É natal e Dash odeia essa data. Para a mãe, ele vai passar o Natal com o pai; para o pai, ele vai passar o Natal com a mãe. E como eles ainda se odeiam graças ao divórcio, ninguém irá checar se isso é verdade ou não. O que era apenas uma ida à livraria, torna-se para Dash, um jovem ranzinza, uma aventura peculiar e estranha. Entre os livros, ele encontra um caderninho com uma frase que o fisga na hora: “você tem coragem?“. E ao virar a página, um desafio se inicia. E aí, você teria coragem?

Lily é uma jovem sonhadora e muito energética. Ela ama o Natal e todo o clima de festas que fica no ar durante o fim de ano. Porém, ela está praticamente sozinha nessa época em que estar rodeado de familiares e amigos é o que mais importa. Os seus pais que nunca tiveram lua de mel, foram para Fiji curtir a vida; o seu irmão está grudado com o seu namorado; e para Lily, só resta ser a sua própria companhia. Por insistência do irmão, que não aguenta mais ver a irmã se lamentando que está sozinha e sem namorado, cria para ela um plano para resolver isso. Ela deixará um caderno com desafios na livraria, na esperança de algum jovem interessante e possivelmente bonito, aceitar a missão que consiste em achar vários livros, montar uma frase e seguir para o próximo desafio, com um deixando o livrinho no lugar certo, com um desafio novo.

É Nova York, faltam poucos dias para o Natal, e Dash está sem paciência, já que os desafios se tornaram sádicos na sua cabeça, como, por exemplo, entrar numa loja lotada. E para ele que não gosta de multidões, tudo piora. Além é claro de ter que ir ao encontro do Papai Noel, numa situação extremamente constrangedora. E para Lily, resta os desafios deixados por Dash, que consistem em fazer coisas que ela não está acostumada, como, por exemplo, ir numa boate de madrugada. E é nesse vai e vem de desafios que um afeto começa a crescer entre ambos. Porém, eles não se conhecem, no papel tudo é perfeito, dá pra idealizar tudo bonitinho, e na vida real? Será que eles vão se entender?

Os autores não perdem tempo e mandam os desafios na lata, assim que abrimos o livro. Mas nada é corrido, pois enquanto eles tentam desvendar o desafio, o leitor entra na cabeça do personagem, conhecendo o mesmo e se afeiçoado com cada um deles. Dash é um jovem ranzinza que ama as palavras e a simbologia por trás delas, ele é meio azedo e sarcástico, mas não faz isso por maldade. Os traumas da infância deixaram cicatrizes e agora ele só quer ficar sozinho, ter uma folga das pessoas que ele conhece. Mas ao abrir o livro, ele se sente atraído para o desafio e se surpreende com a inteligência da menina que montou essas missões. Ele sai da sua zona de conforto e cai de cabeça. Dash é um daqueles personagens desagradáveis que se fragmentam na frente do leitor, ao conhecer ele bem, não é mais possível odiá-lo. A sua relação com seu amigo hiperativo vale boas risadas, além é claro de que Dash sempre tem uma resposta afiada pronta na ponta da língua.

Já Lily é o oposto, ela ama o Natal, ama estar próximo das pessoas, ama o calor humano e ama distribuir amor. Mas ela ainda não achou o amor da sua vida e espera encontrar alguém nesse desafio e mesmo não conhecendo o rapaz, ela se sente atraída a sair da sua zona de conforto e abraçar os desafios escritos no caderno por Hostil, o apelido que ela dá a Dash antes de o conhecer. Sua personagem emana carisma e vida, está sempre bem-humorada e se joga bonito quando erra ou quando está triste. Aquele exemplo perfeito de amiga dramática e de bom coração. Extremamente inteligente e esperta, ela não se deixa ser ludibriada por ninguém. A interação desses dois personagens distintos já vale o livro todo, com um atacando o outro com desafios constrangedores, que no final se provam muito divertidos.

O livro se divide em um capítulo para Dash e outro para Lily, as suas linguagens são bem diferentes e é impossível confundir um com outro. A proporção dos desafios culmina num final fofo e agradável, não tão energético e hilário como no começo, mas já conhecemos os personagens como se fossem nossos amigos próximos e o leitor fica ansiando pelo momento em que eles irão se encontrar. E ainda tem mais baixaria no final com direito a bebê voando, cachorro solto, polícia e desmaios.

No final, o leitor leu o livro e nem viu o tempo passar, é mais um daqueles que dá pra ler inteiro em uma ou duas tacadas. Trama agradável, perfeita para quebrar uma ressaca literária ou para botar um sorriso no rosto depois de passar por leituras mais densas. Pode ser tudo, mas, com certeza, não é bobo, tem algo a dizer e se reinventa sempre que é necessário. Felizmente já temos continuações lançadas lá fora que não devem demorar para chegar no Brasil, mas enquanto isso podemos acompanhar a série na Netflix que adapta a história em oito episódios que tem menos de trinta minutos de duração cada e já te adianto aqui que a série está um amorzinho.


AUTORES: David LEVITHAN e Rachel COHN
TRADUÇÃO: Regiane WINARSKI
EDITORA: Galera
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 255


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