Temos aqui mais uma adaptação de uma HQ famosa para os cinemas. A bola da vez se chama RAINHAS DO CRIME, que foi baseado nos quadrinhos famosos da DC, sob o selo da Vertigo, casa destinada a publicar tramas mais adultas. A história segue três donas de casa que assumem o comando de uma grande rede criminosa depois de seus maridos serem mandados para a cadeia. Interessante, né? Vem descobrir mais!

A trama se desenvolve na linda e perigosa Nova York dos anos 70, onde cada quarteirão é dominado pela máfia, sendo ela italiana, judia e etc. Aqui teremos um bairro Irlandês com o foco central, e as famílias antigas e poderosas mandam em tudo. Com os maridos na cadeia, sem renda para sobreviver e com a máfia Irlandesa sendo comandada por um grupo de otários, três donas de casa se unem para botar ordem na casa. E ao criarem um método mais eficaz, as mulheres logo se tornam extremamente poderosas e influentes, atraindo para si a ira de muitos inimigos. O problema é que os maridos vão sair da cadeia em poucos anos e como será que eles irão reagir a um mundo onde eles não têm poder algum?

No papel tudo é perfeito, o trailer prometia um filme interessante e bem construído, mas infelizmente o resultado final fica muito longe disso. Sobre a fidelidade da trama com os quadrinhos, eu não posso opinar, já que não conheço a história original, mas o roteiro que temos é tão afetado e mal desenvolvido, que realmente parece uma obra feita por uma pessoa totalmente inapta para a tarefa. Porém é curioso notar que direção e o roteiro foram comandados por Andrea Berloff, a mesma que já foi indicada ao Oscar na categoria de melhor roteiro, então o que será que aconteceu? A trama de RAINHAS DO CRIME não caminha, ela é empurrada à força. As personagens precisam ir de um lugar para o outro e simplesmente elas vão. Alguma coisa precisa acontecer para motivar outra coisa, e ela simplesmente cai do céu e tudo se resolve. Você não sente o caminhar, nada soa natural, o que tem que acontecer, vai acontecer, mesmo que o espectador nem consiga acompanhar o que diabos acabou de rolar.

O tanto de conveniências que o filme joga para o espectador atrapalha muito a imersão na trama. Some a isso a falta de força dramática do roteiro, você não consegue sentir o perigo eminente que as protagonistas passam todos os dias. Você não sente dificuldade, parece que tudo que elas construíram foi muito fácil. A direção também não ajuda o filme a se reerguer e parece seguir um manual de como fazer um filme prático e fácil em casa. Do nada as protagonistas se unem, do nada decidem agir e literalmente do nada tudo começa a dar certo para elas. É uma trama que não tem desenvolvimento em nada, não tem peso dramático, não tem perigo e não tem uma mensagem.

Então é isso, o filme é uma catástrofe. De fato, seria, se não tivesse seu incrível e premiado elenco que é bom sozinho. Mesmo com um roteiro ruim, o elenco se sobressai, principalmente o trio feminino comandado pela maravilhosa Melissa McCarthy, que domina com maestria a comédia e também o drama. A atriz se mostra uma líder inteligente e carismática, nunca perdendo a majestade. Elizabeth Moss, a estrela de THE HANDMAIDS TALE,  insere toda a sua suprema experiência ao viver a personagem que mais se transforma no filme, passando de vítima de violência doméstica, para uma das mulheres mais temida das ruas. Fechando o trio, temos a também comediante Tiffany Haddish, que rouba o filme para si e estrela as melhores cenas, os melhores diálogos e também o único desenvolvimento propriamente dito que se esforça e até consegue entregar no final umas interessantes reviravoltas.

Eu reclamei bastante e, mesmo com todos os defeitos, o filme conseguiu me entreter. O ritmo até que flui bem e sem falar que é uma delícia ver essas mulheres poderosas em trajes maravilhosos, roubando todo mundo e matando um monte de homens safados. Tecnicamente, o filme se sai muito bem ao nos jogar no final dos anos 70. Os figurinos são bonitos, a trilha sonora é bacana e a direção de arte une tudo com bastante competência. Fica a recomendação com ressalvas, é como um biscoito quebrado, não tem a forma que deveria ter, mas ainda dá pra comer.


AVALIAÇAO:


DIREÇAO: Andrea BERLOFF
DISTRIBUIÇAO: Warner Bros.
DURAÇAO: 1 hora e 43 minutos
ELENCO: Melissa MCCARTHY, Elizabeth MOSS, Tiffany HADDISH