As gêmeas Hassana e Husseina são separadas após um ataque brutal à sua aldeia, em 1892. A partir desse traumático evento, ambas são escravizadas e seguem caminhos separados, que as levam a diferentes cidades, países e até continentes. Enquanto Hassana fica na Costa do Ouro africana, Husseina cruza o oceano até a Bahia, onde é iniciada no Candomblé. Com o passar do tempo, as irmãs crescem e levam vidas completamente diferentes em muitos aspectos, mas com algo em comum: o sentimento de que há algo faltando. Apesar da distância, elas continuam ligadas uma à outra por meio de seus sonhos. Mas será que o destino as reunirá novamente?

Hassana e Husseina são gêmeas, sequestradas, escravizadas e vendidas, as meninas precisam passar por diversas provações. Enquanto Hassana só pensa na irmã, Husseina, que muda de nome para Vitória, só pensa em quanto saiu da sombra da mesma e não tem desejo de reencontrá-la. Na verdade, ela tem até medo de se sentir aquela criança reprimida novamente.

Hassana cresce muito durante a leitura, ela deixa de ser criança ainda cedo por conta de sua escravatura, então ela foge, e tem que lutar sozinha para conseguir chegar onde quer, nisso a garota é simplesmente corajosa, ela amadurece sem pensar duas vezes, e começa a lutar por suas causas encontrando apoio na família que ela escolhe para si.

Já Husseina encontra o chamado para o Candomblé, onde sua mãe de criação a inicia e ensina tudo a garota. É interessante ver essa parte da crença, porque Husseina se encontra de uma forma tão bonita, e não perde a crença em momento algum.

As garotas não são escravizadas por muito tempo, mas mesmo assim, você consegue sentir o aperto que é ser privada de sua vida, sua criação, sua família, sua casa. Hassana é muito coração, ela sente demais, ama demais, e vive demais. Já Husseina é mais razão, ela quer as coisas do jeito dela, e só vai contra isso por um pedido de Yaya, a mulher que a criou.

Mas como nem tudo são flores, preciso apontar alguns pontos na história que me incomodaram. A insistência de todos acharem que as meninas deveriam se encontrar por serem gêmeas, serem metades de um todo, eu acho que isso é uma coisa muito forte, ninguém é metade de ninguém, e elas eram tão diferentes no final, como eram no começo. Entendo que a autora quis colocar como por serem gêmeas, elas eram predestinadas a se reunirem, mas acredito que deveria ter sido pelo amor uma pela outra, e não por essa obrigação.

Os capítulos também são imensos, é uma coisa que me incomoda bastante, mas consegui pegar um ritmo legal até. A reunião das meninas parece até de forma mágica quando acontece, e não é no sentido mágico da Disney, acho que a autora poderia ter se esforçado um pouquinho e criado outra forma de reunir elas.

Então, é isso. O IMENSO AZUL ENTRE NÓS é uma leitura simples, não é algo que você vai guardar no seu coração para sempre, mas uma história que te mostra um laço fraternal bonito, e que às vezes é preciso abrir mão de algo por amor.


AUTORA: Ayesha Harruna ATTAH
TRADUÇÃO: Valéria ALMEIDA
EDITORA: Alt
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 256


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