Jack tem um porquinho de pelúcia cor-de-rosa que ele chama de O Poto. OP, como ficou conhecido, está ao lado de Jack nos bons e maus momentos e compreende todos os seus sentimentos. Até que, em uma véspera de Natal, para grande tristeza do menino, OP é perdido. Jack ganha um novo brinquedo, o Porquinho de Natal, e é este substituto que vai armar um plano para que, juntos, eles embarquem em uma jornada repleta de magia em busca do que foi perdido e a fim de reencontrar o melhor amigo que Jack já teve.

Quando Jack ainda era muito novo, seus pais se separaram e Jack precisou se acostumar a ter duas casas, uma da mãe e outra do pai. Somado a isso, Jack começou a frequentar a escola e a sofrer bullying. A única pessoa que se tornou sua amiga foi uma menina mais alta do que a maioria e que praticava ginástica, Holly. Graças a ela e ao ursinho OP, os dias eram suportáveis, até mesmo alegres.

Mas um dia, a mãe de Jack encontrou outro amor e apresentou o namorado a Jack. O homem tinha uma filha, que para surpresa de Jack, era Holly, a menina da escola. Só que Holly não aprovava o namoro do pai, e muito menos ter um irmão. Então a menina simpática que Jack conheceu na escola, se tornou uma irmã difícil, que fazia de tudo para implicar com Jack e tornar seus dias um inferno.

Em uma dessas discussões, Holly provoca uma situação que culmina com o desaparecimento de OP. Jack fica inconsolável, a tal ponto, que até mesmo Holly se arrepende e começa a enxergar o novo irmão com mais ternura. Só que isso não irá trazer OP de volta. Para tentar remediar o sofrimento do garoto, o pai de Holly dá para Jack um novo porquinho, o Porquinho de Natal. Mas o brinquedo não é OP. E Jack recusa.

Na véspera de Natal, pouco antes da meia-noite, o Porquinho cria vida e avisa Jack que existe uma forma de encontrar OP e trazê-lo de volta. É uma aventura que precisa terminar antes do primeiro minuto do dia de Natal, por isso eles precisam se apressar. Jack aceita o convite e embarca com o Porquinho em uma aventura no meio de uma terra de fantasia, cheia de personagens incríveis, mas também de muito perigo.

JACK E O PORQUINHO DE NATAL é uma fantasia infantil muito semelhante a dezenas de outras sobre o tema de Natal, onde o personagem principal, através de uma jornada no meio de lugares impossíveis e o encontro com personagens que acrescentam camadas de maturidade e descobertas, consegue atingir um objetivo que o tornará mais completo e feliz. Embora Jack seja uma criança, ele passa por dificuldades em casa, de aceitação na escola, e de relacionamento com a nova irmã. Além disso, ele é psicologicamente e emocionalmente dependente de um brinquedo, o OP, e ele precisa abrir mão dessa dependência para crescer.

E como a maioria dos contos de Natal, com certeza o leitor irá se emocionar com o final. Todos eles são feitos para realmente emocionar. E JACK E O PORQUINHO DE NATAL é competente em sua conclusão. Jack aprende que a vida é feita de escolhas, certas ou erradas, e que precisa abrir mão de certas dependências para conseguir prosseguir, que precisa compreender que relações vêm e vão, que é natural, e que embora cada pessoa represente um pedaço dele, ele precisa estar aberta para novas relações, porque isso não significa abandonar as antigas. Ao final, Jack cresce, amadurece.

O mesmo acontece com sua relação com Holly. Os dois conseguem compreender que os pais são pessoas normais, são como qualquer homem e mulher, e que Holly e Jack são irmãos, que isso não significa que Holly vai perder a mãe ou que Jack vai perder o pai. Mais ainda, eles aprendem a confiar um no outro, recuperam a amizade que foi iniciada antes de se tornarem uma família.

É comum que seja necessário perder algo para valorizar, o ser humano, na sua maioria, tem esse comportamento. E Jack não é diferente. Então para ele realmente descobrir o que lhe é importante, ele vai precisar perder algo. E essa é a parte de JACK E O PORQUINHO DE NATAL que talvez seja a mais difícil de fazer as crianças compreenderem. É uma missão para os adultos ajudarem o jovem leitor a passar por esse trecho e, talvez, a dividirem uma ou duas lágrimas.


AUTORA: J. K. ROWLING
TRADUÇÃO: Ryta VINAGRE
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 320


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