Em OS NOIVOS DO INVERNO, primeiro volume da série A PASSA-ESPELHOS, conhecemos Ophélie, uma jovem que nasceu em Anima, onde a tradição manda que os casamentos sejam entre primos, como forma de manter a linhagem, ou os espíritos familiares, termo usado por eles. Mas devido a um arranjo feito entre famílias, como forma de criar uma aliança e diminuir as hostilidades políticas, Ophélie deverá se casar com um importante cidadão do Polo, uma região ao norte, onde reina o frio extremo.

Quase todos os habitantes de Anima e Polo possuem poderes, e os de Ophélie são ler o passado de objetos e atravessar espelhos. Ou seja, se ela tocar um livro, um pente, um copo, por exemplo, ela consegue ver todas as pessoas que já seguraram cada um desses objetos e o que elas fizeram enquanto os seguravam. Quanto aos espelhos, ela consegue entrar em um espelho de um armário e sair em qualquer outro espelho que ela conheça a localização.

Thorn é o intendente do Polo, um cargo de grande importância e visibilidade, e o homem com quem Ophélie deverá se casar. Mas Thorn é rodeado de inimigos, o que coloca a vida de Ophélie em constante perigo, uma vez que a união das duas famílias irá elevar Thorn a uma posição ainda mais favorecida. Além disso, existe um contrato entre Thron e Farouk, o líder do Polo, onde ele, após se casar com Ophélie e herdar parte do poder de ler o passado de objetos, deverá descobrir os segredos que se escondem nas páginas de um misterioso livro.

Como escrevi na resenha de OS NOIVOS DO INVERNO (pode ler aqui), a história segue as primeiras semanas de Ophélie no Polo e os perigos que ela enfrenta enquanto aguarda o dia do casamento com Thorn. DESAPARECIDOS EM LUZ DA LUA, o segundo volume da série, começa exatamente do ponto em que o primeiro terminou. E desta vez, acompanhamos o desenrolar de acontecimentos que empurram Ophélie para um contato mais próximo do líder do Polo, Farouk.

Aliás, Farouk é um personagem singular. Ele é muito alto e se move de forma muito lenta, além de que sua memória é muito restrita, mas ele não sabe bem o por quê. Ele tem a sensação de que Ophélie possui alguma importância ou faz parte de alguma lembrança que ele perdeu, e que a leitura do livro, que sempre está com ele e que deverá ser lido por Thorn após o casamento, pode dar as respostas que ele precisa.

Por esse motivo, Farouk cria funções para Ophélie não sair de sua vista, como contar histórias todas as noites para ele e para uma platéia, ou descobrir porque algumas pessoas estão desaparecendo no Polo. E enquanto realiza essas tarefas, Ophélie ainda precisa escapar de armadilhas montadas pelos inimigos de Thorn, e agora seus também.

Em DESAPARECIDOS EM LUZ DA LUA existem alguns pequenos capítulos que narram o passado do Polo e Anima, e aparece a menção a alguém a quem denominam deus e que pode ser o responsável pela quebra do mundo em regiões, além da distribuição dos poderes entre as famílias e a perda de memória de acontecimentos passados. Essas descobertas aumentam o mistério em torno dos personagens, além de anteciparem o futuro surgimento de um grande inimigo, ou mesmo de um já existem, mas oculto.

Todos esses mistérios e uma ação constante, elevam a qualidade deste volume, entretanto a parte fraca continua sendo nos clichês e na relação amorosa entre Thron e Ophélie. São poucos, pouquíssimos, os momentos em que eles se relacionam ou mesmo ficam juntos. Mesmo assim, e sabe-se lá como, sempre que isso acontece, eles conversam como se a atração entre eles aumentasse. Só que isso não é demonstrado e causa uma certa estranheza, parece forçado.

De qualquer forma, devido a toda a ação e fantasia existente em DESAPARECIDOS EM LUZ DA LUA, essas falhas são ofuscadas e a qualidade da obra se mantém. Ophélie apresenta um amadurecimento e uma confiança maior em suas atitudes e vontades, inclusive perante sua família e no confronto com seus inimigos. Thorn permanece como um personagem apático com atitudes insensatas, enquanto Farouk, que pouco apareceu no primeiro volume, ganha um grande destaque desta vez. Mas não encare isso como um triângulo amoroso, não é, nem sequer chega perto. O romance é mesmo apenas entre Ophélie e Thorn. E por isso mesmo, espero que ele decole no terceiro volume. Que chegue logo!


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Christelle DABOS
TRADUÇÃO: Sofia SOTER
EDITORA: Morro Branco
PUBLICAÇÃO: 2019
PÁGINAS: 480


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