Se tem algo que vende muito, sempre, em qualquer mídia ou formato, é o erotismo. Obviamente que o mesmo acontece na literatura. Os números dos livros eróticos, os hot, são sempre enormes (com o perdão do trocadilho), muito acima da maioria dos outros gêneros literários, com exceções para grandes lançamentos de autores famosos, claro. Mas esse tipo de literatura possui uma outra característica: as histórias diferem pouco de uma para outra, na sua maioria. Como a oferta é vasta, a criatividade é escassa. Mas ainda existem autores que buscam algo mais do que apenas trechos eróticos, querem contar algo que vai além disso. Por isso, reuni aqui DEZ ÓTIMOS LIVROS ERÓTICOS QUE VOCÊ NUNCA OUVIU FALAR, porque apesar da qualidade, eles possuem uma narrativa diferente, não fazem parte daquele nicho que está mais interessado em números do que em qualidade. Aproveite!

PORNOPOPEIA, de Reinaldo Moraes: Ex-cineasta marginal obrigado, pela necessidade, a filmar vídeos promocionais, Zeca tem um único longa-metragem em seu currículo. Intitulado Holisticofrenia. Ele foi rodado sem recorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. “A única renúncia no filme foi à lógica”, diz o protagonista. Como Zeca, Reinaldo Moraes chutou o balde vazio da literatice bem-pensante na hora de escrever Pornopopéia, onde fala sobre temas contemporâneos como a obsessão pelo prazer e o individualismo exacerbado. Vivendo na base do improviso, sem dinheiro, Zeca precisa rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frango. Sem saber ao certo por onde começar, no entanto, ele acaba entrando numa espiral de sexo, bebidas e drogas. Esse é o ponto de partida do romance de Reinaldo Moraes, que escreveu um livro de excessos para a era dos excessos. O protagonista do livro é um produto do nosso tempo, com seu individualismo atroz e sua busca pelo prazer imediato. Sua ambição não é grande, mas seu apetite (por orgasmos e substâncias ilícitas) beira a voracidade. Essa fome o faz mergulhar numa jornada desregrada, de proporções quase épicas, que o autor narra com um texto fluido, inquieto, sempre em movimento, como o personagem. Na contramão dos (anti-)heróis tradicionais, Zeca não está atrás de redenção ou disposto a se transformar. Na maior parte do tempo, quer (muito) sexo, (muitas) drogas e mais nada. Não enxerga o ontem e o amanhã, só o agora. Esse jeito de ser eventualmente o incomoda (“Porra, às vezes desconfio que não aprendi nada com a vida. No resto das vezes tenho certeza disso.”), mas é algo que ele resolve com mais uma dose. Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto – de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura -, Pornopopéia é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.
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BALADA PARA AS MENINAS PERDIDAS, de Vange Leonel: Imagine se Peter Pan, Wendy e Sininho fossem lésbicas à solta na noite de uma metrópole, e a Terra do Nunca uma boate da moda cheia de meninas perdidas? Numa divertida releitura da clássica história, o novo livro de Vange Leonel retrata a cena clubber de jovens lésbicas modernas com toques de romance, música eletrônica, filosofia, fantasia e muito, muito sexo. Imperdível.
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PORNÔ CHIC, de Hilda Hilst: Edição ilustrada reúne os quatro livros obscenos da poeta, incluindo um texto inédito e crítica de Humberto Werneck, Alcir Pécora, João Adolfo Hansen, Jorge Coli, Eliane Robert de Moraes e entrevista a Caio Fernando Abreu.Em 1990, Hilda Hilst completava 60 anos, 40 deles dedicados à literatura. Insatisfeita com a publicação de seus livros em pequenas tiragens, o silêncio da crítica e a repercussão restrita, a poeta decidiu escrever “adoráveis bandalheiras”. A experiência deu origem à Trilogia Obscena formada por “O caderno rosa de Lori Lamby”, “Contos d’escárnio – textos grotescos”, “Cartas de um sedutor” e ao livro de poemas “Bufólicas”. Pornô chic reúne os quatro títulos, ilustrados, traz o inédito Fragmento pornográfico rural e fortuna crítica que aborda a polêmica fase erótica de Hilst. Considerados pela autora uma “experiência radical e divertida”, estes livros misturam humor, críticas à sociedade, todo tipo de práticas sexuais e referências a autores célebres pelo erotismo como Henry Miller e Georges Bataille. A leitura de Pornô Chic revela o quanto Hilst pode ser irônica, debochada e divertida sem perder o refinamento. Além disso, a edição recupera textos publicados na imprensa nos anos 1990, como um perfil da autora feito pelo jornalista Humberto Werneck e uma entrevista da poeta ao amigo e escritor Caio Fernando Abreu.O ciclo pornográfico de Hilst fez com que a escritora deixasse de ser considerada apenas uma autora sofisticada e lhe trouxe a fama de maldita – mas seu objetivo foi alcançado e sua obra atingiu um público maior. Aos 60 anos, ela expressou surpresa diante das críticas moralistas à suas bandalheiras: “A sexualidade pode ser adorável, perversa ou divertida, mas eu acho que o ato de pensar excita muito mais do que uma simples relação sexual. A mim pelo menos, há muitos anos é assim”.
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HISTÓRIA DO OLHO, de Georges Bataille: A expressão máxima do erotismo na literatura universal. Texto de estreia de Georges Bataille, História do olho é também sua obra mais célebre e um dos maiores clássicos da literatura erótica do século XX. Chocante e sacrílega, esta novela é a expressão máxima da obsessão do autor pela proximidade entre sexo, violência e morte, e sua dimensão filosófica se depreende do exercício ilimitado que Bataille faz de tal relação. Publicado em 1928 sob o pseudônimo de Lord Auch, o livro acompanha as peripécias sexuais do jovem narrador e de sua amiga Simone. Embebido da atmosfera do surrealismo francês, do qual o próprio Bataille chegou a fazer parte, o relato suspende do horizonte das personagens o interdito do universo adulto e propicia aos jovens uma jornada de extravagâncias que envolvem sadismo, orgias, tortura e loucura, culminando em um ato de transgressão.
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ELOGIO DA MADRASTA, de Mario Vargas Llosa: Vargas Llosa cria um contraponto perfeito entre o amor e a inocência, inspirado em situações da sua própria vida. O peruano revela no livro a volúpia da quarentona Dona Lucrecia, casada com Rigoberto e madrasta de Fonchito, com quem acabará se envolvendo. Reflexões sobre a felicidade, suas motivações obscuras e o paradoxal poder da inocência podem ser achados em cada uma das páginas, sustentando uma intensa narrativa poética. Lucrécia e dom Rigoberto vivem em contínua felicidade. Ela, uma mulher que acaba de completar 40 anos, nada perdeu de sua elegância e sensualidade; ele, no segundo casamento, descobriu finalmente os prazeres da vida conjugal. Juntos, crêem que nada pode afetar esse idílio, cheio de fantasias e sexo. Alfonso, ou Fonchito, filho de dom Rigoberto, parecia ser o único empecilho; amava demais sua mãe, Eloísa, para aceitar a chegada de uma madrasta. Mas até ele foi conquistado pelos encantos de dona Lucrécia. O amor do menino por sua madrasta, entretanto, vai muito além do que se esperaria de uma criança, criando uma linha tênue entre a paixão e a inocência que mudará o destino de cada um deles. Publicado no final da década de 1980, Elogio da madrasta é uma incursão bem-humorada e sutil de Vargas Llosa na literatura erótica e, ao mesmo tempo, uma sátira bem-humorada dos mitos e temas que consagraram esse estilo literário ao longo dos séculos.
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A CASA DOS BUDAS DITOSOS, de José Ubaldo Ribeiro: Nova edição do clássico de João Ubaldo Ribeiro que marcou época. A casa dos budas ditosos, lançado originalmente em 1999, foi o quarto volume de uma série chamada Plenos Pecados, em que cada título era dedicado a um pecado capital. Poderoso e original, o romance de Ubaldo sobre a luxúria conquistou um número imenso de leitores e, de quebra, cutucou os moralistas de plantão. Em 2004, seguindo o que se tornou uma tradição de seus romances, A casa dos budas ditosos foi adaptado para o teatro por Domingos Oliveira, num monólogo estrelado por Fernanda Torres, que assina a apresentação desta edição. O espetáculo permaneceu por mais de uma década em cartaz, levando as memórias de orgias, voyeurismo e sadismo dessa impagável libertina para mais de 700 mil pessoas em todo o Brasil. Escritor rigoroso, o baiano é clássico, chulo, requintado, cerebral, passional, trágico, cômico e universal.” ― Fernanda Torres, no prefácio para esta edição “A casa dos budas ditosos é ideal para quem quer entrar na literatura de João Ubaldo Ribeiro de forma divertida, pela luxúria, por meio de provocação, com linguagem indecorosa no melhor sentido.” – Nélida Piñon.
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O SOFÁ, de Crebillon Fils: Condenado por decreto divino a reencarnar sucessivas vezes como um sofá, o narrador deste livro tem de sustentar e dar apoio, literalmente, a diversos tipos de aventuras amorosas e sexuais, presenciando cenas que vão do alegre ao trágico. De quebra, compartilha com os leitores as mais variadas histórias de sacanagem, além de desmascarar a falsa virtude, a hipocrisia, o instinto, a vaidade, a fantasia e outros tantos vícios humanos. Ele só vai encontrar a libertação quando acomodar o casal perfeito, isto é, duas pessoas verdadeiramente apaixonadas. Com este ponto de partida e uma ambientação digna de ‘As mil e uma noites’, Crébillon Fils dá estocadas de aparente imoralismo e impertinência, conduzindo a trama a um desfecho surpreendente. Mas antes de chegar até ele, o leitor vai entender uma das mais famosas máximas do autor – a de que o libertino é, antes de tudo, um impotente – e será levado a uma nova idéia de libertinagem.
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A BIBLIOTECÁRIA, de Logan Belle: A jovem Regina Finch acaba de chegar a Manhattan para trabalhar na Biblioteca Pública de Nova York. Mas o que parecia ser a promessa de uma rotina tranquila em meio a clássicos da literatura logo se revela um irresistível jogo de sedução quando ela conhece o envolvente Sebastian Barnes, investidor da instituição e um dos homens mais cobiçados da cidade, que fica obcecado pela beleza da bibliotecária. A até então ingênua Regina se entrega a um crescente e selvagem desejo que parece consumi-la mais a cada dia, uma paixão que despertará na jovem sensações jamais imaginadas.
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PEQUENOS PÁSSAROS, de Anais Nin: Pequenos pássaros, assim como Delta de Vênus, é a ficção erótica mais difundida de Anaïs Nin em todo o mundo. Estas histórias, escritas na década de 40, só foram publicadas em livro após a morte da autora, em meados da década de 70. Em Pequenos pássaros, treze histó­rias trazem pessoas – sobretudo mulhe­res – que dão vazão à paixão em todas as formas e encaram seus mais varia­dos anseios sexuais. A prosa de Anaïs Nin – mulher e escritora à frente do seu tempo – leva personagens e leitores a lugares recônditos do desejo humano. A autora é conhecida pela sinceridade com que trata de temas sexuais e eró­ticos e também pela delicadeza e musi­calidade do seu estilo.
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DIÁRIO DE UMA NINFOMANÍACA, de Valerie Tasso: Val é uma jovem publicitária francesa, radicada em Barcelona, que busca no sexo sem compromisso o prazer pleno que lhe serve de combustível para a vida. Troca de parceirosexual como quem escolhe o drinque da moda ou quem faz e desfaz as malas. Aliás, é graças às viagens corporativas, como representante da agência para a qual trabalha,que ela coleciona aventuras com homens de todos os tipos, ao redor do mundo. Tudo corre dentro desse roteiro sensual e inconsequente até que Val se apaixona loucamente por um homem instigante, misterioso e perigoso, que irá virar do avesso não só o seu coração, mas também a sua vida confortável e quase perfeita. Antes de se recuperare voltar a viver de maneira íntegra, ela terá de descer ao inferno das relações humanas e só conseguirá se reerguer ao se dedicar à profissão mais antiga do mundo: de prostituta.
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