O fato de nós estarmos vivendo na era dos remakes e das continuações não é surpresa para ninguém, porém será que só teremos isso daqui para a frente? Estamos aqui com um remake de BRINQUEDO ASSASSINO, o filme do Chuck, lembra? Aquele boneco ruivo, demoníaco, avô da Annabelle, que já assustou o público no final dos anos 80. E agora ele volta com o intuito de fazer apenas mais alguns milhões em bilheteria, perda de tempo total, bora descobrir o porquê?

A grande novidade do momento é o boneco Buddi. Ele é um produto perfeito para quem quer poder controlar toda a sua casa tecnologicamente, ele tem câmeras, sensores, ele fala e tem uma inteligência artificial, tornando-se, realmente, um amigo para seu dono. Andy é um menino solitário que acaba ganhando de presente esse boneco, e juntos, eles se tornam grandes amigos. Porém o boneco de Andy é peculiar; primeiro ele veio de uma devolução da loja, a primeira cliente reclamou que o boneco emitia um brilho vermelho estranho nos olhos, e sem falar que ele parece não ter limites para o aprendizado. Ele pode falar palavrões, pode ser possessivo e até mesmo violento. Agora Andy parece correr perigo e as coisas pioram quando sua mãe arruma um novo namorado.

O filme é um remake atualizado para os dias de hoje, o esquema central do boneco é totalmente tecnológico. Ele controla aparelhos eletrônicos, ele fala, ele entende o que falam para ele, ele tem expressões faciais, ele anda sozinho e também faz tarefas pela casa. Some a isso a aparência do boneco extremamente bizarra, fora que a forma que o filme faz ele funcionar é muito estranha. O roteiro cria uma barreira enorme entre a trama e o espectador, não dá para se importar com nada, nada é desenvolvido com força, os personagens são unidimensionais, esse universo que os cercam é muito fraco e tudo, tudo que envolve esse boneco é muito tosco.

É uma tecnologia tão esquisita, que o espectador, a todo o momento, se pergunta porque alguém iria comprar aquilo. Claro que existem coisas similares hoje em dia, porém o filme insere essa novidade de maneira tão porca, que tudo no final fica inverossímil. O boneco de Andy é especial, isso já ficou claro, porém a burrice dos personagens é algo a ser destacado. Eles aceitam qualquer coisa que o boneco faz, os seus atos não parecem ter consequências, a motivação é muito baixa e seus desfechos beiram ao ridículo. E o filme ainda presenteia o espectador com uma enxurrada de coincidências que são nada mais nada menos que muletas para sustentar esse roteiro pra lá de amador.

A ideia central gira em torno do boneco ser assustador, porém Chuck é uma chacota ambulante. Os efeitos visuais que criam esse demônio são tudo, menos bons. O design do boneco é feio, esquisito, irreal e ainda por cima plastificado. E quando o boneco fala, as coisas só pioram, um autêntico show de horror que assusta mais do que as cenas pesadas do filme.

Estrelando a produção temos o ator mirim Gabriel Bateman que é a melhor coisa do filme. O seu personagem é o único que recebe algum cuidado do roteiro e o seu desenvolvimento é válido. Ele convence sendo um jovem solitário, portador de necessidades especiais e entrega no final um interessante amadurecimento interno. A sua mãe jovem é vivida pela atriz Aubrey Plaza, que não convence no papel de mãe, ela parece mais uma irmã do menino e a coitada da atriz está aqui apenas para ser escada de macho. Ela só existe para falar com algum homem, namorar algum homem ou ser espiada por algum homem. Talento desperdiçado pelo roteiro.

Um filme facilmente esquecível e inútil, que não traz novidade para o gênero, não faz uso da criatividade e no final seu destino é um eterno afogamento no mar do clichê. Aquele tipo de filme que será esquecido em poucos meses. A direção nos entrega um dos filmes mais irreais do ano, a imersão aqui é impossível. A falsidade em tela é tão grande que chega a dar vergonha alheia. Se não fosse pelo elenco esforçado e algumas interessantes cenas de morte gráficas, teríamos um projeto totalmente descartável.


AVALIAÇAO:


DIREÇAO: Lars KLEVBERG
DISTRIBUIÇAO: Imagem Filme
DURAÇAO: 1 hora e 30 minutos
ELENCO: Aubrey PLAZA, Gabriel BATEMAN e Mark HAMILL




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