Adam é o pastor da comunidade onde reside, um homem admirado e respeitado. Ulrika é a esposa de Adam, uma advogada criminalista competente. Stella é a filha de Ulrika e Adam, acabou de completar 18 anos, tem a vida pela frente. Até que no dia seguinte ao aniversário de Stella, ela é presa por suspeita de assassinato. E essa família perfeita começa a se mostrar com sérios problemas estruturais.

Chris, um homem de 32 anos, filho de uma personalidade conhecida da cidade, é encontrado morto em um parque, esfaqueado. A polícia descobre que ele estava envolvido com uma jovem, Stella. Uma testemunha viu Stella ir ao apartamento de Chris, gritar várias vezes, e depois sair na direção do parque. Durante o período que a polícia estima que Chris foi assassinado, Stella não tem um álibi. Torna-se a principal suspeita e é presa. Os pais de Stella correm contra o tempo para conseguirem provar que a filha é inocente.

Adam é pastor, ama a filha, ama a esposa, é fiel e presente. Ela não tem uma ligação fácil com Stella, mas considera que isso é por causa da idade. Adam também não tinha conhecimento do envolvimento de Stella com Chris, um homem bem mais velho. A única amizade de Stella que ele conhece é Amina, da mesma idade da filha. As duas são melhores amigas e sempre andam juntas. Na noite do assassinato, ele estava acordado quando Stella chegou em casa. Eram quase duas da manhã, e o crime aconteceu uma hora antes. Sabendo disso, Adam conta à polícia que a filha chegou antes da meia-noite, às 23:45 horas. Ele mente. Ele faria qualquer coisa para proteger a filha.

Ulrika é uma mulher de caráter forte, decidida, até mesmo fria para algumas coisas. Depois que a filha é acusada de suspeita de assassinato e presa, Ulrika procura por evidências nas coisas da filha. E desaparece com todas que poderiam levantar alguma suspeita. Da mesma forma que Adam, ela está disposta a fazer qualquer coisa para tirar Stella da prisão, mas de forma planejada, sabendo perfeitamente qual direção seguir.

Stella é uma garota que tem sede de viver e se sente sufocada. Quando ela conhece Chris, sabe que ele é bem mais velho, mas acha o homem divertido. Mesmo não estando apaixonada, ela resolve se divertir com ele, passar bons momentos. Ela sabe que os pais jamais aprovariam esse relacionamento, como outros que ela já teve, por isso ela mantém tudo em segredo, menos para Amina.

Amina é a melhor amiga de Stella. É ela quem apresenta Chris para a amiga. Aos poucos, ela percebe que a relação de Chris e Stella está ficando desgastada, que está prestes a terminar. Ela não se encontrou com Stella no dia do assassinato. Mas ela também está disposta a provar a inocência de Stella, ainda mais que Chris se mostrou um homem violento e abusador.

UMA FAMÍLIA QUASE PERFEITA é dividido em três partes, cada parte com um narrador diferente: Adam, Stella e Ulrika. Com Adam, o leitor acompanha o desespero de um pai que ainda enxerga na filha uma adolescente frágil e despreparada para enfrentar o mundo dos adultos. Um homem dividido entre a religião e as coisas que precisa fazer para tirar a filha da prisão, mesmo algumas delas sendo consideradas pecado pela fé que ele defende.

A versão de Stella é um pouco diferente. Já na prisão, esperando pelo dia do julgamento, Stella conta como são seus dias, e intercala com os eventos do passado até o dia do assassinato. E nesse ponto, conhecemos um Adam diferente, um pai autoritário, possessivo, que chegava ao ponto de seguir Stella para ver se ela não precisava de alguma ajuda, criando um ambiente sufocante e sem qualquer liberdade. E também descobrimos que Ulrika é uma mãe ausente, sempre concentrada na profissão, que pouco interagia com a filha.

A terceira parte é o julgamento de Stella, e acompanhamos a narrativa de Ulrika. É a parte mais surpreendente, principalmente pelas revelações do que Ulrika fez para proteger a filha e qual seu plano para comprovar a inocência de Stella. Também é a menor parte e a que lemos com mais velocidade, devido à ansiedade. Ulrika realmente é fria e brilhante.

UMA FAMÍLIA QUASE PERFEITA é um suspense similar a um outro, EM DEFESA DE JACOB (resenha aqui). Um casal numa corrida contra o tempo para salvar a filha. A escrita é simples, envolvente, e eu li o livro em poucas horas. Fiquei muito satisfeito com o final, que traz uma pequena reviravolta. Não é nada muito surpreendente, mas é satisfatório e finaliza a história de forma competente. Entretanto, existem alguns problemas de construção de narrativa e personagem, principalmente na questão de considerar que uma mulher, para ter motivo de justiça, precisa ser estuprada. Algo que muitos autores homens ainda insistem em usar de forma totalmente equivocada. Então existe essa flag de atenção para quem for ler.


AUTOR: M. T. EDVARDSSON
TRADUÇÃO: Natalie GERHARDT
EDITORA: Suma
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 376


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