O AVESSO DA PELE é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos. O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade.
Para compreender o que é descriminação, racismos, exclusão, apenas sentindo. Por mais que você pense que tem uma ideia do que é, está se enganando. O máximo que se consegue, é saber da existência é de que é uma injustiça, algo que não provém de qualquer lógica ou humanidade, que contraria qualquer senso de compaixão. E tudo isso é encontrado no cotidiano, no dia-a-dia, naquela ida à padaria, ao supermercado, em um barzinho, na entrada de um cinema, no passeio em algum parque. O racismo vem das mais variadas formas e das mais improváveis pessoas e situações.
Embora seja um tema que revolta, o autor sabe construir uma narrativa que não aponta dedos e nem ofende o agressor, o que seria motivo para vitimismo de racistas. Pelo contrário, ele coloca a narrativa inserida em eventos conhecidos, em locais comuns, e demonstra como o racismo e o preconceito estão enraizados na sociedade, que são cometidos de forma, muitas vezes, automática.
Pedro, o narrador, demonstra como os pais enfrentaram a preconceito racial e a injustiça social durante toda a vida, como encontraram formas de reagir e, algumas vezes, lutar. Henrique e Marta, os pais de Pedro, são o reflexo vivo da população negra do Brasil e de todas as lutas que precisam travar desde que acordam até que dormem, ou morrem.
As poupas páginas do livro enganam pela quantidade de mensagens de seu interior. A síntese que o autor coloca, deveria ser digerida por todos, principalmente por quem perpetua. Infelizmente, essas pessoas são incapazes de uma evolução como pessoas, e com certeza, não será um livro que as tornará mais humanas. É uma pena que leituras como O AVESSO DA PELE não façam parte do currículo escolar nacional.
Embora seja uma ficção, o livro tem um quê de autobiografia. Jeferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Radicado em Porto Alegre, é graduado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e atua como professor de língua e literatura na rede pública de ensino de Porto Alegre. Em entrevistas, o autor relata que o seu amor pela literatura surgiu depois dos 20. Hoje ele se orgulha de ter uma biblioteca em casa. As leituras que mais moldaram a sua carreira foram Dom Quixote de la Mancha, Quarto de despejo e textos filosóficos de Freud. Parte da vida de Jeferson, traçou os mesmo passos do personagem Pedro.
Um destaque para a capa maravilhosa do livro e toda a sua simbologia inserida nos detalhes de cada cor e sombra.
AUTOR: Jeferson TENÓRIO
EDITORA: Companhia das Letras
PUBLICAÇÃO: 2020
PÁGINAS: 192
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Eu ando amando isso da literatura nacional e mundial estarem trazendo pontos assim, sobre discriminação e racismo. Infelizmente é um período complicado, onde a maldade humana tem se sobressaído e quem dera fosse só nos livros ;/
Já preciso conhecer a história de Pedro e sua luta, mas junto dessa luta, a de seus pais e a de tantas pessoas hoje em dia!!!
A capa é realmente uma lindeza!
Beijo
Vale muito a leitura!
Em apenas 192 páginas O autor consegue transmitir dor revolta e mostra a dura realidade
Carl!
Penso como você, tem de ser uma leitura obrigatória porque a discriminação e o racismo em nosso país ainda continua e em alguns casos, velada, mas estão aí.
cheirinhos
Rudy