No comecinho de janeiro de 2021, estreou na Netflix um filme bem interessante chamado PIECES OF A WOMAN, uma produção independente, mas que tem um elenco de peso e uma história apavorante. Um daqueles dramas que é para acabar com o espectador e atualmente é um forte candidato para concorrer nos prêmios de cinema, na temporada de premiações. Vem conhecer mais!

A trama acompanha Martha, uma mulher que está gravida e que planeja fazer o parto em sua casa com o auxílio de uma parteira, um daqueles partos naturais. Mas uma tragédia acontece e a vida de todos muda de repente. A busca por uma paz interior e um motivo para continuar se tornam tudo o que Martha tem e, junto com isso, vem um peso enorme de sua família, que está fazendo de tudo para conseguir justiça contra a parteira que está sendo acusada de begligência.

Esse é um daqueles filmes que quanto menos se sabe, melhor. É interessante ir nessa jornada descobrindo as coisas, que não são nada fácies. O primeiro ato inteiro do filme é reservado para acompanharmos o doloroso e complexo parto, que é uma aula de aflição e incomodo para todos que estão assistindo. Tudo é pensando para ser o mais real possível e nem um pouco mirabolante, a demora está presente, a dor imensa, o medo e a incerteza se tudo vai dar certo. Não é fácil assistir a tudo isso, principalmente se você for uma pessoa muito sensível.

Em seguida, o filme pisa no freio e começa a desenvolver quem são esses personagens que estamos acompanhando. É possível sentir empatia com eles? O que eu faria se tudo isso tivesse acontecido comigo? São algumas questões que o filme começa a levantar, mas acaba que não consegue ir além, já que a perda do ritmo compromete demais o filme, que acaba sendo muito longo e tendo pouco conteúdo para construir sentimentos mais profundos no seu ato de desenvolvimento.

PIECES OF A WOMAN direciona o foco na atriz principal, Vanessa Kirby, rosto britânico muito conhecido para aqueles que assistiram a série THE CROWN, além, é claro, da musa ter estrelado filmes sucesso de bilheteria, como MISSÃO IMPOSSÍVEL – EFEITO FALLOUT e VELOZES E FURIOSOS – HOBBS E SHAW. Aqui ela entrega a sua alma nesse papel e vive uma personagem totalmente quebrada e machucada. Ela busca motivos para continuar e passa todos esses sentimentos cortantes pelo olhar. A atriz é jovem, mas já impressiona com o quanto carrega sentimentos em todas as cenas dramáticas, todos os holofotes são virados para ela. Um desempenho sem igual que já está sendo premiado, merece muito uma possível indicação para o próximo Oscar na categoria de melhor atriz.

Outro destaque extremamente positivo é o desempenho da atriz coadjuvante Ellen Burstyn, uma lenda do cinema, ganhadora de um Oscar nos anos 70 e rosto eternizado pelo filme O EXORCISTA, onde ela vivia a mãe da menina que estava sendo possuída. Aqui o seu tempo de tela é pouco, mas foi usado com perfeição ao viver a mãe de Martha, que não aguenta ver a sua filha sofrer da forma que sofre. A atriz entrega um monólogo arrepiante sobre sua história de vida e só essa cena já merece todos os prêmios do mundo ao apresentar ao mesmo tempo para todos, uma incrível superação, motivos para continuar e uma dor tão triste que emociona.

Não é um filme para todos, é um daqueles que pede uma reflexão no final. O ritmo é lento e a trama não é nada fácil, seu final corta ainda mais o espectador ao não apostar em reviravoltas mirabolantes, terminou da maneira que deveria ter terminado. Não é aquele filme que vai mudar a sua vida, não é um filme que vai fazer um grande sucesso, mas é uma história forte que merece ser compartilhada e de quebra vem acompanhado com desempenhos extraordinários da atriz principal e da coadjuvante, além é claro de o filme ser bem bonito visualmente e rico em camadas. Mesmo não sendo perfeito, vale demais uma conferida.


DIREÇÃO: Kornél MUNDRUCZÓ
DISTRIBUIÇÃO: Netflix
DURAÇÃO: 2 horas e 8 minutos
ELENCO: Vanessa KIRBY, Ellen BURSTYN




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