, que tem uma história enorme, e através de pensamentos e devaneios, conhecemos um pouco do passado desse universo, que se mostra tão rico quanto o mundo atual em que os personagens estão vivendo. Os detalhes também vão para a ambientação do mundo, idiomas, lemas e até mesmo em religiões. É tudo tão bem feito e palpável que o leitor entra de cabeça. Mas é importante deixar claro que no começo, a leitura não é fácil e nem um pouco amigável. Um grande número de detalhes, personagens e lugares são apresentados de cara, e o leitor precisa se situar para não se perder. O livro é gigante e isso é ótimo, porque, com o tempo, o leitor se acostuma e passa a desejar ainda mais detalhes. Quase todos so personagens são apresentados como cinza, aquele que não é nem extremamente bom ou extremamente mau, um olhar que condiz bem com a realidade de seres humanos. Nós acertamos, erramos e, às vezes, isso acontece ao mesmo tempo, e no livro isso está muito presente.

E não podemos esquecer o que eternizou essa série de livros, a coragem do autor de ir além do total desapego em personagens para poder chocar o leitor com uma trama que não tem medo de cruzar todas as barreiras. As últimas oitenta páginas são horríveis de tão dolorosas, e o leitor fica sem acreditar no que acabou de ler. Essa foi a terceira vez que eu li A GUERRA DOS TRONOS e a dor foi a mesma. A dor que vem junto de um choque, que vem também com surpresa e desdobramentos sensacionais. Incrível notar o quão os personagens evoluíram e para onde a narrativa caminhou. As pontas para as sequências são de tirar o fôlego e ao terminar, já queremos o próximo volume para ontem nas nossas mãos.

É uma luta e um desafio, uma maravilha poder ler esse primeiro volume das CRÔNICAS DE GELO E FOGO, uma das maiores e melhores fantasias já criadas. Mistura com perfeição tramas políticas, jogos de interesse com o extraordinário, o inexplicável, com um toque de magia. Essa nova edição vem pela editora Suma e a qualidade continua chocante de tão bem-feita. No final ainda temos mapas para situar onde cada arco se passa e também temos um apêndice que reúne todas as famílias e personagens, sendo assim extremamente fácil entender quem é parente de quem e porque essas pessoas se odeiam. Uma leitura que só enriquece o nosso ser, extraordinária do início ao fim.


AVALIAÇAO:


AUTOR: George R. R. MARTIN nasceu em Bayonne, Nova Jérsei, filho de um estivador, cuja família de classa operária vivia perto das docas de Bayonne. Quando jovem, ele se tornou um leitor ávido de quadrinhos de superheróis. A edição de novembro de 1968 do Quarteto Fantástico possui uma nota ao editor que Martin escreveu quando ainda estava na escola. Ele credita a atenção que ele recebeu com a carta, junto com seu interesse em quadrinhos, como sua inspiração para se tornar escritor. Em 1970, Martin recebeu sue Bacharelado em jornalismo na Universidade Northwestern, Illinois, se formando com muitos elogios. Ele depois completou um Mestrado em jornalismo, também em Northwestern, em 1971. Martin começou a escrever contos de ficção científica no começo da década de 1970, apesar de o início de sua carreira não ter sido fácil (uma de suas histórias foi rejeitada por diferentes revistas 42 vezes), ele nunca se desencorajou; anos depois ele venceria seu primeiro Hugo Award e Nebula Award por um de seus contos.
TRADUÇAO: Jorge CANDEIAS
EDITORA: Suma
PUBLICAÇAO: 2019
PÁGINAS: 580


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