Os seres humanos finalmente conseguiram navegar pelo espaço e colonizar planetas graças aos Portais, máquinas que conseguem permitir que naves passem por Buracos de Minhoca e saiam em outra extremidade do Universo. Mas essa tecnologia fez com que a Terra ficasse praticamente sem recursos naturais. Por isso, parte da população começa a ser enviada para as colônias: Stronghold, um planeta cinza e frio de onde se extrai a maioria dos minérios para a construção de naves e armas; Cray, um planeta inabitável, que abriga no subsolo laboratórios onde cientistas trabalham em novas descobertas; Kismet, um planeta cuja superfície é aquática e usado como uma espécie de resort para pessoas ricas; e Gênesis, o planeta mais parecido com a Terra de milhões de anos atrás, onde existia muito verde e livre da poluição.

Por essa semelhança, as pessoas que moram em Gênesis não querem que os governantes da Terra façam com ele o que fizeram com o próprio planeta e se rebelam. Isso inicia a chamada Guerra da Liberdade. Entretanto, a Terra tem uma vantagem tecnológica imensa, além de usar mecans, andróides evoluídos com aparência humana, mais fortes, mais ágeis e descartáveis, para lutar nas batalhas espaciais, enquanto Gênesis só possui força humana. Então, o plano dos rebeldes é tentar impedir que a tropa inimiga passe pelo Portão que a Terra usa de acesso. O problema é que o Portão é indestrutível, ele se autoconserta, mas isso leva tempo, meses, anos, o que pode ser suficiente para que os rebeldes consigam criar mais e melhores armas de defesa. Entretanto, como não possuem bombas nucleares ou similares, resolvem empreender um ataque suicida, onde várias naves, pilotadas por soldados voluntários, irão se chocar com o Portão. Um desses voluntários é Noemi, uma garota de dezessete anos de idade.

Em um treinamento, dias antes do ataque suicida, o grupo é surpreendido por alguns mecans que passam pelo Portão. Na batalha, uma amiga de Noemi é atingida por um mecan perto dos destroços de uma nave abandonada. Noemi parte para a resgatar, mas não consegue e acaba ficando presa nessa nave. Para piorar sua situação, na nave está um mecan que foi abandonado pela tripulação original quando a nave ficou à deriva.

Esse mecan não é um andróide comum. Ele tem um nome, Abel, e é um protótipo de uma inteligência artifical que pode evoluir por ela própria. Sua aparência é humana, inclusive com pele orgânica igual à nossa, e ele está preso em um compartimento da nave há trinta anos, época em que foi abandonado pela tripulação e por seu criador, que estava junto, um homem chamado Mansfield e que também foi responsável pela invenção de todos os mecans. Parte da programação de Abel, dita que ele precisa obedecer ao oficial de pôsto mais elevado que estiver na nave, que no presente caso, é Noemi. Assim, ele não pode lutar contra ela, apenas seguir suas ordens e protegê-la de qualquer perigo.

Noemi odeia Abel, porque ele representa a tecnologia que mata seu povo e que quer dominar Gênenis. Mas ela vê uma oportunidade quando descobre que Abel sabe como destruir o Portão de forma definitiva, impedindo qualquer outro ataque da Terra. Mas, para isso, ela terá que fazer uma jornada pelos três planetas colonizados em busca de uma peça que possibilitaria essa destruição. E terá que fazer isso com Abel, porque só um mecan, uma vida artificial, conseguiria se aproximar o suficiente do Portão para implantar a peça, mesmo sendo destruído no processo. O que ela não esperava, é que Abel começa a se mostrar mais humano do que máquina, que ele vai contra sua programação e decide ficar ao lado dela mesmo ela sendo sua inimiga, e dessa cumplicidade, nasce um sentimento de amizade que coloca ambos em perigo.

Noemi é uma garota forte, que fará qualquer coisa para salvar as pessoas que moram em Gênesis, inclusive sacrificar sua vida. Ela vem de um lar adotivo, onde sempre foi tratada com inferioridade, por isso têm dúvidas quanto às suas capacidades, à sua aparência, ou seja, uma baixa autoestima. Esse é um dos motivos que a levam a ser voluntária em um ataque suicida, uma vez que pensa que não tem qualquer outra serventia.

Abel é apaixonante desde o primeiro momento em que aparece. Preso em um quarto por trinta anos, sem conseguir escapar, ele só deseja reconquistar sua liberdade e voltar para o convívio com seu criador. Ele possui pensamentos e ideias sobre sua origem, sobre quem ele é, sobre seu futuro. Quando é libertado por Noemi, ele vê nela aquilo que ela não consegue ver: um garota inteligente, bonita, corajosa, amorosa, capaz de fazer qualquer coisa, inclusive de salvar Gênesis.

O relacionamento de Noemi e Abel é lindo, porque um ajuda o outro a ver quem eles são de verdade. Abel mostra a Noemi que ela não é dispensável, que ela é importante, que ela merece viver, que ela é incrível. E Noemi mostra a Abel que ele não precisa continuar servindo seu criador, que ele tem livre arbítrio, que ele pode ir aonde ele quiser, que ele pode possuir algo muito próximo de uma alma.

Mas quando eles descobrem o amor que sentem um pelo outro, como continuar com o plano em que Abel morre levando a peça que pode destruir o Portal e salvar Gênesis?

DESAFIANDO AS ESTRELAS é uma ficção-científica deliciosa, viciante, com dois personagens apaixonantes, engraçados em seu relacionamento intempestivo e oposto, com muita aventura, muitas surpresas e um final comovente. Uma grata surpresa, que está entre meus favoritos de sempre, e que indico para qualquer pessoa que goste de um romance incomum, fofo e cheio de adrenalina.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Claudia GRAY é o pseudônimo da escritora de Nova Orleans Amy Vincent, autora da série best-seller do The New York Times Evernight. Ela já trabalhou como advogada, jornalista, DJ e garçonete
TRADUÇÃO: Rachel AGAVINO
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 352


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