Como escrevi na primeira resenha da série RAT QUEENS, foi em 2013 que Kurtis J. Wiebe e John Carlton Upchurch criaram as personagens. Logo no ano seguinte, a série foi indicada ao Eisner Awards na categoria de Melhor Série Estreante, com planos para uma animação na televisão, produzida em conjunto com a Weta Digital e pela Heavy Metal. Mas no final de 2014, o ilustrador Upchurch foi preso por agredir a esposa, demitido da editora e afastado da HQ. Stjepan Šejić e Tess Fowler entraram em seu lugar e permaneceram até 2016, quando a série deu uma pausa. RAT QUEENS retornou alguma meses depois e se manteve até 2019, quando aconteceu uma troca de toda a equipe criativa: Ryan Ferrier assume como escritor e Priscilla Petraites com desenhista.

RAT QUEENS é um grupo de aventureiras indisciplinadas e briguentas em um universo de fantasia medieval. Hannah é uma maga élfica; Violet é uma anã guerreira que raspou a barba; Dee é uma sacerdotisa que abandonou sua religião por realizarem cultos a monstros; e Betty é uma ladra halfling (um outro nome para uma raça semelhante aos hobbits de O SENHOR DOS ANÉIS).

Neste segundo encadernado, que reúne os números de 6 a 10 da série regular, as rainhas ratas se envolvem com um inimigo que busca vingança contra Hannah e seu namorado, Sawyer, o representante legal da cidade, uma espécie de delegado ou xerife. Para isso, o tal inimigo utiliza uma máscara que pode alterar a realidade, abrir portais entre dimensões, libertando demônios, e que foi roubada do povo de Dee.

A relação entre as quatro guerreiras está ainda mais explosiva, com discussões, xingamentos, mas tudo dentro de uma lealdade e de uma amizade que parece inquebrável. Digo que as personagens são apaixonantes, exatamente pela sinceridade que uma trata a outra. Tão verdadeira, que até ofende. Mas elas relevam e ficam juntas não importa o que uma diga para a outra. E esse também é o ponto forte da HQ.

Outra característica da narrativa e das personagens é a forma como elas ignoram completamente o machismo presente nos homens da época. Elas são poderosas, independentes, e estão acima de qualquer preconceito. É delicioso acompanhar as tiradas sarcásticas contra quem vai contra a vontade delas.

Os desenhos continuam muito bons, bem como a violência e as partes bizarras. Não há economia de lutas e de sangue. Os diálogos estão mais afiadas, bem como as ações. Ou seja, é um segundo volume que demonstra como a série evoluiu. Se você ainda não leu, está perdendo uma das melhores HQs de fantasia e ação que pode encontrar nas livrarias. Dê uma chance, não vai se arrepender.


AUTOR: Kurtis J. WIEBE
ILUSTRADOR: Roc UPCHURCH e Stjepan SEJIC
TRADUÇÃO: Gustavo BRAUNER
EDITORA: Jambô
PUBLICAÇÃO: 2016
PÁGINAS: 128


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