Nada de mais acontece na pacata cidade de Vênus Cove. Até o dia em que três anjos, Gabriel, Ivy e Bethany são enviados do céu para proteger o lugar contra forças obscuras que começam a surgir. Disfarçados como irmãos, eles tentarão levar uma vida comum. Gabriel torna-se professor na mesma escola em que Bethany – a caçula – é enviada para estudar. Mas Beth, atrapalhada em sua inexperiência como um ser humano, apaixona-se por Xavier Woods, o belo capitão do time da escola. Uma situação que não só poderá comprometer sua existência como um anjo, mas poderá comprometer ainda mais a sua verdadeira missão. E tudo pode ficar ainda mais confuso na existência de Beth quando um garoto novo chega à cidade. Um garoto charmoso, sedutor e mortal. Eles terão de dar duro para ocultar a verdadeira identidade e, acima de tudo, as suas asas.

HALO sempre me chamou a atenção por causa da capa. Ela é linda e reflete com perfeição o que os dois personagens principais sentem. Bethany se apaixona por Xavier logo na primeira vez que o vê. E como na capa, onde ele fica de encontro à árvore com ela o empurrando e se esticando para beijá-lo, é ela quem controla a relação. Isso não quer dizer que Xavier a ama menos, mas é a personalidade de Bethany que provoca e define todas as situações. Ela o ama com a intensidade de alguém que não sabe o que é sentir, enquanto ele a ama com a intensidade de um garoto.

Antes de comprar e começar a ler, sempre faço uma pesquisa em resenhas espalhadas pela Internet. Descobri que HALO é um livro cheio de altos e baixos. Há quem o ame e há quem o deteste. Ou seja, não consegui descobrir previamente se poderia gostar ou não da leitura. Assim, resolvi tirar minhas próprias conclusões. Após a leitura, compreendi perfeitamente o motivo de tanta dualidade. É muito fácil gostar de HALO; mas também é muito fácil apontar vários defeitos que podem incomodar um ou outro leitor.

Note-se que o livro foi escrito quando Alexandra Adornetto era uma adolescente. Pode-se dizer que não é desculpa para as falhas, mas explica a inconstância do enredo, uma vez que nessa idade a gente se comporta da mesma forma. E essas inconstâncias não estão presentes apenas nos momentos de ação da história, mas também na forma como ela é contada. No início do livro temos várias e várias páginas descrevendo a chegada dos três anjos, Gabriel, Ivy e Bethany, bem como a casa onde vão morar, a forma como se vestem, o que comem, seus deveres como servos de Deus, a fragilidade de Bethany por ser sua primeira missão, entre outros detalhes que, à primeira vista, podem não acrescentar nada à história. E muitas pessoas, nas resenhas que li, reclamaram disso. Entretanto, essas páginas ajudaram a compor o ambiente e a imagem de pureza dos três personagens, que não seria possível com um parágrafo apenas.

Logo após essa primeira parte, o livro aumenta a agilidade dos acontecimentos e desenvolve o romance entre Bethany e Xavier, que torna-se mais perigoso do que o surgimento do inimigo. E nesse ponto, reside um outro defeito. Jake, o demônio que pretende trazer o mal à cidade, demora muito a aparecer. E o melhor do livro está exatamente quando isso acontece.

Não é formado um triângulo amoroso que deixa o leitor em dúvida sobre a preferência de cada personagem, porque Bethany sempre deixa bem claro de que seus sentimentos por Xavier são muito mais fortes do que por qualquer outra pessoa, mas as estocadas de Jake para conquistá-la e afastar Xavier apimentam a história e criam momentos de tensão, que poderiam ser em mais quantidade e maiores se tivessem começado mais cedo.

Uma segunda coisa que me incomodou foi a relutância do casal em se relacionar sexualmente. Tudo bem, Bethany não é deste mundo e nunca experimentou esse tipo de prazer. Seria compreensível se a relutância viesse dela e não de Xavier. A situação criada por Adornetto para que eles não tenham uma primeira noite juntos, chega a ser menos crível do que a existência de anjos andando na Terra. Não sei se a autora desejou deixar alguma mensagem de castidade para os adolescentes, ou se foi sua própria imaturidade para lidar com o assunto.

O clímax do livro seria minha terceira queixa. Ele é rápido e muito meloso. Tanto que chega a incomodar. Ainda mais para uma geração que está habituada a ver séries de TV como Supernatural. Não basta criar uma solução para uma situação e dizer que é o poder escondido da personagem, ainda mais o tipo de poder que ela liberta. Acredito que seja o ponto mais frágil de toda a narrativa e demonstra a imaturidade da autora para criar uma situação que poderia ser cheia de ação e adrenalina.

Como HALO é o primeiro volume de uma trilogia, já toda publicada no Brasil, muita coisa fica em aberto. E, mesmo assim, o que é deixado para o próximo livro não chega a causar muita curiosidade. Mas apesar de tudo o que escrevi, preciso confessar que gostei do livro. Talvez seja devido ao carisma do casal principal, ou a forma como eles se relacionam, ou a expectativa de que consigam ficar juntos no último livro, ou simplesmente porque, apesar de todas as irregularidades, a história é cheia de bons sentimentos e me conquistou por causa deles.


AUTORA: Alexandra ARDONETTO
TRADUÇÃO: Adalgiza Campos da SILVA e Regina LYRA
EDITORA: HarperCollins
PUBLICAÇÃO: 2010
PÁGINAS: 400


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