ALMANOVA

Ana é nova. Por milhares de anos, no Range, milhões de almas vêm reencarnando, num ciclo infinito, para preservar memórias e experiências de vidas passadas. Entretanto, quando Ana nasceu, outra alma simplesmente desapareceu… e ninguém sabe por quê. A própria mãe de Ana pensa que a filha é uma sem-alma, um aviso de que o pior está a caminho, por isso decidiu afastá-la da sociedade. Para fugir deste terrível isolamento e descobrir se ela mesma reencarnará, Ana viaja para a cidade de Heart, mas os cidadãos de lá temem sua presença.

Então, quando dragões e sílfides resolvem atacar a cidade. Sam acredita que a alma nova de Ana é boa e valiosa. Ele, então, decide defendê-la, e um sentimento parece que vai explodir. Mas será que poderá amar alguém que viverá apenas uma vez? E será também que os inimigos – humanos ou nem tanto — de Ana os deixarão viver essa paixão em paz? Ana precisa desvendar grandes segredos: O que provocou tal erro? Por que ela recebeu a alma de outra pessoa? Poderá essa busca abalar a paz em Heart e acabar por destruir a certeza da reencarnação para todos?

Passado, presente ou futuro, não sabemos ao certo em que tempo estamos. Menos ainda, onde ou porque tudo acontece. A única coisa clara é que as pessoas estão reencarnando há mais de 5.000 anos. Até que um dia, tudo muda, uma alma nova surge e uma pessoa querida deixa de existir.

Interessante, porém confusa. Sou a favor da fantasia sem limites, mas por vezes, a falta de veracidade, de conexão como nossa realidade, ou explicações para que a história faça sentido e conquiste, podem atrapalhar um pouco na compreensão. Em ALMANOVA, somos apresentados a uma realidade com dragões e outros seres mitológicos, com uma sociedade que reencarna há mais de 5.000 mil anos, mas sem muitas explicações. Não sabemos nada além disso. Esse é o nosso mundo, ou um outro totalmente à parte? A história se passa no passado ou no futuro? O que aconteceu nesse mundo de fantasia para ele ser como é? Após as 320 páginas, não teremos essas respostas. Apenas devemos aceitar como o mundo é, as coisas são desse jeito porque são.

A narrativa constrói personagens que podem não agradar a todos. A protagonista, Ana, apesar de seus 18 anos, tem comportamentos imaturos e, por vezes, infantis. E como tal, ela tem algumas decisões controversas, que podem transmitir sentimentos conflitantes sobre uma admiração por si mesma demasiado grande, um convencimento que dificulta empatia e torna sua jornada um pouco maçante, até chata em vários momentos.

Os personagens secundários carecem do mesmo cuidado. Dessa vez, não pelos comportamentos ou posicionamentos, mas por terem pouco espaço dentro da história. Acredito que se tivesse existido mais destaque para eles, um maior desenvolvimento, uma participação mais incisiva, a antipatia que tive da personagem principal poderia ser menor. Até o coitado do Sam, que é um dos protagonistas, tem pouco espaço entre as páginas, com diálogos pouco inspirados e nem sempre coerentes com sua personalidade. Terminamos o livro sem entender quem ele realmente é e quais são suas verdadeiras intenções com Ana.

Numa série de livros, as coisas demoram um pouco para acontecer, ou muitas perguntas ficam sem resposta. Este primeiro volume, realmente não responde muita coisa. Os mistérios permanecem no ar, e isso pode deixar muitos leitores frustrados ou ansiosos. Eu acho que teria ficado melhor se algumas coisas tivessem sido respondidas, despertar aquela sede no leitor pelo próximo livro, porque nem sempre um volume com uma alta quantidade de dúvidas, conquista quem está lendo. Por vezes, pode até afastar.

De qualquer forma, eu acredito que não sou mais o público alvo da obra. Leitores de menos idade poderão apreciar muito mais, principalmente em relação à protagonista. Mas é uma opinião minha, pode ser que não seja assim, pode ser que as partes não tão boas, realmente careçam de melhor desenvolvimento, ou pode ser que você, quando ler, não pense igual.

Se você gosta de fantasia, se tem identificação com personagens de personalidade complicada, imperfeita em vários sentidos, e se sente à vontade em ler séries, sabendo esperar pelas respostas que deverão vir nos volumes seguintes, se aventure, leia. Eu não consegui apreciar como desejava. Se você ler, volte aqui depois e compartilhe o que achou.

AUTORA: Jodi MEADOWNS
TRADUÇÃO: Ana RESENDE
EDITORA: Valentina
PUBLICAÇÃO: 2012
PÁGINAS: 320

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