O vento uiva pela noite trazendo consigo um aroma capaz de mudar o mundo. Quando Eragon encontra na floresta uma pedra azul polida, acredita que poderá ser uma descoberta de sorte para um simples rapaz do campo: talvez sirva para comprar carne que alimentará a família durante o inverno. Mas, no momento em que um dragão nasce de dentro da pedra, Eragon percebe que está diante de um legado quase tão antigo quanto o do próprio Império. Da noite para o dia, de uma vida pacata, ele é lançado para um arriscado novo mundo movido pelas tramas do destino, da magia e do poder. Empunhando uma espada lendária e seguindo as sábias palavras de um velho contador de histórias, Eragon e o leal dragão terão de se aventurar por terras perigosas e enfrentar inimigos sombrios em um Império governado por um rei cuja maldade não conhece fronteiras. Ao jovem Eragon foi dada a responsabilidade de alcançar a glória dos lendários heróis da Ordem dos Cavaleiros de Dragão. Será que conseguirá vencer os obstáculos que o destino lhe reservou? Agora as suas escolhas poderão salvar – ou destruir – o mundo em que vive.

Existem alguns títulos que são clássicos da literatura fantástica. HARRY POTTER, SENHOR DOS ANÉIS, AS BRUMAS DE AVALON, NÁRNIA, e claro, ERAGON. No último caso, a história de um menino camponês que, um dia, encontra uma pedra em uma terra “amaldiçoada“. A pedra, como esperado, se torna um dragão de cor de Saphira que muda sua vida para sempre.

O interessante de uma fantasia bem escrita, como é o caso do livro que resenhamos, é o poder de nos fazer imergir na narrativa em questão. Sim, em ERAGON há momentos de excesso que podem tornar o ritmo lento. Inclusive, estejam avisados disso! No entanto, na maior parte do tempo, acompanhamos o desenrolar de um garoto em um guerreiro.

E o melhor, a história é tão detalhada e bem construída, que nos apaixonamos por mocinhos e vilões na mesma intensidade. Ou melhor, afinal, quem são os reais heróis da história?

Lado a lado, um dos maiores trunfos da narrativa é o seu poder de encantar. Em um momento, eu me peguei, até mesmo, shippando um dragão com um humano. Isso porque os laços apresentados são reais. Mais que isso, críveis. A cada novo diálogo ou cena construídas, nos tornarmos um pouco mais daquilo tudo.

Termino ERAGON com a sensação de que parte de mim ficou naquelas páginas. Ainda que tenha as minhas ressalvas com a história, principalmente no que diz respeito a ritmo, é uma trama que levarei para sempre com muito carinho. Não só pelo universo construído, como por tudo que representou.

Vale lembrar que, na época de seu lançamento, 2003, a fantasia era um gênero, de certa forma, pouco explorado. Já existiam os seus clássicos, entretanto, a popularização do estilo foi só recentemente. E, justamente por esse contexto, que algumas questões mais técnicas de ERAGON podem (e devem) ser ignoradas. Por exemplo, o excesso de verossimilhança com O HERÓI DE MIL FACES (1949), livro o qual descreve passo a passo da Jornada do Herói tão presente em ERAGON e outras obras do gênero.

De um modo geral, ERAGON é uma daquelas narrativas que acredito que todo leitor deveria tentar ler, nem que seja para falar “li e não gostei“.


AUTOR: Christopher PAOLINI
TRADUÇÃO: Nelson Rodrigues Pereira FILHO
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2003
PÁGINAS: 460


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