Vivemos em tempos solitários. Tempos de poucos sentimentos com qualquer pessoa que fuja do nosso ciclo de amizade. Tempos em que o amor, o carinho e o respeito com o desconhecido parecem cada vez mais distantes, realidades de uma época em que as pessoas realmente sabiam o que era ser humano. OS MENINOS DA CAVERNA surge para mostrar que a empatia com o próximo ainda existe.

Durante 21 dias, o mundo parou para acompanhar o resgate dos meninos da caverna na Tailândia. Seja fazendo massagem, com traduções ou até mesmo com orações, pessoas de diferentes regiões do globo terrestre torciam para aquela pequena seleção, os Javalis Selvagens, meninos de coragem.

O livro conta justamente essa narrativa, e de todas as pessoas que, mesmo de uma forma mínima, fizeram parte dessa história. Em forma de reportagem especial, Rodrigo Carvalho, jornalista da Globo News, noticia o dramático resgate e tudo aquilo que aconteceu logo após o “milagre de sobrevivência” (os 11 jogadores o treinador saíram vivos, sem traumas).

Não vá ler OS MENINOS DA CAVERNA acreditando que se trata de um arquivo sobre o resgate. É mais um triunfo da empatia em meio ao desespero do que poderia ter sido caso a operação tivesse fracassado. Em 175 páginas que passam em um piscar de olhos, cada capítulo comunica e reconhece a solidariedade que paralisou uma Copa do Mundo, tocou milhões de telespectadores e leitores e uniu o mundo inteiro vibrando por um só time.

O que fez diferença no resgate dos Javalis não foi a tecnologia, mas as pessoas – um grande trabalho coletivo pelo o que parecia impossível. Nos meus últimos dias em Chiang Rai, ouvi um ditado tailandês que ajuda a entender por quê os meninos saíram lá de dentro.

A forma com Rodrigo Carvalho escreve revela toda a sua fé é pessoalidade – em um sentido de parte da sua vida pessoal – com tudo aquilo. As palavras utilizadas são simples, mas poéticas. A narrativa fluí, toca e envolve. Recomendo para todos os leitores.

Um dos mergulhadores, de surpresa, leva bloquinhos e canetas para o grupo no fundo da caverna. Pela primeira vez, os meninos e o técnico escrevem cartas para as famílias. Alguma dessas mensagens:
– Mamãe e papai, e amo vocês. Se eu conseguir sair, por favor, me levem para comer torresmo.
– Estou bem. Está um pouco frio, mas não se preocupem. E não se esqueçam do meu aniversário
– Sinto falta de vocês. Quero muito sair daqui.


AVALIAÇAO:


AUTOR: Rodrigo CARVALHO é repórter, correspondente da GloboNews e da TV Globo na Europa, baseado em Londres. Também escreveu Vivos em baixo da terra (Globo Livros, 2010), sobre o resgate dos trinta e três mineiros chilenos.
EDITORA: Globo Livros
PUBLICAÇAO: 2019
PÁGINAS: 175


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