A ESTRELA NEGRA é sobre alienígenas. Mas poderia ser sobre imigrantes. Poderia ser sobre pessoas negras. Sobre pessoas LGBTQIA ou, até mesmo, sobre pessoas de direita e esquerda.

Na sociedade futurística criada por Jennifer L. Armentrout, o mundo foi invadido pelos Luxen. Super-poderosos e com habilidades especiais, eles tinham a certeza de que eram uma raça superior. Por causa disso, deveriam dominar a Terra. Assim, mataram inúmeros humanos e até sua própria espécie em prol de um mundo melhor. Alô Thanos, alô Hitler, alô todo assassino autoritário que acredita na soberania de um povo sobre outro e, por isso, legítima a violência.

Mas a invasão não deu certo. Anos depois, somos apresentados a um novo mundo separados em bolhas. Humanos amedrontados de um lado. Luxen (os que sobreviveram) restritos e marginalizados do outro. No meio disso tudo, Evie, uma garota humana que se vê apaixonada por Luc, um desses alienígenas. Em virtude da relação entre os dois, ela descobre segredos e traições capazes de mudar sua vida para sempre e de toda a sociedade.

Não estamos falando de um Romeu e Julieta moderno! Embora tenha de plano de fundo um amor proibido entre raças, A ESTRELA MAIS ESCURA é mais sobre os horrores da humanidade. Ou seja, de como a necessidade de poder menospreza o valor de uma vida. E de como o medo pode ser um estopim para a guerra. Ainda que seja ficção-científica, é possível encontrar várias semelhanças com coisas que vivemos no nosso dia-a-dia. Infelizmente também vemos pontos em comum com discursos que ouvimos e que não deveriam mais existir.

Mas calma, isso sou eu lendo nas entrelinhas. A ESTRELA MAIS ESCURA é um livro adolescente de fácil e rápida leitura. Com inúmeras inspirações em Crepúsculo (a narrativa têm muitos pontos em comum), os hormônios pulam e se agitam a cada página. Evie é daquele tipo de protagonista que cora com abdominais sarados e mocinhos bad boys. Como já tive essa fase, quem sou eu para julgar.

Mesmo com essa personalidade que, em alguns momentos, para alguns, parece imatura, a mocinha tem seu espaço. Seus questionamentos e amadurecimento ao longo das páginas podem despertar carinho em alguns leitores. Para mais, é muito divertido ver a sua relação repleta de tiradas mordazes e provocações com o Luc.

Um dos pontos fortes da obra é que Jennifer assume o lado fanfic da história e não tem vergonha. Logo, não tenta criar uma obra cult e desconstruída. Pelo contrário, bebe nos clichês do gênero e cria seu próprio estilo. Eu amei como ela utilizou de metáforas envolvendo comida para explicar o amor. Outro bom exemplo de recursos utilizados com inteligência são as várias referências a filmes e séries, que vão desde Exterminador do Futuro ao Poderoso Chefão. Como resultado, deram um charme a mais na história, além de gerar uma sensação de identificação mesmo na ficção.

Por fim, outro ponto forte da narrativa foi ter apresentado e explicado o que aconteceu antes. A ESTRELA MAIS ESCURA é um spin-off da saga Lux. Mesmo para mim, que nunca leu nem a sinopse da mesma, consegui compreender a mitologia e todas as suas reviravoltas sem esforços. Justamente pela autora ter feito isso, acolhido quem era novato naquele universo, me senti tentada a ler os outros livros e conhecer mais desse universo.

De uma forma geral, foi uma ótima leitura. Com o ritmo surpreendente, li em poucas horas e sempre levarei com carinho. Recomendo para todos os fãs de fantasia.


AUTORA: Jennifer L. ARMENTROUT
TRADUÇÃO: Bruna HARTSTEIN
EDITORA: Valentina
PUBLICAÇÃO: 2020
PÁGINAS: 355


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