Tori Spring não aguenta mais o colégio; na lista de coisas que ela também não suporta estão sua melhor amiga, garotos, filmes, livros, seus pais e basicamente tudo que consegue imaginar. As únicas coisas que a motivam a se levantar da cama são seu blog e seu irmão Charlie, que está se recuperando de um distúrbio alimentar.

Quando um site misterioso chamado Solitaire começa a pregar peças em sua escola, Tori não parece muito interessada, mesmo que Michael Holden, o garoto novo esquisito, tente convencê-la a investigar o esquema. Tori está tão presa em sua própria cabeça, tão convencida de que o mundo é horrível, que não consegue perceber os esforços que Michael e um antigo amigo de infância, Lucas, fazem para se aproximar dela.

Mas quando as brincadeiras do Solitaire ficam sérias demais e pessoas começam a se machucar, Tori é obrigada a sair de sua zona de conforto para descobrir o que o site tem a ver com ela.

Já na capa, Alice Oseman, autora da obra e também de HEARTSTOPPER – série queridinha da Netflix -, já deixa claro que não é uma história de amor. Mas a verdade é que, na maior parte da narrativa, é o que parece. Um romance dramático, no caso.

Tori conhece Michael, um garoto tachado por todos como esquisito. Com um olho de cada cor e uma forma aparentemente positiva de ver a vida, mesmo tendo personalidades opostas – a garota é pessimista e introvertida -, os dois se aproximam. Juntos, com uma amizade que em alguns momentos tende a ser tóxica, os dois começam a investigar o grupo Solitare, organização na escola que se propõem a mudar a instituição.

Em paralelo, coisas começam a acontecer. O que era para ser uma diversão, começa a colocar a vida de outros em risco. Tudo isso enquanto conhecemos um pouco mais dos protagonistas e da vida de Charlie – irmão de Tori – e Nick, personagens da série. Todos eles, de alguma forma, se conectam por questões de saúde mental. Inclusive, para pessoas que estão em um momento delicado da vida, alerta de gatilhos. Pode não ser a melhor escolha do momento.

Durante a obra, são abordados temas como automutilação, depressão, suicídio, homofobia e outros assuntos importantes de discutir. Ainda mais da forma com que foi feita, com responsabilidade e mostrando que ninguém está, de fato, sozinho. Diferente de alguns livros da atualidade, não há romantização. Pelo contrário, sempre é mostrado como a pessoa e quem está ao seu redor sofre bastante.

Em alguns momentos, a narrativa se perde, deixando-a longa demais e com algumas repetições, o que é normal pela quantidade de páginas (379 ao todo). Por outro lado, mesmo assim, a autora consegue nos prender com uma escrita atrativa e acontecimentos próximos da realidade. É fácil se identificar com tudo o que eles estão vivendo, por mais triste que possa ser.

E é justamente por isso que UM ANO SOLITÁRIO foi uma ótima experiência de leitura. Apesar dos pontos apontados anteriormente, os positivos sobressaem, e muito. Como resultado, acredito que, para quem gosta de obras mais dramáticas, pode ser uma boa indicação de o que ler.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Alice Oseman
TRADUÇÃO: Carolina Caires Coelho
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2022
PÁGINAS: 384

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