O que temos aqui agora é basicamente um filme que só existe graças aos fãs, que sempre pediam por essa versão, acreditavam que ela seria melhor ou, pelo menos, mais justa com esses personagens que crescemos amando. E a voz do povo é a voz de Deus, e num é que o filme saiu mesmo e realmente é tudo o que os fãs ansiavam? Um épico! Bora dar mais uma chance para a LIGA DA JUSTIÇA de Zack Snyder?
Antes de começar é importante deixar claro para quem não sabe que o Snyder Cut, como ficou conhecido entre os fãs, é a versão estendida feita pelo diretor Zack Snyder do filme LIGA DA JUSTIÇA, de 2017. Na época, o Zack teve problemas pessoais e abandonou o projeto, e como o estúdio estava com pressa, não quis esperar a sua volta, chamaram outro diretor para finalizar o corte às pressas com o material que eles tinham, que não estava completo. O resultado disso todo mundo já sabe, um fracasso colossal nas bilheterias, um filme confuso e corrido, cheio de humor barato e uma trama de quinta, extremamente picotada e mal montada. Um filme massacrado pela crítica, um câncer para os fãs. E desde essa época, os fãs acreditavam que a versão original, feita por Zack Snyder, seria melhor, pelo menos não ofensiva e barata, como foi a versão lançada nos cinemas. A campanha só cresceu com o tempo e realmente essa versão especial chegou pelo serviço de streaming HBOMAX, que ainda não está disponível no Brasil, chega no meio de 2021, mas felizmente o filme foi lançado oficialmente aqui através de aluguel digital e futuramente também em mídia física.
A trama é a mesma da versão de 2017, Batman corre contra o tempo para reunir um grupo de pessoas poderosas para lutar contra um mal que está se aproximando. O que vem para atacar o planeta é um ser de outro mundo chamado Lobo da Estepe, que está reunindo artefatos poderosos a fim de mudar literalmente a estrutura do planeta, preparando o terrenos para um caos ainda maior. Todos serão necessários na batalha e vão superar desavenças do passado a fim de enfrentar esse novo mal.
Essa nova versão do filme tem quatro horas de duração, realmente gigante e que dessa vez foi desenvolvida para os fãs, aqueles que ansiavam para poder acompanhar exatamente tudo o que o diretor desenvolveu para o primeiro filme dessa equipe lendária. A trama geral é a mesma, mas o que muda é o direcionamento, que faz toda a diferença, quando temos todas as peças na mesa. Na versão de 2017, as coisas aconteciam do nada e o espectador não conseguia compreender bem como A chegou em B. Os cortes foram brutais e alguns até criminosos, é impossível não ficar revoltado com a versão de 2017 quando percebemos o que aquele filme fez com o personagem do Cyborg.
Metade homem e metade máquina, Cyborg é praticamente filho das caixas maternas, ele é a ponte que faz a Liga e até mesmo o espectador entender o que são esses objetos poderosos e qual o verdadeiro perigo que é cair nas mãos do inimigo. O personagem vive um trauma escruciante e sua relação familiar está em frangalhos. Pra ele tudo é mais difícil porque, primeiro envolve se aceitar, conhecer o seu próprio poder, perdoar os outros e aceitar o desafio. Isso era o mínimo que a versão de 2017 tinha a obrigação de fazer, porque lá ele ainda é o elo mais forte que os humanos têm com a caixa, mas o filme não desenvolve quase nada do seu trauma. Então sem as suas batalhas internais, como faz para o espectador se afeiçoar com o personagem? Como o público compra a sua briga? Não compra, fazendo todo mundo que viu o filme achar o personagem um banana irritante, mas felizmente tudo isso foi resolvido nessa nova versão e o sentimento final que o personagem desenvolve no espectador é muito diferente.
O grande e famoso Flash foi usado na versão de 2017 como um alívio cômico barato, forçado e irritante. Ele ainda era poderoso, mas o filme decide não desenvolver o mesmo, transformando o coitado num ameba bobão que cai nos peitos da Mulher Maravilha, cena essa pavorosa que, felizmente, foi jogada na lata do lixo nessa nova versão. Ele tem suas dificuldades diárias que envolvem trabalhar incansavelmente para conseguir meios de pagar uma faculdade de advocacia para conseguir, futuramente, a liberdade para o seu pai, que está condenado injustamente por um crime que não cometeu. Claro que trabalhar incansavelmente e com rapidez não é um problema para esse personagem, mas será que o poder dele é só correr? Essa nova versão veio para fincar esse personagem como um dos mais poderosos que o cinema já viu, e tudo isso sem forçar, apenas o princípio básico do seu dom. Um poder sem fim que pode mudar tudo o que conhecemos, tudo isso vem numa sequência arrepiante, que choca o espectador quando percebemos que não botaram isso na versão dos cinemas. Um crime ter deixado todo esse arco épico de fora.
E as diferenças continuam agora no lado visual, que expande, e muito, todas as sequências de ação que existiam na versão anterior, que era recheada de cortes exagerados. A nova ação aqui é mais limpa e, claro, cheia de câmera lenta, que é uma marca registrada do diretor. É difícil aturar se você não está acostumado, então é ame ou odeie. Tudo é mais bruto e violento, tem sangue e os heróis fazem o que for preciso com os vilões, se for pra matar, eles matam sem dó esses seres demoníacos. A trilha sonora também foi totalmente modificada, trazendo muito mais potência para as cenas, além é claro de guiar a emoção do espectador que, em pelo menos um momento, vai se sentir arrepiado.
Tudo é mais intenso e impactante, muitos ainda podem falar que é ruim, mas é inegável não reconhecer que, pelo menos agora, esses heróis receberam um filme à altura das suas grandiosidades. Realmente é muito longo, mas por incrível que pareça, o ritmo é muito agradável, quando você começa, é difícil parar. A trama se abre bem e apresenta seus problemas como uma corrente que puxa o espectador, a cada minuto temos uma questão maior que a outra, então como não se envolver? O humor barato se foi e o que ficou foi um filme de ação bem consistente, diferente daquele lixo confuso e apelativo que saiu nos cinemas em 2017.
É um presente para os fãs que nunca deixaram de acreditar, e que agora chega e já traz uma nova batalha, graças a seu epílogo sensacional que faz o cabelo o espectador ficar em pé. O filme acaba e tudo deu certo, mas será que deu mesmo? O gancho deixado para uma possível sequência é um escândalo, e se for devolvido da maneira certa, sem dúvidas se tornaria um dos filmes mais épicos que o seu gênero já viu. Terminar o filme assim foi uma jogada de risco, mas o que a gente tem a perder, né? Sonhar ainda é de graça.
Tente fugir ao máximo dos spoilers, é muito legal descobrir esse novo filme, mesmo ele sendo basicamente aquilo que o de 2017 tentou ser e não conseguiu. É realmente um épico grandioso e ambicioso, mais que apenas um filme da Liga da Justiça, um lembrete que a força dos fãs supera qualquer obstáculo quando todos trabalham juntos por um objetivo maior. Um espetáculo e eu ainda estou anestesiado, assista e me diga qual a sua cena favorita, eu fico com qualquer uma que envolva as amazonas. E a sua, qual é?
DIREÇÃO: Zack SNYDER
DISTRIBUIÇÃO: Warner
DURAÇÃO: 4 horas e 1 minuto
ELENCO: Ben AFFLECK, Gal GADOT, Ray FISHER, Henry CAVILL, Jason MAMOA, Ezra MILLER
Eu venho ao blog há um tempo e acho que já falei algumas vezes do quanto não gosto(tanto) com filmes de super heróis rs
Mas vou ser muito sincera, como sempre.
Foram as 4 horas mais aproveitadas nesse começo de ano. Que filme!!!!Eu vi ontem e terminei aplaudindo sozinha na sala de casa.
As cenas, a trilha sonora, a violência, as cenas feitas de maneira mais lenta, o sombrio da fotografia.
Olha, eu amei, amei, mesmo claro, não dizendo que entendi tudinho, até por não conhecer mesmo esse universo dos heróis.
Um filmaço!!!!
Beijo