Figurinha repetida em filmes de drama e ação, Denzel Washington é um dos atores mais conhecidos e amados em atividade. Já foi premiado com dois Oscar e tem uma legião de admiradores que assistem tudo que ele faz. Pela primeira vez em sua carreira, o ator volta em uma continuação. Lançado em 2014, o trilher O PROTETOR acompanhava um ex-agente secreto que, munido de seu senso de justiça, parte na defesa dos oprimidos que encontra nas ruas. Com o sucesso de bilheteria, uma continuação logo foi produzida, e dito e feito, estamos aqui com O PROTETOR 2, um filme que poderia facilmente não existir.

Vivendo escondido, o ex-agente secreto Robert trabalha como motorista ao mesmo tempo em que ajuda todos que precisam de socorro. Auxiliado por sua amiga, um contato na agência, ele faz justiça com as próprias mãos nos casos que geralmente passariam despercebidos. A calmaria de sua vida vai pro ralo, quando sua amiga é misteriosamente morta depois de ter investigado o assassinato de um casal na Bélgica. Decido a achar a verdade desse crime, Robert volta à ativa, deixando para trás sua vida solitária.

Eu sou um homem muito poderoso, cansado de conflitos e querendo um pouco de paz. Ajudo a todos ao meu redor e gosto de coisas simples. Matam alguém próximo e automaticamente sou obrigado a voltar para o jogo. Ao mesmo tempo em que ajudo um jovem com potencial a seguir com estudos e trabalho, já que o menino mora numa área difícil/perigosa e estava com um pé no mundo das gangues. O roteiro segue essa cartinha e não se importa nem um pouco em trazer alguma migalha de originalidade. Além do texto ser irrelevante, é quase uma cópia exata do drama GRAN TORINO, de Clint Eastwood.

Sendo um filme de ação, é esperado, logicamente, ação e um ritmo um pouco mais acelerado, parecido com o que tinha no primeiro filme, mas neste caso, tudo isso foi jogado no ralo e a inércia reina. Para um filme de quase duas horas, ter apenas umas três sequencias de ação, o saldo fica muito baixo. Mas sendo justo, as poucas sequências que estão presentes no filme, são muito bem coreografadas e filmadas, graças ao competente trabalho de direção de Antoine Fuqua. Se não fosse por isso, o filme não teria absolutamente nada a oferecer, já que seu roteiro parece destinado a puxá-lo para o mais fundo possível do poço. Com um desenvolvimento ruim, a trama se escora em subtramas melosas e dispensáveis, como uma envolvendo um senhor de idade em busca de um quadro antigo de família, e até mesmo o arco envolvendo o jovem “semi-bandido”.

Para fechar com chave de ouro, o desfecho nos presenteia com o final mais óbvio possível. Sendo a única solução e aquela que você consegue desvendar em 40 minutos de projeção. O embate final, mesmo sendo bem filmado, é extremamente brega e cheio de absurdos, como uma pessoa que levou um tiro na perna em que a bala atravessou seu membro e em seguida aparece andando como se nada tivesse acontecido. E o protagonista? Ele pelo menos consegue salvar o filme da chacota total? Infelizmente, Denzel Washington está no piloto automático e com um desempenho afetado e bastante cansado. Na ação e no drama, o ator se esforça uns 10% e fracassa em 90% desses.

O resultado final é um projeto que nem era para ter saído do papel. Não tinha potencial para continuação e muito menos bagagem para fazer um filme tão inchado quanto esse. Para quem for fã do ator e quiser se arriscar, o primeiro filme, muito mais interessante, está atualmente disponível na Netflix.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Antoine FUQUA
DISTRIBUIÇÃO: Sony
DURAÇÃO: 2 horas
ELENCO: Denzel WASHINGTON, Pedro PASCAL, Melissa LEO e Ashton SANDERS