Continuando o assunto do post TERMINEI MEU LIVRO, E AGORA?, que se você não leu, pode ler aqui, vou falar sobre as principais diferenças entre as editoras nacionais, além do que você encontrará pelo caminho na busca pela publicação de seu livro.
EDITORAS PAGAS
Por definição, uma editora é uma empresa, ou organização, com fins lucrativos, ou não, que cuida de todas as etapas da produção de um livro, bem como da sua distribuição e venda. Tudo isso de forma gratuita para o provedor do conteúdo produzido e vendido, ou seja, o autor da obra. No caso de editoras que cobram por publicação, elas deixam de ser editoras, para serem prestadoras de serviço, porque o autor está pagando para que sua obra seja produzida, distribuída e vendida.
A primeira coisa que um autor que aceita firmar um contrato com uma editora que cobra, é não acreditar quando ela informa que ele está arcando com parte dos custos do processo, como parceiro. Isso, na maioria das vezes, não é verdade. O valor cobrado é muito, muito maior do que se o autor contratasse todos os serviços necessários para a produção de seu livro de forma particular. No valor cobrado por essas editoras, já está embutido o lucro da mesma, óbvio
Esse é um dos motivos que elas não se dedicam a divulgar e distribuir o livro. Quase todas vendem as obras pela Internet, no próprio site ou através de algumas livrarias virtuais. Do contrário, o valor pago pelo autor, não cobriria as despesas de logística, ou então o valor seria muito, muito maior. E mesmo pagando um valor alto, acima de vinte mil reais, a maioria das obras não são revisadas, a divulgação é feita quase que inteiramente pelo próprio autor e a impressão do livro é por demanda, ou seja, ele só é impresso conforme o cliente compra.
Ou você nunca reparou que autores de editoras pagas é que costumam divulgar suas obras fora das redes sociais da editora? Você já viu alguma propaganda de alguma obra dessas editoras em livrarias físicas ou sites como o Submarino, Saraiva, etc.? E que o prazo de entrega é quase sempre de duas semanas, ou mais? Isso porque leva esse tempo para pedir a impressão do livro e o seu posterior envio.
Então, você se pergunta: qual a vantagem de publicar por uma editora que cobra? A resposta é simples: a praticidade, a falta de conhecimento de como fazer por conta própria, ou mesmo o ego. A maioria dessas editoras publicam praticamente qualquer obra, não existe um filtro de qualidade, de potencialidade de venda, de interesse do público, uma vez que o que interessa é o pagamento feito pelo autor, e não a qualidade ou o quanto a obra irá vender. Se ela virar um sucesso, que bom, que ótimo. Se não vender, a editora já ganhou o que precisava. E o autor, que queria ter um livro publicado com seu nome, conseguiu o que queria.
De forma prática, todos os processos de produção de um livro podem ser feitos pelo próprio autor. Todos os profissionais que participam da produção de um livro, podem ser contratados individualmente. Uma gráfica cuida de toda parte de edição e impressão, a divulgação o autor faz nas redes sociais e a venda pode ser feita por sites como o PagSeguro e a Amazon, que já permite que pessoas físicas vendam seus livros. O único local que um autor não poderá entrar, é nas livrarias virtuais e físicas, com exceção da já referida Amazon, que exigem uma nota fiscal pelos livros entregues. Mas se o autor abrir uma empresa e puder emitir notas fiscais, até nelas ele poderá colocar seus livros.
Um último detalhe, é que as editoras pagas afirmam que o autor poderá recuperar o valor com a comissão da venda dos livros. Algumas, inclusive, dizem que se os exemplares forem todos vendidos, a segunda edição não é cobrada. Em muitos casos, isso também não é bem assim.
Para você entender como funciona a comissão para um autor, ele ganha de 5% a 10% do valor da capa de seu livro, tanto em um editora paga, quanto em uma tradicional. Ou seja, se a editora vende o livro por vinte reais para uma livraria, o autor ganha de um a dois reais de comissão. Agora, o número de exemplares que o autor paga, nunca é suficiente para cobrir esses mesmo valor. Isso porque a comissão é em cima do valor de capa da editora para a livraria, e não da livraria para o cliente. Sendo que as livrarias físicas tem um preço diferenciado das virtuais. Isso, porque elas exigem das editoras um desconto que varia de 40% a 50%. Ou seja, sabe aquele livro que você compra por trinta e cinco reais na Leitura, ou na Saraiva, ou na Cultura? Isso mesmo, ele é comprado pela livraria por menos de quinze reais. E o autor ganha sua comissão em cima desses quinze reais, ou menos.
Ah, uma coisa, cuidado, não se engane: editoras tradicionais possuem selos onde o autor precisa pagar para ser publicado, como a Novo Conceito e a Novo Século, entre outras.
EDITORAS TRADICIONAIS
As editoras tradicionais, apesar de não cobrarem nada do autor pela produção do livro, têm um cuidado maior em todas as etapas, uma vez que o lucro delas provém inteiramente da venda dos mesmos, e, por isso, eles precisam ter um capa caprichada, uma boa revisão, uma destruição abrangente e uma propaganda que deixe a obra conhecida.
O lote de exemplares são impressos em grandes quantidades e não por demanda, uma vez que quanto maior a quantidade, mais barata fica a produção. Então não é raro uma editora mandar imprimir milhares de exemplares, mas eles serão distribuídos por quase todas as livrarias físicas do Brasil, além de ficarem disponíveis nos estoques das livrarias virtuais.
Entretanto, é praticamente impossível você ter sua obra publicada por uma Companhia das Letras, uma Rocco ou uma Intrínseca, para citar alguns exemplos. Isso porque, como o custo de produção é inteiramente delas, elas só irão produzir seu livro, se tiverem a quase certeza de que terão lucro. O prejuízo com um livro, pode ser fatal para uma editora tradicional.
E como elas podem ter essa certeza? Bem, antes preciso explicar algumas coisas.
Primeiro: não se iluda. Caia na real. Os editores da gigantesca maioria das editoras tradicionais não vão ler seu original. Seu original vai para algum estagiário ou para algum blogueiro. Sim, isso mesmo. Sabe a sua obra, que você imprimiu e enviou com tanto carinho e esperança? Ela será lida por um blogueiro. Sua obra não será avaliada por um profissional da área, alguém que sabe fazer leitura crítica, que entende do mercado, que sabe identificar a possível qualidade e potencialidade de um texto. Se o estagiário, ou o blogueiro, que ler, gostar, ele irá encaminhar o original ao editor, e aí, sim, o editor irá ler.
Agora, caia na real de novo: se for um blogueiro, ele tem parceria com outras editoras, tem prazos para entregar resenhas, entre as atividades profissionais e pessoais dele. Quanto tempo você acha que ele dedicará ao seu original, de um autor desconhecido, sem revisão, sem tratamento, muitas vezes em formato eletrônico, ou então impresso em folhas A4, pesadas, de difícil manuseio? Pense bem na resposta.
Para você ter uma ideia de como as editoras tradicionais possuem pouco, ou nenhum, interesse quanto ao que recebem, a maioria delas pede apenas que o autor envie a sinopse ou um breve, muito breve, resumo de sua obra. Elas sequer querem receber seu original completo. Muitas delas consideram que é possível avaliar a qualidade de um original com algumas páginas, ou algumas linhas, da história. Tem editoras que colocam formulários onde é possível apenas digitar três centenas de letras. De letras, não de palavras! Isso dá menos do que uma sinopse bem resumida.
E sabe o perigo disso? Seu original pode ser registrado na Biblioteca Nacional, o que garante seus direitos autorais, mas uma ideia não tem registro, uma ideia não é exclusiva de uma pessoa e não tem proteção legal. Enviando uma sinopse, uma parte da ideia de seu livro, você expõe seu trabalho sem qualquer proteção. Então, muito cuidado com quem você compartilha suas ideias.
Mas existem outros absurdos. A maioria das editoras, deixam bem claro que se seu original não for impresso, ou enviado em formato eletrônico, escrito com um determinado tipo de letra, com um determinado espaçamento de linhas, ele sequer será lido. Ou seja, depois de um, dois, três anos trabalhando em cima de uma obra, ela pode ser totalmente ignorada porque você formatou o texto em um formato diferente do que a editora quer receber. Convenhamos, deve ser muito complicado para alguém da editora fazer isso no Word. E a resposta do envio da obra, quase todas as editoras informam que só entrarão em contato se houver interesse. Ou seja, nem sequer uma resposta, ou um motivo de recusa, você poderá receber. Esse é o tipo de descaso que você encontrará.
Mas, então, como essas editoras publicam autores nacionais? Como eles conseguiram? Aí, voltamos lá em cima: a certeza do retorno do investimento. Quer ser pulicado por uma editora tradicional? Se você não é famoso, tipo alguma ator de novelas, youtuber, cantor, que vendem por serem conhecidos, não especificamente pela qualidade do que escrevem, você precisa provar que sua obra pode ser vendida, ou então contratar um agente literário.
Um agente literário é um profissional que fará um trabalho crítico com sua obra. Ele irá avaliar se ela tem potencialidade para ser publicada e vendida. Se ela tiver, ele irá se encarregar de procurar uma editora tradicional. Ele conhece os editores, e as portas estão abertas para ele. Se ele aceitar representar você, autor, então é quase certo que seu livro será publicado. Mas, claro, como todo prestador de serviços, ele irá cobrar por isso, e não é barato.
Se não quiser um agente literário, então você terá que provar que sua obra é vendável. Ou seja, você terá que produzir seu livro, ou contratar uma editora paga, e vender, vender, vender. Depois, enviar seu original para uma editora tradicional com um relatório confiável de quanto conseguiu vender. Temos vários exemplos de autores que começaram produzindo suas próprias obras e mostrando, através de números, que elas eram vendáveis, como o André Vianco, Eduardo Spohr, Maurício Gomyde, entre outros.
Ou seja, as editoras nacionais não estão preocupadas em encontrar um autor que escreva bem, que tenha uma história inteligente ou criativa. Elas querem vender. Uma editora é uma empresa comercial, que sobrevive pelas vendas. Se elas acharem que sua obra não vende, ela não será publicada, independentemente de sua qualidade. Uma editora tradicional se preocupa com números e valores. Veja o exemplo dos livros de youtubers, ou de atores da Globo.
Se você tem confiança no seu trabalho, se é seu sonho, não desista. Batalhe. Produza seu livro, faça muita propaganda nas redes sociais, venda a preço de custo, prove que as pessoas gostaram do que leram e estão dispostas a pagar. Você não precisa de nenhuma editora, nenhuma mesmo, para ter seu livro vendido e lido. Você não precisa de nenhuma editora para ser um autor. Mas se você quer ser publicado por alguma, mesmo com todo o descaso da maioria das editoras com o autores desconhecidos, envie seu original. Vai que você dá sorte, algum blogueiro gosta, ou algum editor se interessa pela sinopse. E se não der, se recusarem, isso não quer dizer que sua obra não presta. Acredite! Não quer, mesmo! Porque, como já disse, quase certamente ninguém sequer a leu, ou quem leu, não foi quem deveria ter lido.
Lembre-se que o não você já tem, qualquer outra coisa é lucro. Se você não tentar, então, com certeza, você não irá conseguir.
É…a gente só fica sabendo que o caminho é bem árduo .rs
Mas é o preço que se paga por um sonho?
Eu nunca poderia imaginar de verdade, que este caminho passaria por tantas dificuldades,mas com certeza agora entendo uma coisa, por isso a literatura nacional vive manca,né?
Talvez por poucas pessoas se darem conta dessa luta com Editoras, que sim, deveriam facilitar mais o trabalho dos nossos autores, incentivar e acabam fazendo é o contrário.
Não vou dizer que tenho um sonho de ver um livro meu de poesias publicado,mas…já pensei nisso. Tá lá, engavetado..rs Quem sabe um dia…
Show de post!
Beijo
Eu gosto bastante dessas dicas que vocês estão dando aqui no blog sobre todo processo de publicação e finalização de um manuscrito e até mesmo o seu processo de divulgação