Um meteorito caiu na Terra e trouxe duas formas microscópicas de vida que estavam em hibernação: uma delas se multiplicou e se espalhou pela população como um vírus, gerando uma psicose canibal e irracional, obrigando os infectados a atacarem e matarem qualquer um para comerem carne humana; a outra infectou Magda, criando uma relação simbiótica e surgindo como um imenso inseto sempre que precisa se manifestar, para depois voltar à forma humana. Magda chama essa entidade de Máquina.

Máquina também tem fome, mas ela só se alimenta das pessoas infectadas ou quando corre algum risco. Magda utiliza a força e a velocidade de máquina para salvar vidas e se proteger. Mas algo começa a ficar diferente com os infectados, parece existir uma força desconhecida que atrai Magda e Máquina para uma armadilha que pode ser fatal para ambas.

As duas entidades são na verdade uma espécie de predador e foram responsáveis por eventos de extinção em outros mundos. O mesmo aconteceria na Terra, se a metamorfose de união com Magda não fosse tão completa e satisfatória. Toda a história é bastante interessante, com desenhos em preto e branco, traços redondos e disformes, que não chegam a comprometer o entendimento da ação ou a identificação dos personagens. A violência é visceral, explícita, com membros sendo arrancados, perfuração de crânios, pedaços de corpos sendo ingeridos, explosões, e por aí vai.

Magda é uma personagem carismática, que tem uma relação de dominação com a Máquina, mesmo esta última sendo mais forte fisicamente. As conversas que mantém, na mente que compartilham, são cheias de sarcasmo e ironia, o que torna a leitura bem agradável e, por vezes, apesar de todas as mortes, engraçada.

Máquina, quando assume o controle, literalmente se despe de Magda: abre o corpo, como se tivesse um ziper, e se desfaz da pele, mostrando sua forma de inseto bem nojenta. Nesses momentos, as lutas ganham o máximo de violência. Quando não é mais necessária, ela volta a vestir a pele de Magda e passa o controle para a mesma. É bizarro, estranho, diferente, e por isso mesmo, excelente.

O único senão que me incomodou é o tratamento exageradamente expositivo dado a Magda. A personagem, quando na sua própria pele, é quase sempre desenhada em posições esdrúxulas e sexuais, com suas partes à mostra, mesmo quando não há qualquer necessidade ou sentido para isso. Eu até entenderia que a nudez fosse mostrada quando Magda troca de lugar com Máquina, afinal a pele é arrancada, mas não é assim. Mesmo quando Magda está vestida, o autor dá um jeito de subir o vestido ou a saia da personagem para mostrar sua bunda, sua calcinha ou seus peitos. E muitas das posições colocam em destaque o sexo da personagem. Não sei qual a finalidade, se é para aquele leitor adolescente se marturbar ou se é um feitiche do autor em compensar sua libido. De qualquer forma, é desnecessário e rebaixa a qualidade da obra.

No mais, MAGDA é uma HQ nacional criativa, com uma história violenta, uma personagem interessante, inteligente, forte, que certamente agradará ao leitor, desde que ignore os defeitos apontados acima. E acredito que a maioria dos homens fará isso.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Rafa Campos ROCHA
ILUSTRADOR: Rafa Campos ROCHA
EDITORA: Quadrinhos na Cia
PUBLICAÇÃO: 2016
PÁGINAS: 144


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