Ana Dakkar é uma das estudantes mais dedicadas da Academia Harding-Pencroft, uma escola que forma os melhores cientistas marinhos, guerreiros navais, navegadores e exploradores submarinos do mundo. Seus pais morreram em uma expedição científica dois anos antes, e a única família que lhe restou foi o irmão mais velho, Dev, que também frequenta a escola.

A jovem e os demais alunos de sua turma se preparam para uma prova final cujos detalhes são guardados a sete chaves, uma das provações mais importantes da escola, que será realizada em alto-mar. Ana tem grandes expectativas para a atividade, mas todas vão por água abaixo quando, na viagem de ônibus até o barco, ela e seus amigos testemunham uma terrível tragédia que mudará para sempre suas vidas.

E o drama não para por aí. A Harding-Pencroft passou os últimos cento e cinquenta anos numa guerra fria com a escola rival, o Instituto Landa, uma batalha que agora está em plena ebulição, de forma que o maior medo desses bravos alunos não é tirar notas baixas, mas virar comida de peixe.

Correndo contra o tempo, contra inimigos ameaçadores e contra as próprias inseguranças, Ana descobre ser herdeira de um legado ancestral lendário e precisará liderar uma missão submarina mortal para salvar o lugar que aprendeu a chamar de lar.

A FILHA DAS PROFUNDEZAS é o mais novo livro de Rick Riordan, que promete ser volume único, e que segue a já sólida e consagrada receita do autor. Embora não tenha qualquer ligação com as outras aventuras criadas, para quem já leu tudo, é fácil perceber como os ingredientes são os mesmos. Entretanto, a qualidade e o dinamismo da escrita, além da criação de personagens que parecem totalmente diferentes, embora não o sejam, é o que faz de Rick um dos melhores escritores atuais do gênero e mantém seus fãs satisfeitos.

Esta nova aventura, sem qualquer disfarce, bebe das águas de dois dos maiores clássicos de Jules Verne, 20.000 LÉGUAS SUBMARINAS e a A ILHA MISTERIOSA. E isso não é uma constatação feita por mim, mas o próprio autor explica sua inspiração em um prefácio curto, onde explica sua paixão pelo mar, pelo autor francês e por suas histórias, mais especificamente as duas mencionadas. Mas não fica apenas nessas obras, como também em Harry Potter, com sua escola dividida em casas, cada uma delas com uma qualidade ou defeito, e com integrantes cujas personalidades e interesses, as representam.

São elas: Casa Golfinho, comunicação, exploração, criptografia e contrainteligência; Casa Tubarão, comando, combate, sistemas de armas, logística; Casa Cefalópode, engenharia, mecânica aplicada, inovação, sistemas de defesa; e Casa Orca, medicina, psicologia, educação, biologia marinha, memória comunal.

Os personagens principais são, novamente, um trio bem diverso: Ana, cujos pais eram da Índia; Ester, uma garota com espectro autista; e Nelinha, uma garota negra brasileira. Ana é aquela personificação da jovem heroína que, embora tenha apenas 14 anos, possui todas as habilidades para salvar o mundo. Ester possui alguns problemas de construção com relação ao seu autismo, ele não é bem representado e vai para um lado que pode incomodar quem realmente conhece pessoas com o espectro. Nelinha é a típica brasileira, pobre, vem de uma favela e é bolsista, ou seja, representa, acertadamente, mais de 80% da população do Brasil. Ainda tempos Dev, o irmão de Ana, e Top, o cachorro companheiro de Ester. Como a maioria dos animais, ele conquista imediatamente.

A FILHA DAS PROFUNDEZAS talvez seja o livro mais infantil de Riordan, não pela idade das protagonistas, mas pela forma como ele constrói a narrativa, pelos diálogos, pelos perigos e inimigos. Isso não é um defeito, pelo contrário, mas fica o aviso para o leitor mais velho não esperar por algo que não irá encontrar. De qualquer forma, se você gosta do tio Rick, com certeza irá amar este novo exemplar.


AUTOR: Rick Riordan
TRADUÇÃO: Giu Alonso e Ulisses Teixeira
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 336


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