Para alegria dos fãs de terror, A NOITE DOS MORTOS-VIVOS está de volta numa edição comemorativa, belíssima, em homenagem aos 50 anos da aclamada obra que inspirou a epidemia zumbi dos últimos anos, contando com um capítulo de introdução, onde o autor relata como a ideia de criar esses seres surgiu. Escrita por John Russo, é uma adaptação dos filmes de George Romero: A NOITE DOS MORTOS-VIVOS e A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS, que tiveram Russo como roteirista.

ATENÇÃO: para maior segurança dos leitores, esse livro clássico de zumbi recebeu um tiro nos miolos que perfurou de verdade todas as suas páginas. A Noite dos Mortos-Vivos – Edição Comemorativa de 50 anos ressurge das tumbas em alto estilo

O livro está tão magnífico, que achei necessário enaltecer os detalhes, responsáveis por tornar a leitura ainda mais especial e tensa… Então, decidi fazer uma listinha com as minúcias encantadoras que a Darkside Books conferiu à edição.

CINCO DETALHES DA EDIÇÃO

UM: A editora foi muito feliz na escolha da capa, que está muito mais condizente com a história e mais bonita que as edições lançadas anteriormente.

DOIS: E o que tornou tudo mais especial, foi esse “tiro” que perfurou todas as páginas.

TRÊS: É claro que não podia faltar a famosa massa cerebral que os zumbis tanto amam…

QUATRO: O livro é trabalhado nas cores branco, preto e verde neon, e esta foi a escolhida para a lombada.

CINCO: Para finalizar, as ilustrações incríveis que complementam a dramática história do apocalipse.

Tudo começou quando George Romero e John Russo se juntaram para escrever o roteiro de um filme de terror, o que resultou na estreia de A NOITE DOS MORTOS-VIVOS, no ano de 1968. Ele se tornou um clássico cult e, ainda hoje, inspira autores e roteiristas quando o assunto é zumbis. O livro romanceado foi escrito na década de 70 por Russo e conquistou tantos leitores, que também foi considerado um clássico, assim como a produção cinematográfica.

No primeiro romance, A NOITE DOS MORTOS-VIVOS, conhecemos Barbara e Johnny, irmãos que estão viajando para levar uma coroa de flores ao túmulo do pai; porém, são atacados por um ser estranho e deformado que mata o rapaz, mas Barbara consegue escapar e vai buscar socorro. Em estado de choque, a garota se refugia numa casa de campo, onde, mais tarde, aparece Ben, um homem que também está fugindo do ataque zumbi e vai fazer de tudo para protegê-los. A narrativa é cheia de ação e cenas tensas, que deixam o leitor ansioso pelas páginas seguintes. Nessa primeira parte, o autor tem maior foco em mostrar como as pessoas lidam com o medo, o desespero, mediante situações tão perigosas; alguns se tornam extremamente egoístas e traiçoeiros, preocupados somente com a própria sobrevivência, enquanto outros entram em estado de choque e negam o que está diante de seus olhos. Então, as relações interpessoais têm maior peso e alteram completamente o rumo da trama.

Já na sequência, A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS, tudo se passa dez anos depois do primeiro episódio de apocalipse zumbi. Aparentemente, tudo voltou à normalidade, como se aqueles seres deformados e canibais nunca tivessem existido. Até que ocorre um acidente de ônibus e várias pessoas morrem e retornam à vida e cadáveres de necrotérios se levantam famintos. Assim, o pandemônio começa novamente e pessoas se aproveitam da situação para saquear casas e lojas, estuprar mulheres e matar. O autor explora o lado mais bárbaro do ser humano, suas falhas de caráter e a maldade que praticam em momentos oportunos. Justamente por isso, foi a história que me deixou mais enojada, muito mais desconfortável que toda a matança zumbi, ainda mais quando paramos para pensar que isso acontece até hoje, infelizmente.

Diferente do que muitos pensam, o autor não fala apenas de apocalipse e ataques zumbis, ele vai muito além, criando situações de extremo caos que despertam o lado mais obscuro do ser humano através do medo e do instinto de sobrevivência. Ele explora tudo isso com cenários de pura tensão e vários plot twists que nos deixam estarrecidos. Ao finalizar a leitura, precisei parar para refletir a fim de compreender o sentido de tudo o que havia lido e as reflexões elaboradas por Russo.

Finalizo a resenha com esse trecho marcante do livro:

Pense em todas as pessoas que já viveram e morreram e que nunca mais verão as árvores, a grama ou o sol. Tudo parece tão breve, tão… inútil, não é? Viver um pouquinho e depois morrer? Tudo parece resultar em nada. Ainda assim, de certa forma, é fácil invejar os mortos. Eles estão além da vida, além da morte. Têm sorte de estarem mortos, de terem feito as pazes com a morte e não precisarem mais viver. Estão debaixo da terra, alheios… alheios ao sofrimento, alheios ao medo de morrer. Não precisam mais viver, nem morrer, nem sentir dor, nem conquistar nada. Ou saber qual é o próximo passo, e se perguntar como seria enfrentar a morte

CINCO CURIOSIDADES

UM: O roteiro de John Russo e George Romero foi o primeiro a conceituar os seres humanóides como devoradores de carne humana;

DOIS: Romero decidiu colocar um ator negro como protagonista do filme A NOITE DOS MORTOS-VIVOS para simbolizar a tensão naquele período político, devido às lutas raciais nos EUA;

TRÊS: Foi nesse mesmo roteiro que foi instaurado o conceito de que zumbis só morrem com ferimentos na cabeça e que humanos podem virar zumbis se forem feridos por eles;

QUATRO: Michael Jackson se inspirou na obra de John Russo para montar seu clip mais famoso, THRILLER;

CINCO: O sangue usado nas filmagens nada mais era que um chocolate da época da marca Bosco.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: John RUSSO é roteirista, escritor e diretor, conhecido por sua participação na obra seminal de George Romero A Noite dos Mortos Vivos (1968). Escreveu os roteiros para Midnight (1982), filme que também dirigiu; The Return of the Living Dead (1985); e Night og the Living Dead (1990).
TRADUÇÃO: Lucas MAGDIEL
EDITORA: Darkside
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 256


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