O nono filme de Quentin Tarantino já está entre nós, ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD chega para homenagear o cinema clássico do final dos anos 60. Conhecendo os trabalhos anteriores do diretor, já podemos esperar uma trama firme, com cenas extremamente fortes. Afinal, estamos falando do mesmo homem que já nos presenteou com KILL BILL, PULP FICTION e BASTARDOS INGLÓRIOS, vamos descobrir mais?

Rick Dalton é um ator que está vendo sua carreira cair em queda livre, ficou famoso estrelando uma série de faroeste, mas depois da mesma ter sido cancelada, achar trabalho que satisfaça seu ego não está sendo uma tarefa fácil. Rick e seu amigo dublê, Cliff Booth, passam os dias procurando trabalho ao mesmo tempo em que acompanham as mudanças que Hollywood vem sofrendo com o final definitivo da era de ouro.

A sinopse não diz muito sobre o filme e o trailer menos ainda. A experiência de ir assistir a ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD é estranha porque, mesmo depois de 20 minutos de projeção, 60 minutos, 120 minutos de duração, ainda não sabemos bem o que esse filme quer nos dizer. A produção usa suas 2 horas e 45 minutos para nos jogar nesse estranho mundo dos atores, com alguns extremamente famosos e outros com a carreira no limbo. Os esnobes e os em ascensão também estão presentes, e o roteiro consegue ligar todos os pontos com o decorrer do filme.

Rick é o personagem vivido por Leonardo DiCaprio, que depois de estrelar uma série de tv, se encontra agora em ostracismo e lutando para conseguir qualquer papel. Ele é exibido, esnobe e sem paciência, porém talentoso e vai ter que usar sua voz para provar novamente que tem talento e importância. DiCaprio entrega um desempenho bem acima da média e bem diferente do que está acostumado a fazer.

O dublê bonitão é vivido por Brad Pitt e de cara já entrega um dos melhores desempenhos de sua carreira. O dublê é uma pessoa difícil de se decifrar, ele é conhecido no meio por ter, aparentemente, matado sua esposa e mesmo assim ter conseguido fugir da culpa. Agora ele trabalha para o fracassado Rick, fazendo tudo o que ele pedir. Brad divide a cena com um cachorro, e essa dupla entrega as melhores cenas do filme. O dublê é uma pessoa tranquila e da paz, porém quando é desafiado, ele não leva desaforo para casa. A sua interação com o grande Bruce Lee é sem dúvidas uma das melhores cenas do ano. Será que o Oscar do Brad Pitt vai finalmente sair?

Fechando o trio principal, nós temos Margot Robbie, a nossa queria Arlequina do ESQUADRÃO SUICIDA, vivendo a única personagem que realmente existiu na vida real, Sharon Tate. Sharon ficou conhecida por ser umas das atrizes mais promissoras do cinema americano no final da década de sessenta. Porém sua carreira foi interrompida com o seu brutal assassinato, enquanto estava grávida. A atriz foi morta pela família Manson, um grupo de psicopatas liderados pelo demoníaco Charles Manson. No filme, Sharon vive o auge de sua carreira, enquanto estava casada com o diretor Roman Polanski, o mesmo que presenteou o mundo com o grandioso O BEBÊ DE ROSEMARY.

O roteiro desenvolve os anos 60 de Hollywood e todas as transformações que levaram essas pessoas para a época seguinte, mas conhecendo Quentin Tarantino, nós com certeza podemos esperar por algo a mais. O grande ápice central do filme se assemelha muito com o que o diretor fez no excelente BASTARDOS INGLÓRIOS, unindo com perfeição todos os personagens e entregando uma mensagem forte de reflexão e emoção. Sem dúvidas um mundo utópico, mas o cinema está aí pra isso né, fazer o público sonhar com diversas possibilidades.

O filme é muito longo e usa todo o seu tempo para desenvolver os personagens, sendo Hollywood quase como o personagem mais importante. Porém a única coisa que se pode criticar aqui é a sua edição, que entrega um filme extremamente inchado para o espectador, 20 minutos a menos seriam muito bem-vindos. Mas depois de passar por tudo isso e receber de presente o grande ato final, tudo se faz muito necessário. Além do roteiro ser extremamente bem desenvolvido e fechadinho, o filme conta com uma trilha sonora maravilhosa, a direção de arte transforma os cenários em máquinas do tempo, levando o espectador para uma época totalmente diferente da que estamos vivendo nos dias de hoje. Os figurinos encantam e a direção une perfeitamente todos esses elementos para, no final, entregar para o espectador um dos filmes mais deslumbrantes do ano.

Não é um filme fácil de se assistir e nem acessível para quem procura apenas um entretenimento. É necessário pelo menos um pouco de conhecimento da época retratada no filme para poder captar todas as maravilhosas referências presentes no roteiro. Aliás, são elas que inserem na trama uma riqueza imensa em detalhes. O ato final é delicioso e faz tudo valer a pena, bem aquele Tarantino que tanto amamos, mas o peso dele só é sentido depois de ter passado por toda essa grande jornada que é assistir ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD, o título já entrega bastante o sentido do filme, mas divirta-se para conseguir localizar ele antes do fim da projeção.

Provável figurinha repetida no Oscar do ano que vem, todo o elenco é digno de todos os prêmios possíveis, assim também como seu roteiro. E não vá embora rápido, o filme conta com algumas maravilhosas cenas pós-créditos.


AVALIAÇAO:


DIREÇAO: Quentin TARANTINO
DISTRIBUIÇAO: Sony
DURAÇAO: 2 horas e 45 minutos
ELENCO: Leonardo DICAPRIO, Brad PITT, Margot ROBBIE, Al PACINO e Dakota FANNING




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