Aqui está uma resenha onde eu tenho muito o que falar, e não sei como. Imagine uma história cheia de preconceito, fanatismo religioso, agressão física, verbal, moral, raiva, ódio e superação. Imagine uma história na qual seu coração fique apertado do começo ao fim, uma historia que te faça chorar o tempo todo por saber que aquilo é real.

Tara escreveu sua história real, mostrou todos os pontos da sua vida conturbada, de como era lidar com seus pais, irmãos, de como ainda é. E eu só pensava: “ninguém deveria passar por isso”. Tara sofreu, e tenho certeza de que tem marcas que nunca serão apagadas. Ela anotou tudo o que viveu em diários. Ela sabia apenas o básico da leitura, já que seu pai não permitia que eles fossem à escola, porque achava que o governo fazia lavagem cerebral nas crianças.

Tara conseguiu compreender a síndrome de seu pai, Bipolaridade. Mas acredito que, além da doença, ele juntou isso à religião, e se tornou um fanático, acabando com a liberdade de seus filhos e de sua família. Isso sem contar a falta de sorte, já que sofreram diversos acidentes durante adolescência, e tudo isso era considerado um sinal, uma provação. Não vou falar sobre religião na resenha, porque acho que isso acarretaria em uma grande discussão. Mas gostaria de dizer que tudo que é demais, não faz bem.

Boa parte da adolescência de Tara, foi levada pelo trabalho no ferro-velho com seu pai, e por agressões de seu irmão, Shawn. Confesso que enquanto lia, e pensava na realidade daquilo tudo, senti raiva de Tara. Como ela pôde não avisar as namoradas de Shawn sobre o que ele fazia, sobre quando ele batia nela, xingava, maltratava, enfiava sua cabeça no vaso sanitário, quebrava diversas partes de seu corpo, como, em sã consciência, ela não denunciava? Mas eu entendi, era porque ele era seu irmão, era porque ele fazia ela se sentir de certa forma culpada, dizendo que ela o provocava, e depois pedia desculpas, mas acontecia tudo novamente. O que acabou levando relacionamentos abusivos à frente.

Eu, definitivamente, não sei como lidar com esse livro, e juro que estou tentando achar formas de resenhar.

Quando Tara falava da vovó-lá-de-baixo, eu sentia que ela era um anjo, que ela era a pessoa que se preocupava com Tara, mas Tara nunca deu o valor que ela merecia. Uma mulher tão forte, mas que não podia fazer o necessário por seus netos.

A maneira que Tara foi crescendo, suas convicções foram mudando, e quando ela entra numa faculdade pela primeira vez, você vê que ela está mudando, mas ela mesma não percebe ainda, ela já não diz sim pra tudo que os pais impõem, ela já não vê as pessoas como vagabundas por apenas uma roupa, mas são pequenas mudanças ainda, que ela torna a voltar a achar que estão erradas.

Tara sofre de depressão durante uma parte de sua vida acadêmica, e você vê o que causou isso, você se sente impotente por querer ajudar e não poder, mas então você lembra que essa parte foi superada, e é uma lição que você carrega.

A MENINA DA MONTANHA é um livro surpreendente de tantas formas, que você não sabe o que pensar, só sentir. E boa parte do que eu senti durante a leitura, foi raiva, mas eu vi que para Tara se tornar quem ela é hoje, tudo o que aconteceu foi algo que a empurrou para isso. Não digo que foi necessário, porque ninguém deve passar por tudo que ela passou como uma obrigação para ser alguém, mas foi um empurrão para ela crescer, evoluir, ser quem ela queria ser.

Essa mudança do eu pode ser chamada de muitas coisas. Transformação. Metamorfose. Falsidade. Traição. Eu chamo de educação

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AVALIAÇÃO:


AUTORA: Tara WESTOVER nasceu em Idaho, Estados Unidos, em 1986. Graduou-se pela Universidade Brigham Young em 2008, e posteriormente foi premiada com uma bolsa de estudos em Cambridge. Em 2010 foi pesquisadora visitante na Universidade de Harvard e por fim retornou a Cambridge, onde conquistou o doutorado em história em 2014. A Menina da Montanha é seu primeiro livro.
TRADUÇÃO: Angela Lobo de ANDRADE
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 352


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