Uma das histórias mais conhecidas do mundo é O Mágico de Oz, escrita pelo norte-americano L. Frank Baum e publicada em 1900, sendo o primeiro de uma série de 14 livros. Nele, a garota Dorothy mora no Kansas, em uma fazenda, com seus tios Henry e Em. Durante uma tempestade, seu cachorrinho, Totó, desaparece. Desesperada, Dorothy consegue encontrá-lo, mas não antes que um tornado apareça. Ela se esconde dentro de uma pequena casa, que é levada pelos ares e arremessada para uma terra incrível e cheia de magia, Oz.

Em Oz, Dorothy se envolve em várias aventuras, conhece outros 3 personagens memoráveis: o espantalho, que busca por um cérebro, uma vez que sua cabeça é vazia; o Homem de Lata, que procura por um coração; e o Leão, que tenta conseguir coragem e parar de sentir medo. Os quatro, junto com Totó, conseguem alcançar o Mágico de Oz, e após algumas surpresas, Dorothy retornar para o Kansas graças a sapatos mágicos que havia conseguido ao matar uma bruxa má.

Nesta continuação da obra de Baum, que na verdade não é uma continuação, mas uma reimaginação dos eventos posteriores à série original, Amy é uma outra garota do Kansas que também é levada por um tornado e vai parar em Oz. Mas Oz não parece muito com o local que conheceu das histórias que leu. Glinda, a bruxa boa do sul, escraviza e tortura os habitantes nativos; Ozma, a rainha de Oz, está desaparecida; Mombi, a bruxa má do norte, criou uma Ordem Revolucionária das Bruxas Más para salvar as pessoas; o Homem de Lata é um soldado cruel; o Espantalho é um cientista que faz experiências macabras; o Leão é um assassino que devora suas vítimas; e Dorothy é quem manda em Oz, uma tirana que rouba toda a magia e esmaga a liberdade, sem piedade e com requintes de crueldade. Até Totó virou um cachorrinho muito irritante e agressivo.

Como tudo ficou dessa forma? O que aconteceu em Oz? Esse é o mistério que Amy precisa desvendar para que consiga voltar para o Kansas. Mas para isso, ela precisa entrar na Ordem Revolucionária das Bruxas Más, aprender a lutar, a usar magia, roubar o coração do Homem de Lata, roubar o cérebro do Espantalho, minar a coragem do Leão e, por fim, matar Dorothy. Para isso, além dos membros da ordem, ela conta com a ajuda de um garoto enigmático chamado Nox, e com a volta de um outro personagem conhecido, o Mágico de Oz. Somente juntos, eles possuem alguma chance de sucesso, ou então morrerão nas mãos da perversa Dorothy.

DOROTHY TEM QUE MORRER é o primeiro volume de uma série que transformou a famosa história de Oz em uma saga de guerra e morte. Amy, ao contrário de Dorothy, pertence a uma família desajustada, sofre bullying no colégio, sente que não tem um lugar no mundo e só deseja fugir para longe. Entretanto, ela não queria ser levada para tão longe, para um lugar que só existia na imaginação dos livros. Ainda mais que esse lugar está em guerra, totalmente corrompido pela maldade e quase sem a magia que o tornava especial.

A história do primeiro volume pode ser dividida em três partes: a chegada de Amy a Oz; o treinamento de Amy para se infiltrar no castelo e aprender a usar a magia; o primeiro ataque às forças de Dorothy. A parte do meio é um pouco mais extensa do que deveria e se torna um pouco cansativa. Entretanto, a primeira parte e a última compensam, uma pelo drama, e a outra pela ação e pelas surpresas.

Os três personagens cheios ingênuos e que ficaram tão conhecidos quanto Dorothy, o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata, estão totalmente modificados em uma versão assustadora, de puro terror. Isso é delicioso, para quem gosta do gênero. O mesmo se pode dizer da nova Dorothy, uma garota que era essencialmente boa, cheia de compaixão, se transformou em uma psicótica sedenta de poder. Isso é explicado na história. Desde quando Dorothy retorna a Oz, como ela começou a ser corrompida pela magia, pela sensação de poder.

Existe uma máxima, escrita por Lord Acton, um historiador inglês, que é muito conhecida e correta: “o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente…”, e é isso o que acontece com a pobre Dorothy. Ela é corrompida pelo poder, e ela corrompe todos os que estão ao seu redor, tornando-os em seres sedentos de controle, e para manter o controle, é necessário autoridade, e para manter autoridade, eles usam a violência e a morte.

Apesar de todo esse tema pesado, de personagens macabros e destruídos, a leitura não é totalmente pesada, não é voltada para o romance, apesar dele existir em pequenos trechos. DOROTHY TEM QUE MORRER é uma variação criativa e muito interessante de Oz, com uma personagem principal cativante, cheia de dúvidas, que ganha coragem e determinação aos poucos, e que reconhece o sacrifício que precisa realizar para conseguir retornar Oz ao que era antigamente, além, é claro, de poder regressar para sua casa, no Kansas. Ou será que não? Leia e descubra 😉


AUTORA: Danielle PAIGE
TRADUÇÃO: Cláudia Mello BELHASSOF
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2016
PÁGINAS: 384


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