O filho de Poseidon está de volta e se engana quem pensa que os problemas acabaram. Em PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS, o jovem semideus e seus amigos precisam correr contra o tempo para proteger o único lugar onde eles podem ficar protegidos contra as forças do mal, o Acampamento Meio-Sangue. Será que esse segundo volume supera o anterior? E o filme, vale a pena? Vamos descobrir.

Várias coisas acontecem rapidamente e Percy precisa agir de imediato. Depois de se adaptar a uma nova escola, o jovem conhece um estranho rapaz alto e tímido que lhe faz companhia durante a chata jornada do colégio. A rotina vai pelos ares quando Percy é atacado numa aula de educação física e só consegue sair ileso disso, pois seu amigo, Tyson, o gigante tímido, o salva, se provando também um ser mágico. E para onde ir depois de ser atacado? O Acampamento Meio-Sangue parece ser a escolha óbvia, mas ao chegar lá, Percy se depara com o pior cenário possível. Acampamento sendo atacado, a cerca magica que protege o lugar está caindo e Grover, seu amigo sátiro, está desaparecido e aparentemente em perigo. Agora Percy e seus amigos precisam correr contra o tempo para achar um artefato magico, há muito tempo desaparecido, que tem a habilidade de curar qualquer coisa onde o mesmo tocar. Mas ele está aparentemente no lugar mais traiçoeiro do mundo, conhecido pelos humanos como Triangulo das Bermudas ou para os olimpianos de Mar de Monstros.

O livro já se inicia bem diferente do seu anterior, pois a trama é rapidamente instalada e o autor não perde muito tempo com detalhadas descrições desnecessárias. A trama tem vários pontos fortes, o primeiro deles é a relação de Percy com Tyson, esse rapaz alto que é bastante tímido. Antes do mesmo salvar Percy, já dá pra notar que ele é um ser mágico, mas a revelação da espécie do mesmo acaba não sendo muito mais importante do que o parentesco do rapaz. Tyson é irmão de Percy, também um filho de Poseison, e para Percy fica um misto de surpresa e vergonha, pois no seu interior, ele não queria um irmão ciclope e bobão. Esse arco ajuda a desenvolver bastante o caráter do nosso protagonista, que precisa vencer um forte sentimento de grandeza e inveja que fica martelando no seu interior. Ele pode ter vergonha de Tyson, mas o grandão é uma pessoa boa, forte e habilidosa e a construção do relacionamento entre ambos é um dos motores da trama e que no final se prova um arco divertido e extremamente bem desenvolvido.

Em paralelo a isso temos Grover, que no final do livro anterior, partiu numa missão pessoal e que agora se encontra em apuros. O mesmo consegue construir uma rede de conexão neural com Percy e se comunica com o mesmo através de sonhos. E é lá que Grover conta que está sendo mantido em cativeiro por um monstro que quer casar com ele, sim, é isso mesmo que você leu. Grover caiu numa armadilha e seus amigos precisam ir a seu socorro. Acaba que esse salvamento se torna bastante oportuno, já que Grover está preso numa ilha, no meio do Mar de Monstros, mesmo lugar onde o artefato magico está escondido. Então achando Grover, se acha a salvação para o acampamento, o que poderia dar errado?

O que dá errado é que Percy acaba não sendo escolhido para partir nessa missão, onde quem assume essa empreitada é Clarisse, a semideus, filha de Ares, deus da guerra e arqui-inimiga de Percy. Obviamente Percy seus amigos vão assim mesmo para a missão que precisa ser cumprida com rapidez. A árvore de Thalia, filha de Zeus, que morreu na entrada do Acampamento, é o que dá vida a barreira que protege o lugar, foi envenenada e está morrendo. Salvar a árvore é garantir a segurança de todos, será que eles vão conseguir?

É importante entender que PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS é um livro de transição, é a continuação de um grande conflito que no final vai ser um evento que pode mudar para sempre o mundo dos nossos heróis. São pequenas sementes que vão sendo plantadas aqui para que mais para frente possa se colher uma trama consistente que vai envolver a todos. Mas ainda assim, a leitura se prova um volume muito criativo e que funciona por si só como um bom divertimento. A mitologia foi expandida, novos deuses e poderes são apresentados e levar a história para o mar, lar dos poderes do nosso protagonista, foi uma jogada de mestre. Os minis conflitos que os personagens precisam vencer são como sempre loucos e bizarros. Pode-se argumentar que o livro lembra bastante Harry Potter em vários aspectos e isso tudo é verdade, mas cópia ou não, o autor soube trazer os clichês do gênero para o seu universo de maneira coesa e divertida. Quando se lê um livro desse gênero, o que mais o leitor quer é se divertir e passar o tempo e isso a gente consegue fazer com louvor aqui.

A trama aqui voa e é muito fácil não querer mais sair dela. Os capítulos são curtos e as coisas acontecem com clareza. No final nós não temos um desfecho completo, pois nossos heróis só conseguiram atrasar um grande conflito, ele ainda está se desenvolvendo nas sombras. E nesse meio tempo nossos heróis precisam evoluir e se aperfeiçoar, ao mesmo tempo em que precisam digerir um fato de cair o queixo. O acontecimento final é bem inesperado e veio para mudar tudo, abrindo assim um arco novo para os próximos volumes que prometem ser ainda mais eletrizantes. O que será que vai acontecer? Para quem gosta do gênero e estilo de leitura, é um livro imperdível que não fica devendo nada para outras famosas sagas, vale sim o nosso tempo dedicado.


AUTOR: Rick RIORDAN
TRADUÇÃO: Ricardo GOUVEIA
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2014
PÁGINAS: 304


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FILME

A adaptação para os cinemas de PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS saiu em 2013, três anos depois que o primeiro foi lançado. O seu anterior teve criticas mistas dos profissionais da área, mas para os fãs, o resultado final foi uma catástrofe que tinha pouco ou quase nada a ver com o material original. As mudanças foram tão bruscas que assustaram os fãs e, para muitos, desrespeitaram o material original. Mas será que eles repetiram os mesmos erros? Vamos descobrir agora.

A trama base é a mesma do livro, a Árvore de Thalia que gera o escudo protetor do Acampamento Meio-Sangue foi envenenada e o escudo foi derrubado. Correndo contra o tempo, Percy precisa ir, junto com seus amigos, para o Mar de Monstros, encontrar um artefato magico capaz de curar a árvore e restaurar o escudo. Mas no meio disso tudo, Percy descobre que tem um irmão, um irmão ciclope gigante e bobão, que o seguirá para todo o lado. Resta para Percy levar seu novo irmão nessa missão ao mesmo tempo em que precisa vencer o desapontamento com o seu pai, Poseidon, que parece não lhe responder nunca e também vencer a vergonha desse seu novo parente desajeitado.

De fato esse segundo volume é mais fácil de se adaptar, pois sua trama é mais pé no chão, trabalhamos aqui com mais certeza dos fatos e um caminho que vai de A para B. Também é engraçado notar o desespero dos roteiristas em consertar deslizes do filme anterior, apresentando fatos explicativos importantes para a nova trama. Fatos esses que estavam no primeiro livro, que não foram apresentados no filme anterior e que agora precisam entupir todo um filme com trama que deveria já está firmada há muito tempo. Todo o arco sobre Thalia, a filha de Zeus, e a Árvore que dá vida ao escudo, são coisas extremamente importante em ambos os livros, mas que só foi apresentada agora. Provando que a adaptação do filme anterior foi, sim, uma porcaria que depois de três anos precisou ser consertada.

Como dito acima, a trama base é a mesma, porém o caminho até ela foi bem alterado. Principalmente porque o livro basicamente se passa no Mar e em ilhas, mas no filme, a jornada deles passa um bom tempo em terra e em cidades. Outra mancada que o filme anterior fez e que eles precisaram consertara foi a apresentação da personagem Clarisse, filha do deus da guerra, Ares. A mesma já tinha um pequeno destaque no livro anterior, mas foi cortada do primeiro filme, porém os roteiristas mais que inteligentes apresentaram agora a personagem, com a mesma saindo literalmente do nada. Ela também tem pouquíssimo a ver com a sua personagem no livro, mas pelo menos a personalidade forte é quase a mesma. No quesito cinematográfico, a nova personagem ajudou a trama a avançar, com a própria sendo uma espécie de antagonista para Percy.

Quando o assunto é Grover, o sátiro protetor de Percy, o filme teve que consertar novamente mais deslizes do anterior. Pois no final do primeiro livro, Grover parte numa missão pessoal e em seguida desaparece. É muito importante para a nova trama, Grover permanecer em cativeiro. Mas o filme anterior não fez isso, o sátiro não partiu em missão nenhuma e do nada eles inventam um sequestro para o mesmo. Faz sentindo dentro desse roteiro inventado, mas para quem leu o livro, fica até engaçado ver eles novamente desesperados tentando consertar as catástrofes que o filme anterior fez.

Como obra cinematográfica, PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS tem as mesmas qualidades técnicas do filme anterior. Efeitos visuais bonitos e competentes, trilha sonora eficaz e uma direção que constrói um filme bem mais montado que o anterior. O comando mudou e esse segundo filme tem um ritmo mais agradável e vai logo para onde tem que ir, perde pouquíssimo tempo com coisas desnecessárias. O elenco é okay e as substituições e adições na equipe não fazem muita diferença no resultado final.

Até agora tudo estava caminhando bem, a trama estava indo para o mesmo lugar que o livro, mas o ato final decide ir na contramão de tudo. A trama não é de transição, não é um caminho que vai levar até uma grande guerra. A grande guerra é agora em cinco minutos, tudo é jogado na cara do espectador e também tudo é resolvido com muita rapidez. Não dá pra gente digerir nada. Talvez os produtores queriam logo tentar dar um final para essa franquia de dois filmes, pois sabiam que os outros volumes não iriam ser adaptados e realmente não foram. Sete anos depois e até agora não tivemos e nem teremos uma continuação. Provavelmente por culpa do grande fracasso que foi esse segundo filme, culpa de um primeiro filme falho que desrespeitou os fãs e muito deles não quiseram dar uma nova chance pro projeto. Ir de novo e se decepcionar? Melhor ver em casa mesmo e assim vai pro ralo uma franquia que tinha tudo para dar certo, mas que graças a falta de visão criativa e a ganância, teve seu destino firmado logo no primeiro filme que manchou a reputação de Percy Jackson nos cinemas.

Felizmente, a Disney anunciou a adaptação de Percy Jackson como uma série de seu canal de Streaming, Disney+. Agora é esperar que seja mais fiel e que consiga agradar os fãs como o personagem merece.


DIREÇÃO: Thor FREUDENTHAL
DISTRIBUIÇÃO: Fox
DURAÇÃO: 1 hora e 47 minutos
ELENCO: Logan LERMAN, Alexandra DADDARIO,Brandon T. JACKSON