Auschwitz foi um complexo de campos de concentração, criado pelos nazistas, localizado a 60 quilômetros de Cracóvia, cidade polonesa próxima à fronteira da Alemanha. No complexo haviam três campos principais, onde os prisioneiros realizavam trabalhos forçados ou eram exterminados. Os nomes dos campos eram, Auschwitz I, Auschwitz II, também conhecido como Auschwitz-Birkenau, e Auschwitz III, também chamado de Auschwitz-Monowitz.

Em 1944, Emil Clément era um dos prisioneiros de Auschwitz III – Monowitz. Relojoeiro como profissão, exímio jogador de xadrez, foi preso na França por ser judeu. Em Monowitz, ele tenta sobreviver, enquanto procura por notícias de sua esposa, levada para outro campo. Entretanto, ele descobre que alguns prisioneiros realizam partidas de xadrez escondidos em um dos edifícios de prisioneiros do campo e decide participar, mesmo sabendo que se forem descobertos, podem ser executados.

Em 1944, Paul Meissner é um oficial nazista ferido no front russo. Ele é transferido para Monowitz com a missão de melhorar o desempenho das fábricas, onde trabalham alguns dos prisioneiros, além de elevar a moral dos soldados do campo. Paul, incentivado por um soldado, tem a ideia de criar um torneio de xadrez, que graças a apostas paralelas, se torna um enorme sucesso. Após o fim do primeiro campeonato, Paul fica sabendo da existencia de um prisioneiro judeu que parece ser imbatível no xadrez, e resolve criar um embate entre o prisioneiro e os guardas e oficiais nazistas.

Em 1962, Emil Clément participa do campeonato mundial de xadrez. Para sua surpresa, o primeiro oponente é Wilhelm Schweninger, ex-soldado alemão da época da guerra. Ele se recusa a enfrentar Wilhelm e considera uma afronta como judeu e como sobrevivente dos campos de concentração nazistas. Isso até receber a visita de Paul Meissner, o oficial nazista que ele conheceu em Monowitz, agora absolvido das acusações da guerra e convertido em padre da Igreja Católica. Paul deseja contar uma história para Emil, a história de como salvou a vida de Emil e de como Wilhelm, sem ter conhecimento na época, colaborou para que isso acontecesse.

O CLUBE DE XADREZ DA MORTE descreve vários dos eventos que mataram milhões de judeus, prisioneiros dos campos de concentração nazistas. Monowitz, onde se passa metade da história, se tornou o principal campo do complexo de Auschwitz, englobando 45 campos menores. Os prisioneiros acordavam às 03:00 horas. Soldados armados com tacos de borracha retiravam da cama aqueles que não se levantavam. Eram obrigados a ficarem alinhados fora dos edifícios, sendo ameaçados caso as filas estivessem desarrumadas, ou mesmo sem motivo. Vestiam pijamas finos, em um local onde nevava.

Muitas vezes, prisioneiros morriam durante a noite. Mesmo assim, os nazistas obrigavam os vivos a carregarem os corpos e os segurarem nas filas para chamada de conferência. Após esse ato, caminhavam até o local de trabalho, calçando sapatos sem meias e de números diferentes dos certos para os pés, ao som de uma música grotescamente alegre. A jornada de trabalho durava 12 horas e não havia períodos de descanso. Então, todos voltavam para os campos, quando era realizada nova chamada de conferência.

A partir de 1942, Hitler dá a ordem de extermínio. Os prisioneiros começaram a ser levados para as fábricas, tinham as roupas despidas, colocados em salas com chuveiros e as portas eram trancadas. Homens, mulheres e crianças, de todas as idades, até mesmo bebês de meses. Os nazistas despejavam pastilhas de cianeto nas salas através de aberturas nos tetos ou nas paredes. Os gritos e choros duravam até 20 minutos. Após as mortes, todo o ouro era removido dos corpos, como dentes, derretido e levado para a Alemanha. O número de corpos era tão grande, que os crematórios não davam conta. Então passaram a queimar os corpos ao ar livre. Quase 2 milhões de judeus morreram nos campos de extermínio. Mais de 6 milhões morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

Emil narra parte desses eventos. A sua rotina dentro de Monowitz era a descrita acima. Quando ele é chamado por Paul para participar do campeonato de xadrez contra os guardas e oficiais do campo, ele sabe que se vencer, será morto. Paul promete que não, que ele tem um acordo com os superiores para que isso não aconteça. Mesmo assim, Emil se nega, até que Paul faz uma oferta irrecusável: para cada vitória de Emil, um prisioneiro escolhido por Emil, receberá mais comida e, assim, terá mais chances de sobreviver.

A outra metade de O CLUBE DE XADREZ DA MORTE segue os eventos de 1962, durante o torneio de xadrez, e a confissão do que aconteceu em 1944 pelas palavras de Paul. Emil e Wilhelm não se conhecem, mas a vida de ambos está entrelaçada desde a época da guerra, mesmo sem eles saberem. Paul é o único que conhece os motivos. Mas Paul também quer que Emil fique sabendo do que ele precisou fazer para salvar a sua vida e a própria vida. E precisa, acima de tudo, do perdão. Os diálogos que os três trocam são profundamente emocionantes e surpreendentes. E, aos poucos, os sentimentos de ódio e mágoa, se transformam em uma amizade extremamente sincera e muito linda.

O CLUBE DE XADREZ DA MORTE é um livro que deve ser lido por todos. Não apenas pela história dos personagens, mas principalmente pela história real, para que ela jamais seja esquecida e jamais seja repetida.


AUTOR: John DONOGHUE
TRADUÇÃO: Waldéa BARCELLOS
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 336


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